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Sobre pontas soltas que te prendem, recomeços ilusórios e o quase término de um TCC.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015


Faltando pouco mais de um mês e meio para o prazo de entrega final do meu TCC, somente agora consegui chegar na metade do projeto. De acordo com minha professora/orientadora, a primeira parte, o referencial teórico já está praticamente pronto, restando agora que eu escreva toda a metodologia de projeto e faça a parte mais divertida, mas nem por isso menos cansativa, as ilustrações. E embora já tenha começado a rabiscar alguma coisa, com o tempo que disponho está complicado. Tenho 3 ilustrações para desenhar e colorir digitalmente e quase nenhum tempo pra isso, a não ser os finais de semana. O problema é que, além do TCC os outros professores estão também enfiando um monte de projetos de suas próprias disciplinas, todos pra ontem. Já estourei a deadline, da deadline, da deadline. Além disso, desenhar em casa não é algo fácil. Não tenho um canto confortável pra fazer isso e nem a iluminação adequada. Lógico que nada disso vai me impedir, pois ou eu entrego o TCC no prazo ou reprovo, mas que muitas vezes é bem desagradável todo esse esforço, isso é.

Com o término do meu curso em dezembro, tenho pensado no rumo que vou dar à minha vida no ano que vem e sinceramente, se possível, estou pensando em fazer uma total renovação, mudar de emprego, mudar meus hábitos, minhas amizades, talvez até, se não fosse tão complicado, mudar de rosto e de nome. Resumindo, se pudesse eu sumiria, mas esse lance de recomeçar funciona muito bem nos filmes e novelas, na vida real é bem mais complicado. Acumulamos muitas pontas soltas ao longo do tempo pra conseguirmos nos livrar de todas elas assim, de um dia pro outro. Por exemplo, como sempre venho escrevendo aqui, não vou me formar de fato em dezembro, pois reprovei de uma disciplina e terei mais seis meses para cumprí-la, ou seja, seis meses ainda preso nessa fase de minha vida. Tenho procurado não pensar muito sobre isso, pois realmente queria começar 2016 sentindo-me renovado, mas não é isso que vai acontecer, então paciência. O que mais queria era definitivamente ter forças para deixar todo meu passado no passado, onde ele deve ficar, mas me conheço, sei que não vou.

Por várias vezes nesse último ano me peguei pensando em ir embora da cidade, ver se consigo um emprego na grande São Paulo ou outra metrópole e tocar a vida dali, mas como eu disse, as pontas soltas atrapalham muito. Não posso simplesmente arriscar sair da cidade deixando minha mãe e tia aqui, sem apoio. Passar a viver em outro lugar é uma decisão que precisa ser tomada com cautela e sabendo-se que o que você deixar pra trás, vai estar no lugar, o que não é o caso de minhas duas dependentes. Minha mãe tem sua aposentadoria mixuruca e minha tia faz pequenas costuras e isso não é nem de longe o bastante para mantê-las. Eu acho que só iria embora se tivesse certeza de que teria condições de ajudá-las financeiramente à distância e ainda assim me manter onde estiver. Não posso arriscar tanto sem ter pelo menos um pouco de segurança. Quanto ao fator psicológico, embora eu acredite que realmente seria bem difícil no começo me adaptar a um novo lugar, se tivesse condições eu arriscaria. Não há mais nada que me prenda onde estou, além de minha mãe e minha tia.

Acho que, como muitos, eu só queria ir pra um lugar onde ninguém me conhecesse, onde eu pudesse realmente ter aquela sensação de começar de novo, embora como já disse, não creia muito nisso, pois, particularmente, sempre tenho a sensação de caminhar sobre lama densa. Você dá um passo a frente, mas o outro pé parece sempre ficar meio atolado na sua última pisada. E você sempre traz um pouco de lama de onde veio caminhando.



EDUARDO MONTANARI
Virginiano, bauruense, estudante de Design, ilustrador e web designer. Amante de cinema, quadrinhos, boa música e outras nerdices. Sonhando com o namorado ideal.



2 Divagações

  1. Você tem talento, é fato. Acho que no fundo, o que gente gosta, o que a gente "leva jeito" não nos salva, mas é o que colore e torna a vida mais suportável. Tendo imaginar minha vida sem tudo isso, e vejo que já teria morria a mais tempo, ou então, não teria forças para renascer como se é preciso. Boa sorte no seu TCC, seu trabalho é realmente bonito.

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  2. É realmente difícil tentarmos mudar de vida assim, tão radicalmente. E próximo do término da faculdade, fica aquela pergunta matutando na cabeça: o que farei depois de concluir? Talvez vai ser a hora de vc mudar e dar um rumo bom na tua vida. Eu tbm não tenho mais nada pra fazer aqui onde moro. Meus pais dependem pouco de mim e eu ainda dependo muito deles. Mas é justamente por isso que pretendo dar um rumo na minha vida. Seja sair por aí com uma mochila nas costas, seja morar num abrigo, pensão...Minha intenção é ir embora, ter novas experiências. Estou cansado de ficar nessa mesmice desde sempre. Pretendo respirar novos ares, arrumar algo pra fazer, trabalhar, ter meu próprio canto...É isso, às vezes a gente precisa radicalizar para que algo de bom possa acontecer na nossa vida e obtermos um retorno que nos faça sentir felizes e realizados :)

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