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Opiniões: O divino direito de falar merda (ou Porque religiosos não entendem nada sobre gays)

domingo, 8 de janeiro de 2012



Uma das cousas que quero fazer mais esse ano aqui no blog é divulgar textos de outras pessoas (com os devidos créditos é claro) os quais ache de relevância. E navegando no domingo pela rede, vi no Facebook uma chamada para um texto muito interessante do Blog do @delucca (William De Lucca Martinez). Polêmico, mas muito interessante. E como disse meu amigo Giovani no Facebook: " Eu luto por qualquer causa que mereça defesa. Direitos dos LGBT estão inclusos na lista." Então segue o texto abaixo:




O que se pede de um grupo de pessoas que participa de um debate? Quando é descompromissado, um debate pode envolver qualquer pessoa, de qualquer formação ou grau de instrução. Aquele bate-papo de bar, de ponto de ônibus, onde cada um fala o que quer, sem compromisso nenhum com a veracidade ou a coerência dos argumentos. Mas, o que se pede em um debate técnico, científico?

De acordo com o zoólogo, etnólogo e evolucionista inglês, Richard Dawkins, nossa sociedade se acostumou, de maneira muito cordial, com o fato de que as visões religiosas teriam algum direito automático e indiscutível a uma posição respeitável.




“Se eu quiser que alguém respeite meus pontos de vista sobre política, ciência e arte, terei que conquistar esse respeito por meio da argumentação, da justificação, da eloqüência ou do conhecimento relevante, (…) Porque não há limites para as opiniões religiosas? Por que nós temos que respeitá-las pela simples razão de que elas são religiosas?”, questiona o cientista.

A questão é muito relevante para o atual momento brasileiro. Por que pastores, padres e outros religiosos têm suas opiniões (ou dogmas) religiosas e validadas em áreas como psicologia, psiquiatria, sociologia e direito? Por que eles têm o direito (arduamente conquistado por outros) de debater em temas como direito dos homossexuais, casamento gay, leis contra a homofobia, se eles não tem os conhecimentos exigidos para discutir sobre os assuntos?

Em relação à homossexualidade, as opiniões de religiosos são especialmente levadas a sério. Pastores oferecem ‘curas e conversões’ de orientação sexual, mesmo que a psicologia e a psiquiatria garantam (com embasamento científico) de que orientação sexual é um processo complexo e não é passível de alteração. A Organização Mundial de Saúde, os conselhos federais de Medicina e de Psicologia, além de outras diversas entidades, proíbem tratamentos para mudança de orientação sexual, por não existir NENHUM indício em relação da eficácia dos mesmos, e que eles podem causar danos psicológicos severos.

Por que pastores, padres e outros religiosos têm de participar de mesas redondas, debates e comissões legislativas sobre casamento e união civil entre pessoas do mesmo sexo, se o único argumento e conhecimento para negar estes direitos são bíblicos e teológicos. Se as igrejas não são a favor a uniões entre gays, simplesmente não as celebrem, já que cada religião tem o direito de seguir os dogmas que achem mais convenientes. Mas a crença nestes dogmas não torna um religioso mais competente para discutir direitos constitucionais do que um pedreiro, um mecânico ou um engenheiro químico.

Em um país onde o fundamentalismo e o proselitismo religioso crescem assustadoramente e se enraízam nos espaços de poder, este tipo de intervenção (ignorante, no meu ponto de vista) será cada vez mais freqüente, e precisa ser cada vez mais combatido. O direito das religiões termina quando começam os direitos humanos, e ninguém tem o direito de interferir na vida de outrem por conta de seus preceitos religiosos. A discussão teológica sobre homossexualidade e os direitos dos homossexuais são válidos, mas devem ser considerados APENAS no âmbito teológico, e não, no âmbito legal e político. Afinal, o Irã (graças a deus), é bem longe daqui.



Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática e trabalha como designer e web designer. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.



3 Divagações

  1. Cara, eu acho que a opinião religiosa não é contestada justamente pq esta pautada na biblia, e as pessoas em sua maioria tem a biblia como uma bússola espirital algo sagrado.
    Na verdade desde tempos antigos a igreja exerce esse papel na sociedade, e acredito que isso não mudará.

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  2. Orgulhosamente programei uma 'chamada' para este ótimo artigo no novo site dos Blogueiros do Brasil. O post será publicado dia 11/01/12 às 12h .


    Abraços cordiais.

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Muito obrigado por comentar. Sendo contra ou a favor de minhas opiniões, as suas são muito interessantes para mim. Tenha certeza!