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Sentimentos rotineiros.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Hoje foi um daqueles muitos dias nos quais acordei e, cinco minutos depois, comecei a lembrar sem parar de você, dos dias os quais, mesmo à uma distância tão grande, passamos juntos, saboreando a companhia um do outro, trocando confidências, transbordando confiança mútua ou simplesmente dividindo bobagens. Foram muitos, pelo que consigo me lembrar.

Nesses dias, quando acordo assim, sempre tenho vontade e fico muito tentado a entrar em contato com você, seja de que forma for, pelas redes sociais, por e-mail. O número do meu telefone, você bem já sabe, troquei, não vi motivos para manter o antigo, já que esperar pelas suas ligações diárias, como eu fazia antigamente, hoje só iria me frustrar. Hoje, esperar que você me trate como eu gostaria de ser tratado, é masoquismo, prefiro não esperar mais nada.


Embora eu esteja conseguindo evitar bem, matar esse hábito aos poucos, vez ou outra ainda entro em seus perfis nas redes sociais, visito o blog para verificar se há alguma atualização, mesmo sabendo que talvez as coisas que eu veja, que eu leia, vão me fazer muito mal, mas infelizmente isso, apesar de pouco frequente agora, ainda é mais forte do que eu. Estar escrevendo esse texto agora só mostra o quanto eu sou fraco e masoquista, pelo menos em relação à você.


Não penso mais em te ligar, mesmo que ainda usasse a mesma operadora, não tenho mais estrutura psicológica pra isso, não vou conseguir fazer isso sem desabar. É bizarro não é? Eu daria tudo pra poder passar os dias vendo seu rosto, ouvindo sua voz novamente, seu sotaque doce, mesmo que apenas virtualmente, mas ao mesmo tempo, desejar isso me machuca, ao mesmo tempo em que quero muito isso, hoje, olhar os seus olhos, ouvir sua voz e não conseguir mais te reconhecer, me dói, chega a me dar palpitações, falta de ar. 


Eu não te contei, mas das últimas e breves vezes nas quais tivemos contato, por telefone ou internet, meu emocional ficou destruído, não porque eu não te quero mais, mas porque eu ainda te quero, e que Deus me perdoe, mas acho que sempre vou querer. E o que me destrói é saber que, por mais que eu deseje isso, é um desejo somente meu.

Outro dia um amigo me disse que preciso tomar uma decisão definitiva em relação a você. Se eu quero a sua amizade, então devo engolir o meu orgulho ferido e buscar por ela, aceitar tudo o que houve e me dar por satisfeito com as coisas como estão. Mas se isso me faz mal, se isso me faz sofrer, então eu devo deixá-lo em paz de uma vez por todas, deixá-lo viver sua vida, sem minha presença nela e deixar que você faça o mesmo em relação a mim. Mas a grande questão disso é: Como decidir por qualquer uma dessas opções, se ambas não vão me satisfazer?

Ter você fazendo parte da minha vida novamente, mesmo que apenas virtualmente, seria para mim, maravilhoso, contudo, esperar que você me dê a mesma atenção, carinho e afeto que dava antes é esperar demais. Eu poderia mesmo reunir todas as minhas forças e deixar você entrar novamente na minha rotina, mas é algo que só me causaria sofrimento. Eu me conheço, ficaria esperando de você o afeto que desejo, o tempo, a atenção, e tenho plena consciência de que esse seu lado morreu há algum tempo. Não quero sua simples gentileza, compaixão, educação, isso eu consigo de qualquer um com quem eu seja um pouco mais simpático.

Já a idéia de seguir em frente e deixar você no meu passado, não é menos desagradável. Eu me lembro bem quando te disse que não queria isso, mas as coisas mudaram em um grau que eu me vejo sem escolha de fato. Ou eu faço isso ou passo o resto dos meus dias convivendo com pedacinhos de você, do que você foi um dia, isso eu não quero. No final das contas, qualquer uma dessas duas alternativas me faz sentir vazio, como se me faltasse um pedaço importante do coração, mas a única escolha que me resta agora é decidir, já que de uma forma ou de outra estou sofrendo, qual é o caminho que vai me fazer sofrer um pouco menos.

Como eu disse, sinceramente, vontade de entrar em contato, de saber como você está, se está bem, isso não me falta, mas então eu entro em um dos seus perfis e leio ou vejo algo que mexe comigo, como sua foto mais recente postada no Facebook, tão comum e trivial para alguns, mas com um significado tão forte para mim. E de fato, sabemos que para você também. Olhar aquela foto, mais do que me fazer constatar o quanto você está feliz, me faz perceber o quanto eu estou infeliz.

Acho que o que mais me dói, e acredito que esse não seja um problema exclusivo meu, é perceber que o fato de eu fazer ou não, parte da sua vida, hoje é completamente indiferente pra você, que você consegue ser plenamente feliz sem mim. E eu sei que deveria ficar feliz por isso, mas me desculpe, eu não fico, se sentir desnecessário, dispensável, descartável, não é uma das melhores sensações do mundo. Eu queria que você precisasse de mim, mas os dias estão passando e eu percebo que você já precisou um dia, hoje não mais. 

Enfim, esse é só mais um dos meus muitos desabafos inúteis, não para você, de fato, pois como disse, não espero hoje, nada mais do que gentileza e um carinho morno de sua parte para comigo, e a minha vida já é morna por si só, não preciso de ajuda nisso. Do jeito que as coisas estão hoje, por mais que eu deseje isso (e acredite, eu desejo muito), ter contato com você só serve para me fazer lembrar o que perdi e o que jamais vou ter de novo. Pior, o que outra pessoa agora tem.

Acredite você nisso ou não, de uma forma distorcida eu estou feliz por você, por ver o que você conseguiu superar e onde conseguiu chegar em tão pouco tempo. O caso é que apesar disso, estou infeliz por mim, e essa sensação sufoca.


Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Nascido e ainda morando na cidade de Bauru, interior do Estado de São Paulo, sou estudante de Design e trabalho como designer e web designer, áreas pelas quais tenho muito interesse.
Amo cinema, quadrinhos e boa música.



4 Divagações

  1. Puxa, adorei,! Como vc escreve bem!! Estava andando pelo Google procurando alguma definição pra palavra divagação e cai aqui de paraquedas rsrs que legal!! Me identifiquei muito com esse texto, acho que todos somos assim no fundo, até a outra parte.

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    1. Obrigado. Todo mundo vive falando que eu me expresso muito bem, mas eu apenas gosto de externar o que realmente sinto. Por algum motivo, não sinto dificuldade nisso. :)

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