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Reflexões sobre a morte, revendo bons filmes e opções insatisfatórias.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Dia desses eu estava conversando com um amigo meu, de outro Estado, sobre um assunto o qual eu as vezes acho que jamais conseguirei dar um ponto final. Após ouvir minhas lamúrias repetitivas, meu amigo me disse que eu tenho somente duas escolhas a fazer: ou aceito as coisas como são e sigo em frente com minha vida, ou não aceito as coisas como são e sigo em frente da mesma forma. O problema é que nenhuma dessas duas alternativas me deixa satisfeito. Embora eu saiba que não seja assim, aceitar a situação, para mim, é o mesmo que admitir que perdi, que fui derrotado, que não fui bom o suficiente e por isso nada da forma como eu queria. Por outro lado, não aceitar a situação também não me ajuda em nada, não me traz sensação alguma de vitória, pesando as duas escolhas na balança, saio perdendo dos dois modos.
Várias vezes na vida (e não são poucas) somos obrigados a fazer esse tipo de escolha, quando, independente de, pelo que optarmos, vamos sair perdendo, seja dando o braço a torcer, à uma coisa que nos desagrada ou a aceitando. De minha parte, eu sempre optei por tirar o meu time de campo nessas situações, afinal, diz o ditado: "longe dos olhos, longe do coração". Mas e quando o tempo vai passando e você percebe que nem fazer isso adianta mais? Que de uma forma ou de outra, você continua sofrendo? A mim, só resta continuar seguindo, fingindo que não estou sofrendo, embora seja péssimo em disfarçar meus sentimentos, mas é aquela coisa que eu disse, sobre as duas opções que te desagradam: ou finjo que não estou sofrendo ou sofro abertamente, de qualquer forma, nenhuma das duas opções vai me ajudar a superar algumas coisas. Sigo tratando o meu sorriso forçado no Photoshop e torcendo para que, alguma hora, de tanto eu fingir que não estou sofrendo, pare de verdade de sofrer por coisas sem a menor chance de solução.


Devo ter uns cinco trabalhos para entregar até o final desse mês de maio e não me sinto disposto a concluir os que já comecei e tampouco dar início aos ainda pendentes. Embora eu saiba que meu futuro está em jogo e que, sendo bolsista, não posso correr o risco de uma possível reprovação, simplesmente não consigo fazer o que preciso, nem em aula, nem fora dela, só de me sentar e tentar começar, já me vem uma vontade de chorar imensa. Embora minha saúde esteja 100%, graças aos céus, tenho pensado muito na morte e no quanto as vezes parece que estamos perdendo um tempo precioso correndo atrás de certas coisas e principalmente pessoas, enquanto isso a vida vai passando e quando você se dá conta, já está na hora de partir, isso, quando a morte não acontece de forma inesperada. Você liga a TV e tudo o que vê nos telejornais é morte, tragédias, acidentes, tenta ler um jornal e é quase a mesma coisa, isso tem me deixando bastante neurótico, essa imprevisibilidade toda, essa sensação de que, fazer planos, ter sonhos é inútil, pois, como diziam os meus falecidos avós, "pra se morrer, basta estar vivo". Dias atrás aconteceu um gravíssimo acidente com um ônibus de estudantes, aqui na região, eu não quis saber de muitos detalhes, mas ao que parece o motorista do coletivo entrou com tudo na traseira de um caminhão e boa parte do ônibus ficou destroçada. Postaria a foto aqui, mas realmente, a visão do ônibus destruído, tem me feito mal. O motorista e uma jovem de 20 anos morreram instantaneamente e muitos ficaram bem feridos. Esse tipo de morte, para mim, sem sentido nenhum, me deixa muito nervoso, apreensivo e amedrontado, colocando em palavras simples, com medo do futuro, pois eu percebo o quando as vezes parece nitidamente que Deus não existe e que estamos todos sozinhos aqui, entregues à nossa própria sorte. Aí sempre existem aquelas pessoas que gostam de encher a boca e dizer "foi o destino" ou "era a hora de fulano", pior, "ele já cumpriu a missão que tinha que cumprir aqui". Para mim, afirmar esse tipo de coisa, tentar justificar mortes sem razão de ser, com esses argumentos, nada mais é do que covardia e medo, as pessoas tem medo de admitir, de sequer cogitar a possibilidade de que, pode ser que as coisas acontecem ao acaso, sem o dedo de Deus ou do Diabo.


No sábado passado fiz algo que jamais havia feito antes, em 37 anos: fui ao cinema rever um filme que já havia assistido há algumas semanas atrás. Nunca fui assistir duas vezes ao mesmo filme no cinema, porque acho um desperdício de dinheiro, pagar pra ver duas vezes a mesma coisa, geralmente vou ao cinema, vejo o filme e depois, só vou revê-lo quando da ocasião do seu lançamento em Digital Vídeo Disc ou Blu Ray. Mas além de eu ter amado de paixão o longa Hoje eu quero voltar sozinho, minha prima Alessandra, de Campinas, veio passar o dia comigo e ela estava enlouquecida de vontade de assistir ao filme comigo, e detalhe, ênfase no comigo, o que me fez, logicamente, topar no mesmo instante.
Foi interessante rever um filme num período de tempo tão curto assim e perceber o quanto deixamos escapar detalhes, os quais só notamos depois, analisando tudo com mais calma, prestando mais atenção. Eu que já me apaixonei pela história e pelos personagens (belas bundas) desde a primeira vez que assisti, confirmei o quanto o filme é realmente bacana, soube até que ele vai pros Estados Unidos da América do Norte, concorrer a ainda mais prêmios, e eu estou na torcida, porque ele merece mesmo, é raro ver um filme nacional com essa qualidade e delicadeza. Temos aí os filmes "blockbusters" nacionais, da nossa querida GloboFilmes, que em minha opinião de merda, legais ou não, nada mais são do que uma extensão das coisas que já costumam passar na emissora. Engraçados sim, divertidos as vezes, mas com aquele velho estilo Global de cativar o telespectador, usando atores famosos em tramas rasas.
Pra quem ainda não teve oportunidade de assistir à Hoje eu quero voltar sozinho, recomendo, isso é claro, se você for uma pessoa livre de preconceitos retrógrados e idiotas.


Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Nascido e ainda morando na cidade de Bauru, interior do Estado de São Paulo, sou estudante de Design e trabalho como designer e web designer, áreas pelas quais tenho muito interesse.
Amo cinema, quadrinhos e boa música.



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