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Sobre se dopar levemente, tentações calóricas em faculdades desertas e pirócas gigantes e potentes.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Começo essa postagem dizendo que hoje, finalmente já consigo perceber que não são apenas as coisas pelas quais passamos que nos fazem amadurecer, não apenas nossos problemas e desafios, mas também os das outras pessoas, qualquer pessoa de um modo geral, mas principalmente as pessoas que amamos.
Eu estive muito deprimido nos últimos dias, revoltado, com vontade de chorar a todo o momento, cheguei até a escrever um longo
texto, muito agressivo e pessimista para postar aqui hoje, como sempre, reclamando da minha solidão, do quanto sou carente e de como as pessoas não estão nem aí pra isso. Como sempre, mais do mesmo. Não que eu não seja carente e não me sinta solitário, mas é fato que tenho propensão a dramatizar as coisas ao extremo quando estou deprimido, daquele tipo “ninguém me ama, ninguém me quer, todo mundo me detesta”, afirmações que, se eu parar para analisar, não são de todo verdadeiras.
Permaneci nesse estado até quarta-feira a noite, quando depois de chegar em casa estressado e magoado com o mundo e as pessoas cruéis, tomei um banho, me masturbei e saí pra beber uma cerveja na lanchonete. Não sou do tipo que bebe até desmaiar para afogar as magoas, pois acho isso bem idiota, mas quando estou enraivecido ou revoltado, gosto de tomar uma cerveja e comer dois pasteis. Uma cerveja já é o suficiente para me deixar levemente dopado e mais relaxado (sim, sou fraco pra bebidas alcoólicas). Voltei pra casa mais calmo, mas ainda revoltado, refletindo sobre o quanto todo mundo é egoísta e não se importa comigo nas horas que eu mais necessito, liguei o computador e comecei a conversar com um amigo muito querido, daqueles que você mata e morre por ele e descobri que ele está passando por uma situação pessoal bastante difícil e que isso o está deixando destruído por dentro. Eu o ouvi, tentei apoiá-lo da melhor forma possível (embora saiba que nessas horas, palavras de apoio ajudam bem pouco) e conforme ele ia falando eu pude notar o esforço que ele estava fazendo para não desabar, para parecer bem, conversávamos pela webcam, então eu pude ver seu rosto, seu semblante cansado. De repente notei que quanto mais ele falava e mais eu me compadecia de seu problema, mais calmo eu ia ficando em relação ao meu, menor ele parecia. Eu estava bancando o abandonado revoltado, enquanto ele enfrentava algo muito mais grave do que isso. De repente toda a ira, toda a raiva, toda a revolta, foi dando lugar a uma compaixão e a um amor muito grandes, uma vontade de fazer o que quer que esteja ao meu alcance para ajudá-lo. Pude ver o quanto eu vinha sendo egoísta nos últimos dias, pensando apenas em quão abandonado eu estava, enquanto ele precisava de mim e eu não estava lá... mais uma vez.
Independente de sermos pessoas boas ou más, é da nossa natureza, sem exceção, sermos competitivos, inclusive em se tratando de nossas dores e problemas. Estamos sempre competindo uns com os outros para ver quem é que sofre mais, quem batalha mais, quem se esforça mais, quem merece mais. Não o fazemos por mal, o fazemos porque em verdade, por mais que pareça que não, por mais que sua família, seu namorado ou namorada, seus amigos, que as pessoas ao seu redor façam parecer que não, cada um de nós é sozinho em suas dores e seus problemas, uma multidão de milhões de pessoas vendadas, tateando no escuro procurando apoio e um caminho seguro no outro. Por isso eu dedico essa parte do meu texto ao meu amigo e lhe peço perdão, pois por mais que eu viva prometendo a ele que estou aqui por ele, por mais que eu diga que quero ajudá-lo e apoiá-lo, estou sempre metendo os pés pelas mãos e falhando de formas absurdas, decepcionando-o a cada dia com meu jeito de ser, por não estar lá para ele como vivo prometendo estar, nas horas em que ele precisar de mim.


Meus projetos no trabalho estão indo de vento em popa, embora ainda não tenha nenhum concluído. Não por minha culpa, é claro, trabalhar com design, criação e afins não é somente abrir seu Photoshop, criar algo bonito e pronto, seu trabalho passa por varias analises, muitas vezes precisa ser revisado, sofrer alterações, etc. É quase como lapidar um diamante bruto até deixá-lo atrativo aos olhos de quem interessa, mas tirando toda a parte burocrática da cousa, que é perfeitamente comum e normal e alguns contratempos temporários, de resto as coisas vão fluindo como devem fluir. Estamos prestes a finalizar a revista anual da faculdade, edição 2012, eu tive a honra de diagramar algumas paginas importantes dela e é certeza que até agosto ela já vai estar circulando pelo campus. Além disso, também estou encarregado de diagramar um folder com todos os cursos oferecidos e criar a identidade visual de um encontro de corais que irá se realizar em setembro próximo, cartazes, convites, faixas e o hotsite (site quente). Estou desenvolvendo grandes poderes e com grandes poderes vem grandes responsabilidades (só os nerds entenderão).
Passei a me alimentar bem melhor com a comida do restaurante da faculdade. Não que a comida de minha tia seja ruim, muito pelo contrario, mas quebrar quaisquer partes de sua rotina, inclusive onde e o que você costuma comer, melhora até seu psicológico e abre o apetite. Todos os dias temos um prato diferente e podemos nos servir a vontade com as melhores iguarias disponíveis, vários tipos de saladas, arroz, molhos e as mais diversas misturas, tudo muito bem feito. O melhor de tudo é o fato de eu poder me gabar silenciosamente pois, como funcionário eu poder comer tudo isso gratuitamente, enquanto os visitantes de fora são obrigados a pagar pelo alimento ofertado. Sei que se gabar é errôneo, mas para uma pessoa como eu, possuidor de um enorme complexo de inferioridade, se gabar por coisas insignificantes faz parte. Além de estar comendo melhor, almoçar na faculdade esta gerando uma boa economia em casa, já que minha tia agora só precisa cozer alimentos para duas pessoas. O que eu preciso agora é parar de ceder a tentação de ficar todos os dias comprando salgados calóricos na cantina, pois sou sedentário e mesmo indo e voltando a pé todos os dias do trabalho, minha barriga não quer sumir mais. Tudo é obesidade e toda a obesidade vem do desejo de não sentirmo-nos obesos.
Como estamos no período de férias escolares a faculdade está um sossego só, da hora que se chega até o final do expediente. Corredores e pátio desertos, banheiros quase limpos, sem corre-corre, algazarra, barulho, tirando dois ou três gatos pingados CDF`s, que não conseguem parar de estudar nem nas ferias e as aproveitam para colocar os trabalhos e os estudos em dia e ensaios esporádicos do coral da terceira idade, que confesso até me relaxam. Sei que essa paz não vai durar muito, pois infelizmente os alunos terão de regressar para darem continuidade ao seu aprendizado, mas faz parte. Devo então aproveitar essa calmaria toda o máximo que puder, para poder me concentrar em meus afazeres e também poder me fartar com a comida do restaurante, que tem sobrado em maior quantidade.

Eu citei os banheiros da faculdade né? Pois é, sabem que até o presente momento, depois de já estar vivo por quase trinta e seis anos (completo exatos trinta e seis em agosto próximo) eu ainda não consigo entender a relação entre os banheiros masculinos, os homens e a sua total inabilidade em usá-los de forma correta, higiênica e educada. Não importa onde eu vá me aliviar, seja em barzinhos, no shopping Center, no supermercado ou na faculdade, sempre saio do interior do W.C com aquela sensação de que estive em um cenário de filme ou jogos de terror, como Silent Hill.
Não importa o tamanho do vaso sanitário ou do mictório, não importa o quão largo seja o diâmetro deles, você vê poças grotescas de urina em todos os cantos do banheiro, pelo chão, esguichos nas paredes, menos onde ela realmente devia estar “urinada”, que é dentro do vaso. Isso é uma coisa que aumenta e diminui a minha auto-estima ao mesmo tempo, pois ou os caras são mais cegos do que eu, que sou obrigado a usar óculos desde os três anos de idade, e não conseguem enxergar a boca do vaso para mirar ou eu sou um coitado de pinto pequeno, já que pra mijar desse jeito, espalhando urina pelo banheiro todo, todos os outros caras do mundo devem ter uma piróca gigante e potente, impossível de se controlar. Rogo aos céus que seja a primeira hipótese.
Não me entra na cabeça qual é a dificuldade da pessoa em apertar a válvula da descarga após usar a privada. Esquecimento? “Nojinho” de por a mão? Outro dia desses fui ao banheiro na shopping e ao entrar no primeiro reservado, lá estava o vaso todo mijado, por dentro e por fora, exalando aquele cheirinho delicioso que embrulha o meu estômago só de lembrar. Por curiosidade, já que vi que não havia ninguém mais no banheiro, fui de reservado em reservado para ver se achava algum vaso limpo e nada, todos mijados, fedidos e com papel sujo caindo para fora do cesto. Caos total. Banheiros públicos de um modo geral me deixam excitado, é o tipo de ambiente que instiga a minha imaginação, mas o caso é que, só porque se tem uma mente suja, não se precisa ter costumes equivalentes.
Se encontrar o vaso sujo de urina já é algo que me deixa desconcertado, dar o azar de encontrar um premiado com o chamado “numero dois”, pra mim é o fim da picada, é o onze, numa escala de um à dez de Top Coisas Grotescas. É o tipo de ato que me faz pensar se a pessoa faz isso em casa também ou se ela é pelo menos alfabetizada, pois pra agir dessa forma, ser ignorante em todos os sentidos é para mim, requisito básico.
Bom, depois desse nauseante assunto vou terminando por aqui. Logo mais, no domingo às 03h15min da manhã estarei embarcando no ônibus que levará a mim e meus amigos para o tão aguardado evento Anime Friends 2012, no qual pretendo divertir-me a valer, aprontar altas confusões e bater dezenas de retratos para postar no meu Facebook depois. Desejem-me um excelente passeio.


Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática, trabalha como designer e diagramador. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


2 Divagações

  1. A cada post seu, descubro o quão eu me identifico com você em vários aspectos, seja referente ao complexo de inferioridade que, diga-se de passagem, eu tenho muito forte e atrapalha muito minha vida, e o "nojinho" desse tipo de lugar, como é o caso de banheiros público.

    Como você, eu também acho meio fetiche esse tipo de ambiente. Acho excitante ocupar um espaço com seres do mesmo sexo, fazendo as atividades mais primitivas pertencentes ao seres humanos. Será que eu sou doente, perturbado? Sei lá. Eu só sei que a cada dia que eu entro em seu blog eu descubro que o meu reflexo pode estar em vários lugares além do meu próprio espaço na internet.

    Obrigado, por me entreter e me fazer querer saber mais sobre você e seu cotidiano. Um dia escreverei igual a você!

    See You and good trip.

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    1. As pessoas são mais parecidas umas com as outras do que parecem Rapha, o caso é que todos tem muito medo de se mostrarem como são, juntamente porque acham que são únicos no mundo em sua forma de pensar. Também gosto muito do seu blog e cuidado, eu sou muito suscetível à elogios.

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Muito obrigado por comentar. Sendo contra ou a favor de minhas opiniões, as suas são muito interessantes para mim. Tenha certeza!