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Sobre uma possível distimia e seus sintomas confusos.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dia desses, durante uma conversa com um ex-professor meu que hoje vive em Berlim, ele me disse que, lendo minhas postagens no Facebook percebeu que eu talvez sofra de um distúrbio psicológico chamado distimia. Antes de prosseguir aqui com meu relato, seguem abaixo umas informações que retirei da Wikipédia sobre isso:

Distimia:

Transtorno distímico ou depressão crônica, mais conhecida como distimia, é um tipo de depressão que se caracteriza principalmente pela falta de prazer ou divertimento na vida e pelo constante sentimento de negatividade. Os sintomas da distimia se estendem por pelo menos dois anos. Ela se difere dos outros tipos de depressão pelos sintomas serem mais leves e contínuos.

Apesar de geralmente não privar o indivíduo de suas tarefas e obrigações, impede que ele desfrute a vida totalmente. A distimia também estende-se por um período muito maior que os episódios de distúrbios depressivos severos. Frequentemente, se percebe que pessoas distímicas são desanimadas e/ou muito regradas.

Sintomas:

O paciente com distimia:
  • apresenta baixa ou nenhuma auto-estima;
  • sente-se desmotivado;
  • possui constante sensação de falta de esperança e um sentimento de negatividade;
  • desinteresse ou perda do prazer pela maioria das suas atividades, ou perde totalmente o interesse em todas elas;
  • tem insônia ou dorme excessivamente;
  • apresenta perda de apetite ou alimentação exagerada;
  • tende ao isolamento, tem poucos amigos e vida social limitada;
  • apresenta sentimento de rejeição pelos outros;
  • sente uma falta de capacidade;
  • tem constante irritabilidade e/ou descontentamento;
  • O paciente também pode apresentar pensamentos suicidas e tendência para consumir drogas, álcool, e tabaco, aumentando a frequência e a quantidade consumida dessas substâncias se já as utilizar;
Vale ressaltar que, apesar de o paciente sentir todos ou alguns desses sintomas, a distimia geralmente não impede que ele continue vivendo sua vida normalmente (ou seja, ir ao emprego, à faculdade, etc.). Porém, percebe-se que pessoas distímicas reclamam demais, têm um pensamento negativista, a tendência ao pessimismo, uma sensação de que nada pode ajudar e relutância em fazer alguma coisa para mudar certas realidades indesejadas.

A distimia manifesta-se pela primeira vez, na maioria, das vezes em jovens solteiros abaixo dos 25 anos. Sua incidência é maior nas mulheres.

A distimia pode ser confundida com o transtorno de personalidade dependente e com outros transtornos de humor pela semelhança dos sintomas. Segundo Spanemberg, cerca de 50% dos pacientes não serão reconhecidos e cerca de 77% vão apresentar comorbidades.
Aulas de psicologia à parte, ele, depois de me explicar detalhadamente sobre a doença, recomendou-me buscar ajuda e me disse que medicação pode ajudar bastante nos sintomas. Pensei bastante na nossa conversa e pesquisei sobre a doença. Transtornos psicológicos são difíceis de diagnosticar, pois nem sempre você apresenta todos os exatos sintomas descritos. Vamos dizer que me identifico com mais de 80% dos sintomas, o que com certeza não é um bom sinal. Eu trabalho, pretendo cursar uma faculdade no ano que vem, mas estou sempre meio que ligado no automático, fazendo as coisas por fazer, sem empolgação, simplesmente porque a oportunidade surge na minha frente, as portas vão se abrindo e eu vou entrando sem pensar no que vou encontrar do outro lado, sem expectativas nenhuma. Por mais que eu saia, passeie, me divirta, tudo parece superficial e vazio, não por culpa das minhas companhias, mas minha, pois passo o tempo todo me sentindo uma vela apagada, como se estivesse à margem de tudo o que está acontecendo ao meu redor.

Como eu disse, fico confuso quanto ao que realmente me aflige, pois também dizem alguns que um dos sintomas da distimia é você não saber o porque está se sentindo triste ou deprimido, as pessoas lhe perguntam e você não sabe responder, mas o caso é que eu sei exatamente os motivos das minhas tristezas, sei cada um deles, desde que me entendo por gente até recentemente, só que as vezes é muito difícil colocar isso em palavras, sejam faladas ou escritas, as vezes vem aquela sensação de que não adianta fazer isso também, porque você sabe que mesmo que você se explique detalhadamente, justifique seus atos, seu comportamento, ainda assim as pessoas não vão entender, mesmo que elas digam que vão, pior, você sabe que por mais que você se explique, elas não vão saber te ajudar como você gostaria. Então, sabendo onde me dói e porque, fico na dúvida se realmente o que eu tenho é distimia, se deveria realmente procurar ajuda, tomar alguma medicação ou se simplesmente tudo se resolveria se eu, com muito esforço, passasse a encarar algumas coisas de forma diferente, aceitá-las de forma diferente.


Quem me conhece por alto ou há pouco tempo pode dizer: "Ah, isso é paranóia sua. Você não tem nada!", "falta de sexo", como já me disseram muitas vezes, mas quem realmente me conhece, quem realmente se importa, e são poucos, sabe que o buraco dos meus problemas é bem mais embaixo do que parece. O lado ruim é que mesmo sabendo, eles nada podem fazer para me ajudar. Outro dia mesmo o amigo blogueiro Levi Ventura, com quem muitas vezes divido meus problemas perguntou-me uma forma eficaz de me ajudar com eles, contudo, embora saiba da sua imensa boa vontade, tudo o que pude fazer foi responder o óbvio: "Nada!". E é geralmente nessas horas e após ouvir uma resposta como essa, que as pessoas perdem a paciência, se cansam, pois por mais que tentem, não conseguem entender o que há de errado com você e porque você pede ajuda, mas não aceita a que lhe oferecem. "O que afinal de contas você espera de mim?", é o que geralmente perguntam.
O problema de pessoas como eu, e acreditem, elas são milhares, se você não é uma delas, considere-se um afortunado, é que elas sabem exatamente o que querem da outra pessoa, o que, na cabeça delas, não é muito, mas ao mesmo tempo também sabem que, por mais que expliquem seus motivos, que exponham sua carência, que implorem, por natureza a outra pessoa não vai entender. E assim pessoas como eu seguem suas vidas aos tropeços, tentando desesperadamente  encontrar alguém que realmente as consigam enxergar como querem ser vistas, que realmente as compreendam, num mundo de pessoas que fazem pouco ou quase nenhum esforço para tentar entender o próximo.



Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática, trabalha como designer e diagramador. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.



13 Divagações

  1. Sabe Edu esse lance, de tomar medicamentos, ajuda pra caramba!
    Eu mesmo herdei a esquizofrenia, sou esquizofrênico e tomo alguns (vários) rsrsrsr remédios para me conter e "fingir" que sou normal!
    Mas ajuda mesmo, se hoje sou aceito pelas pessoas como "normal" é graças aos remédios detalhe todos 'tarja pretinha' manja?!?!? rsrsrs
    E olha se tiver que procurar ajuda profissional procure isso não te fará menos, mas te falar o melhor, pois quando temos problemas e não estamos bem de saúde tanto mental e física não podemos fazer nada por ninguém nem mesmo pela gente mesmo!
    Valeu!?!??!?!

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  2. P.S.: lembrei me é claro que uma noite de muito SEXO ANIMAL AJUDA BASTANTE ! KKKKKKKKKKK

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  3. Acho que seu professor pode estar certo. Esse seu desânimo já tinha chamado minha atenção. Acho que uma terapia ou tratamento pode te ajudar bastante mesmo.

    Desejo que as coisas deem certo pra vc.
    Abçs.

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    1. Pois é. Só não sei como achar um psiquiatra que caiba no meu bolso.

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  4. Olá Edu, nossa! Já mais imaginei que esse tipo de comportamento poderia ser oriundo de uma doença psicológica, tenho pessoas do meu convívio, que se encaixam perfeitamente em cada item citado aqui. Eu já desconfiava, tanto que já recomendei a essa pessoa do meu convívio procurar um psiquiatra, mas nunca tive muita certeza que se tratava de uma doença. Eu li o seu texto e foi como se meus olhos se abrissem, sempre achei que comportamentos desse tipo fossem algo ligado a personalidade, a forma de ver as coisas e tudo mais, nunca imaginei que fosse uma doença.

    Não sei se fiquei feliz, ou triste com essa descoberta (digo em relação a essa pessoa que conheço), mas pelo menos vou poder ajudar um pouco mais essa pessoa do meu convívio que muito estimo.


    É por isso que sempre estou por aqui, tem muito do seu mundo, no meu mundo, me identifico com muita coisa que vc posta, direta ou indiretamente.

    Forças Edu, sei que muito pouco, quase nada, mas estou aqui torcendo por vc abraços

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    1. Fico muito feliz quando as cousas que escrevo aqui, que a meus olhos parecem tão irrelevantes, incentivam vocês humanos a algo bom.

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  5. Oi....,sou distimica faço tratamento há 10 anos....é punk!!!!Nada tem graça...e tenho um agravante ,tenho uma família desestruturada ,não tenho pai e minha mãe não dá bola pra minha doença.E pior por ser carente demais todo o cara q me apaixono faço um castelo na cabeçs e levo um pé na bunda....não tenho uma amiga ,nem amigo convivo só com duas empregadas q tem na minha casa e vejo q elas não me aguentam mais...e vivo implorando atenção delas.tenho 41 anos e um sonho de ter um bebê mas acho q não vou realizar...penso até em me matar....

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  6. Olá Eduardo... bom.. posso dizer o que seus amigos (se é que são seus amigos) que perderam a paciência não puderam dizer: eu te entendo. tenho distimia e ainda uma depressão profunda. Estou em um tratamento profundo há mais de 1 ano, depois de uma grave crise. Ainda não me recuperei, luto todo dia contra um forte pensamento de terminar com minha vida. Tudo está muito complicado. Espero que você não chegue a esse ponto. Bom, o que lhe posso recomendar, mas só você pode decidir: procure um psicólogo e um psiquiatra. Eles poderão lhe ajudar. É isso. Boa sorte.

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  7. Olá, tenho distimia, descobri a pouco tempo e busquei ajuda psiquiatrica e psicologica antes que eu terminasse com meu casamento, pq meu marido é um santo que me aguenta, eu devo ter outras qualidades (só pode), mas chegou a um ponto que ele já estava cansado e adoencendo junto, e tbm teve que ir ao psiquiatra e fazer terapia, mas quando me tratei e melhorei, percebi que ele melhorou tbm. Essa é uma doença que contamina quem está a sua volta. Parei o tratamento e fiquei boa por uns meses com os reforçadores positivos da terapia cognitivo-comportamental, mas nos últimos meses percebo que está voltando novamente a ser o que era, talvez menos grave, já que aprendi a me conhecer e me identificar. Mas terei que voltar a terapia e acho que medicamentos novamente, terei que fazer isso a vida toda, para ter paz e dar paz para meu marido e quem sabe filhos, que só não tenho por medo de ser uma influencia negativa na vida deles, preciso me tratar mais e melhor. Meu conselho é vc buscar ajuda, passei anos até descobrir que o sol, as árvores, as flores podem ter um colorido diferente, que o canto dos pássaros já não me irrita mais e posso apreciar essas coisas simples que antes não tinha paciencia e me irritavam logo. A vida pode ter cor! e eu estou perdendo a minha cor novamente, mas vou voltar a ver colorido de novo. Abraços e fique bem!

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  8. Oi. Eu estou sofrendo mesmo a mais de 6 meses com o meu namorado. Eu tenho certeza que ele tem distimia. Ele comecou ir em uma psicóloga do convênio, foi em umas 4 sessões só, mais por enquanto ela não deu diagnóstico (pelo menos ele não me contou). Ele fala que não quer mais viver, que ele é infeliz e que vai morrer assim. Fala que é assim a muitos anos, e que isso faz parte da personalidade dele. Eu vejo o quanto ele sofre. Mais ele muda muito, tem horas que ele está bem (ou pelo menos parece) e tem horas que ele fica muito mal. Mas consegue trabalhar, estudar e sair, porém sempre sofrendo. Com tudo isso quando ele ta mal que é quase todo dia, ele me trata mal também e sempre falar de terminar o namoro pois não acha justo me impedir de ser feliz, já que ele nunca vai ser feliz. Eu sei que estou sofrendo demais, eu o amo muito e só quero ajudá-lo, e agora que vi que acho que ele tem distimia não sei se falo com ele (nesse momento ele está "bem", ou espero ele piorar).

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