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Sobre pedaços bonitos de papel, velhos pedófilos de saco vermelho e mata cerrada.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Vejo eu que hoje em dia, para que a maioria dos adolescentes aja como retardados mentais não é preciso usar drogas, basta que eles sejam eles mesmos, agindo naturalmente. Bom, alguns adultos também, mas isso não vem ao caso agora.
Não vou mentir e dizer que estou satisfeito com o curso de web designer que estou fazendo no SENAI. Não estou pagando um centavo por ser bolsista, mas sou obrigado a dizer que para um curso pago ele é bem abaixo das expectativas. Queria ter feito um curso do qual eu saísse me sentindo preparado para essa área do mercado de trabalho e não foi isso que aconteceu. Faltam duas semanas para as aulas acabarem e eu não aprendi nem a metade do que queria. Lógico que aprendi coisas bem interessantes sim, as quais vêm me ajudando muito, além do que, você ser um designer de qualquer cousa ou um web designer, acho que envolve 80% de criação e talento, por centos mais, por centos menos. Mas o que tem me irritado muito, muito mesmo são os alunos, em sua maioria adolescentes, rapazes e sem nada na cabeça que apesar dos pais estarem bancando o curso pra eles, só querem saber de gargalhar das próprias piadas sem graça e atrasar a aula. Conteúdo que o professor poderia explicar em cinco minutos, demora vinte, por causa de interrupções e mais interrupções causadas por esses jovens, que mais deveriam é morrer ou ao menos sofrer bastante.
Não é de hoje que venho refletindo muito sobre o fato de eu precisar fazer uma faculdade. Apesar de todo o meu talento e principalmente do meu carisma único, não tenho diploma de curso superior e isso conta muito na empresa hoje em dia. Os empregadores não estão nem aí se você tem talento ou força de vontade, se você não tiver um pedaço de papel bonito dizendo que você é apto a fazer aquilo, fica sem a vaga. Coisas do mundo moderno.
Entretanto tenho um defeito gravíssimo que me acompanha desde que eu me conheço por gente, que é o de odiar estudar. Nunca repeti um ano sequer, mas sempre tive notas medianas e estudava apenas para passar nas provas, decorava, logo depois esquecia tudo. Nunca me passou pela cabeça estudar para aprender a matéria, pra mim, bastava conseguir a nota que eu precisava para ser aprovado naquele ano e estava ótimo. Hoje isso se tornou um costume, não consigo estudar, não tenho paciência, chego a passar mal depois de meia hora tentando entender alguma coisa. Só que o problema é que sem estudar não se entra em faculdade alguma e sem faculdade, conseguir um emprego de ótima remuneração é complicado, mas com minha vontade de estudar em férias permanentes não posso reclamar por minha situação estar como está.


Meu Deus, mais um ano passou voando. Desde o final de outubro as lojas tem colocado sua decoração natalina e isso só serve pra me deixar deprimido. Foi-se o tempo em que eu amava sair à noite no centro e curtir as luzinhas piscantes, o milho cozido e a aglomeração de pobres se acotovelando dentro das lojas pra aproveitarem as ofertas de final de ano. Hoje quero distância disso tudo, nem mesmo em festinha de amigo-oculto da família eu vou mais, não vejo graça. Nunca fui fã do Papai Noel e hoje com o mundo como está, ele não é nada pra mim além de um velho tarado, pedófilo, de saco vermelho, alisador de pintos de efebos.
Como esse ano estou mais calmo, pode ser que participe de uma festividade ou outra, dê uns abraços falsos de ano novo e coma bastante, mas nada me tira a sensação de tempo passando mais rápido do que eu posso administrá-lo, ou melhor, descobrir como administrá-lo, pois como sempre digo aqui, não faço a mais vaga idéia do que quero fazer da minha vida.
Quero trabalhar mesmo com artes? Quero ser um web designer? Quero mesmo me aperfeiçoar? Não sei, não sei de nada, no final das contas estou igual ao Zeca Pagodinho, deixando a vida me levar, o que é errado eu sei. Não estou parado ou apático, estou buscando coisas, mas as estou buscando sem nem mesmo saber se as quero.
Pode parecer derrotismo, mas eu não tenho o desejo de ter reconhecimento pessoal, sucesso na carreira ou um nome a zelar, basta pra mim que eu tenha dinheiro suficiente todos os meses para suprir minhas necessidades. Lógico que queria ganhar um excelente salário, que me sobrasse o suficiente para fazer boas economias e ter uma vida melhor, mas se eu puder passar o resto da minha vida sossegado no meu canto, sem ser destaque de nada pra mim está ótimo. Não consigo compreender a necessidade que algumas pessoas tem de terem uma carreira consolidada, serem famosos, requisitados e pessoas importantes para a sociedade. Para se ser assim não é preciso querer, com certeza a Madre Tereza, Ghandi, entre outras personalidades mundialmente conhecidas, o ficaram sem querer. Fizeram sim a parte delas pra contribuir para um mundo melhor, mas com absoluta certeza queriam fazer isso quietinhos do seu canto. Mas a verdade é que querendo eu ou não, a cada dia que passa, uma faculdade está se tornando uma necessidade e não uma opção.


Você já sabe o que vai fazer com seu décimo terceiro, seja ele parcelado ou integral? Bom, eu sei, queria viajar, comprar roupas, uma figura de ação linda do Robocop que vi no shopping, mas vou simplesmente dar todo o meu benefício à outras pessoas. Bondoso eu Né? Vou dar um pouco pra companhia de água e esgoto, pra de energia elétrica, pra empresa de telefone e pagar meu colchão mega confortável que comprei sem entrada. Passarei o final de ano pagando contas e contas, uma atrás da outra, mas conformei-me que é a vida é assim. Talvez com o que sobrar eu me compre um presentinho, já que eu mereço, mas algo barato, nem que seja uma caixa de bis de limão.
Pretendo assim  que possível fazer uma caminhada ecológica aqui no jardim botânico da cidade. Acho que a última vez que fui, foi há meses atrás, quando minha prima Alessandra ainda morava aqui em Bauru. Depois disso, tempo e oportunidades eu tive, só me faltou mesmo disposição, pois o jardim botânico é lá onde o Judas perdeu as botas, perto da estrada e mesmo indo de ônibus é uma pequena viagem de quase 30 minutos. Se, e esse é um SE bem grande, eu tiver coragem e estiver me sentindo bem após a trilha, posso até voltar todo o caminho a pé até o centro da cidade, o que é uma caminhada de quase duas horas ininterruptas. Algumas pessoas quando precisam extravasar, se cortam com gilete, já eu, caminho até meus pés sangrarem. É bem mais prático e a dor não é imediata. Além do que, tenho uma barriga imensa pra perder e uma preguiça enorme de entrar em academias, embora eu precise desesperadamente. Com o sol de 40º que vai estar fazendo no dia do meu passeio, com certeza devo perder alguns quilos caminhando como quero caminhar.


Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática e trabalha como designer e web designer. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


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