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Sobre roedores com sobrepeso, se desacostumar das pessoas e SMS's friamente calculados.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

No domingo passado enquanto eu comia um pastel e bebia um suco sozinho na lanchonete perto de casa sentado em uma mesinha bem escondida nos fundos, fiquei lembrando por quantas situações ridículas a minha carência afetiva já me fez passar, atitudes impensadas e infantis que tomei, apenas para chamar a atenção das pessoas para mim. Mais especificamente estava
lembrando um episódio em especial:
Não me lembro mais exatamente em qual final de ano foi, se 2007 ou 2008, já não me importa mais, mas eu estava indo a um churrasco na casa do tio de um amigo meu (sem vontade nenhuma, diga-se de passagem), enquanto pensava em outro amigo a quem era muito apegado. No que estaria fazendo, com quem estaria, por que estava falando cada vez menos comigo. Esses pensamentos não saíam de minha cabeça durante todo o trajeto e me incomodavam cada vez mais, pois é da minha natureza odiar ser ignorado quando quero atenção. Já melhorei isso e hoje não levo mais a extremos, é algo que agora ainda me incomoda, mas pouco, todavia antigamente me deixava transtornado.
O que eu sei é que precisava ter contato com ele, interagir, precisava que ele me desse cinco segundos de atenção fosse como fosse, precisasse eu fazer o que quer que fosse. Então fiz, peguei o celular e pensei: “Bem, não posso simplesmente ligar pra ele e dizer que quero conversar um pouco, que só quero alguns minutos de atenção. Também não posso enviar um SMS pra ele dizendo algo do tipo. Só sei que tudo o que quero é que ele interaja comigo um pouco, que preencha esse vazio”. De todas as idéias idiotas possíveis eu tive então a mais imbecil delas: “Por que não simular um torpedo-engano? Eu vou enviar um SMS pra ele como se fosse para outra pessoa, ele não vai entender nada e ficará curioso, então vai responder minha mensagem perguntando o que houve e isso pra mim já será suficiente, eu o terei forçado a trocar alguns SMS comigo sem que ele perceba ou que pareça que estou necessitado dele”.


Redigi então, enquanto caminhava, a mensagem como se fosse para uma garota, teci alguns elogios e acho que até mandei um beijo, em seguida enviei para o número dele esperando sua resposta, a qual não demorou nem cinco minutos para chegar. Como eu previa, ele me respondeu confuso, me perguntando se aquela mensagem era mesmo pra ele ou se eu havia me enganado, ele até brincou um pouco na resposta.
Eu logicamente todo satisfeito por ele ter me respondido, representei meu papel muito bem, demonstrando espanto e vergonha por ter lhe mandado aquele SMS “equivocado”. Lhe disse que era pra um garota e que por engano eu havia enviado pra ele, já que seus nomes estariam próximos na minha agenda do celular. Colou? Sim. Consegui o meu intuito? Sim, pois de uma forma ou de outra ele trocou algumas mensagens comigo e isso foi o suficiente para que eu me desse por satisfeito pelo menos nesse dia. Se fui um completo idiota? Sim, com certeza!
Se você é um pessoa que é dotada de um mínimo de bom senso e inteligência, faz auto-análises periódicas, chega uma hora em que você se cansa de si mesmo. Quando se chega a esse ponto, tem-se duas opções: ou você se suicida ou percebe como está se autodestruindo e decide mudar. Acabei escolhendo a segunda opção e hoje, apesar de ainda ser carente, já não exponho isso de forma tão explícita, além de conseguir enxergar o papel ridículo ao qual me prestei não só nos últimos anos, mas durante toda a minha vida, ansiando por ser especial para várias pessoas. Hoje tenho contatos em meu celular apenas para fazer volume, para deixá-lo com uma cara bonitinha, mas não faço mais questão de telefonar ou entrar em contato de que forma seja, com mais da metade deles. Prefiro bancar o ridículo sem que ninguém possa ver.


Notei que realmente me desacostumei a sair com pessoas, lidar com elas, depois que decidi dar um tempo de todo mundo. Não chego a fazer um esforço sobre-humano para me socializar, mas não consigo mais me sentir confortável em nenhuma situação que envolva grupos de pessoas. Isso não acontece no meu trabalho ou no curso, é diferente, pois estou nesses lugares para trabalhar e estudar, não me são cobrados interação social demasiada, opiniões, não tenho que buscar assunto para nada, apenas fazer o que preciso fazer. Digo que fico desconfortável em situações sociais, aniversários, lanchonetes, festas. Os anos vão passando, eu vou mudando, melhorando algumas coisas, piorando outras, mas entra dia, sai dia eu continuo  me sentindo parte de nada, ligado a nada.
Essa sensação ruim não me paralisa mais, não deixo de ir a lugares, ter experiências novas, conhecer pessoas, mas evito vez ou outra, quando me sinto cansado demais para fingir que sou apenas mais um junto com todos, quando na verdade sou apenas mais um perdido no meio de todos. Sou não, me sinto. Até recentemente eu saía muito com minha prima Alessandra e adorava cada segundo, mas ela se mudou de cidade e agora só saio vez ou outra com meu amigo Adriano. 
Confirmei o fato de que sou uma dessas pessoas de um amigo só. Posso até conviver com grupos de amigos, mas é da minha personalidade gostar de ter apenas um. Em certa ocasião um colega me disse que não conseguia lidar com grupos de amigos porque não conseguia dispensar o mesmo carinho e atenção a todos e isso o incomodava demais, ele preferia também ser amigo de apenas uma pessoa. Posso dizer hoje que sei como é isso, na verdade sempre soube que sou assim, mas agora posso afirmar com certeza. Resta saber agora se isso é uma prova de que eu não preciso de muito ou se eu sou realmente sou anti-social.


Essa semana que se passou foi uma semana de luto para nós lá na empresa. O nosso peixe Highlander amanheceu morto no fundo do aquário. Na verdade ele morreu uns três dias antes da gente notar o corpinho dele lá, mas também ele sempre foi muito discreto, vivia na caverninha dele e fazia quase nenhum barulho. Vez ou outra o víamos chupando as pedrinhas do fundo, mas era raro. Chamávamos ele de Highlander justamente porque ele parecia ser parente do mesmo. Entra mês, sai mês, água suja, água limpa, lá estava ele vivinho da silva, bem, mais morto em vida do que vivo, mas tá valendo. Tenho pra mim que ele morreu de tédio ou desgosto, já que ficar sozinho naquele aquário olhando a rotina de uma empresa com certeza deve ser um pé no saco. Fizemos um funeral bonito pra ele no final, limpamos o aquário, pegamos o corpinho dele com um redinha e demos nosso último adeus jogando-o vaso sanitário abaixo e dando descarga. Foi melhor assim, pois ele está agora junto de seus ancestrais, nadando em águas cristalinas em um lugar de paz.
Com a morte de Highlander passamos agora a nos preocuparmos (ou não) com o bem estar do nosso segundo mascote, nosso pequeno hamster Neeno (embora eu goste de chamá-lo de Durvalino). Ele tem comido salgadinhos demais e está com sobrepeso, muito sobrepeso na verdade. Outro dia desses o colocamos em sua bolinha pra fazer ele dar uma volta pela empresa, esticar um pouco suas patinhas obesas e ele só conseguiu rolar por uns 3 minutos ou menos. Eu particularmente acho que é a glândula tireóide ou algum tipo de disfunção alimentar, mas isso quem vai dizer é o veterinário. Ele também anda com bastante dificuldades pra correr em sua rodinha, mas aí eu já acho que é tédio como no caso do Highlander e não gordura, afinal é preciso ser muito idiota pra ficar correndo feito um louco sem sair do lugar, embora confesso, o ajudaria na perda de tecido adiposo. Outro dia o encontramos desmaiado de calor no canto da jaulinha dele e claro que registramos o acontecido (vide foto). Não sabemos ao certo a idade dele, mas estamos cogitando pagar um plano de saúde veterinário pra ele ou caso saia mais barato, além da rodinha colocar uma bicicleta ergométrica na jaulinha. 


Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática e trabalha como designer e web designer. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


2 Divagações

  1. Espero que o hamster fique bem :/
    Eu tive muitos peixes (também tive hamsters). Todos morreram :/
    Eu acho que hamster não vive muito tempo não, pode ser obesidade mesmo, rs

    Às vezes eu evito sair pra festas, porque eu não me sinto bem muitas vezes, quando eu tou arrodeado de pessoas fúteis principalmente.

    Tenho problema de carência também, mas só no meu ambiente de faculdade, em que eu não tenho nenhum amigo, apenas 'colegas' que vejo todo dia. Sinto falta de amizade de colégio.

    Sobre seu comentário no meu blog..., eu tb preciso comprar uma câmera boa, só resta ter dinheiro pra comprar, rs

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  2. Ola Edu, seu blog ta diferente ou meu pc esta com problemas? Parece estar diferente.

    É cara, esses nossos momentos de solidão sempre nos fazem lembrar desses momentos embaraçosos de nossa vida, eu particularmente odeio ficar sozinho só pensando, pois sempre que faço isso, sempre sou pego por pensamentos que me angustiam, é realmente curioso, pelo menos eu, quando estou sozinho assim só pensando, é raro conseguir pensar em coisas boas, confesso que até tento, mas logo sou pego por uma avalanche de pensamentos frustrantes, por isso, fujo desses momentos.

    Cara, eu ri aqui dessa sua história, de querer chamar atenção desse seu colega, cara foi feio mesmo, mas te entendo, a carência é algo difícil de se lidar, quem nunca pagou de ridículo pelo menos uma vez na vida que atire a primeira pedra. Mas o bom de vc lembrar dessas situações, é que vc tira grande lições delas e percebe o quanto mudou.

    Mas o fato é que quanto mas esforços fazemos para agradar alguém, mas somos desprezados, por isso sou da seguinte opinião, se for pra gostar de mim, vai gostar naturalmente, pq eu não vou fazer nenhum esforço para que as pessoas me aceitem ou gostem de mim, e assim eu tenho vivido muito bem.

    Cara, sinceramente também sempre fui de poucos amigos, nunca fui de andar em grupos, bandos e coisa e tal, sempre preferi um, dois amigos, 3 no máximo, e sempre me basto, acho que isso não tem haver com ser ante-social, acho que é mas características da nossa personalidade mesmo.

    grande abraço

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