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Demolidor - a 2ª Temporada - Crítica

quarta-feira, 23 de março de 2016

Finalmente terminei de “maratonar” toda a segunda temporada de Demolidor, na Netflix® e confesso que apesar de ter lido pouquíssimas histórias do herói e não ser fã de carteirinha do “Demônio de Hell’s Kitchen”, tanto eu quanto minha tia terminamos a season finale aplaudindo quase em pé na sala. Se a primeira temporada me surpreendeu com seu tom violento, sombrio e sua trama mais realista do que fantasiosa, esse segundo ano apenas me confirmou o quanto é possível transportar um herói de quadrinhos para as telas, sem distorcer sua essência para agradar ao grande público, vender bonequinhos para as crianças ou tornar o enredo mais palatável. Não que eu considere Demolidor como o carro chefe desse estilo de narrativa nas séries televisivas, The Walking Dead e Game of Thrones já vem fazendo isso e foi uma fórmula que deu certo, mas no caso das séries com os selos Marvel e Netflix, cuja temática são super-heróis de histórias em quadrinhos, foi, pelo menos para mim, uma novidade. Ser nerd é divertido, mas não é sinônimo de infantilidade ou ingenuidade. Os fãs exigem cada vez mais que seus personagens sejam tratados pelas diversas mídias para as quais são adaptados, com o respeito que merecem. Apesar de sim, ter alguns elementos bastante ficcionais em suas histórias, Demolidor é um herói sombrio, com forte carga dramática e que só funciona nas telas, se for adaptado de forma fiel a como é visto nos quadrinhos. Tá aí o exemplo recente de Deadpool, que comprovou isso, estourando nas bilheterias mundiais. 


Enquanto na primeira temporada, que focou bastante na origem do herói, a ameaça à cidade de Nova Yorque, mais especificamente o bairro de Hell's Kitchen, vinha de uma forma mais "nebulosa", como a ameaça política e o poder financeiro de Wilson Fisk, o Rei do Crime, além do tráfico de drogas, o trabalho escravo envolvido nisso e a criminalidade geral das ruas da cidade, a season 2 surgiu de forma mais heróica, chutando bundas e mostrando o lado mais super-heróico desse universo. Fomos apresentados à Frank Castle logo no início da temporada e vamos e venhamos minha gente, Jon Bernthal, o Shane de The Walking Dead, roubou a cena no papel do anti-herói perturbado, conseguindo dar ao Justiceiro uma profundidade de emoções e motivações muito maiores do que simplesmente uma vingança pessoal, embora esse seja o principal propósito do personagem na temporada, mas o caso é que ele nos entrega não apenas um pai de família vingativo, mas um homem cuja obsessão o deixou praticamente louco, beirando a psicopatia, o que renderam maravilhosas e empolgantes cenas de ação e tiroteio, com direito a rostos dilacerados, fraturas, perfurações e litros de sangue na tela, ou seja, o Justiceiro fazendo o que precisa fazer. O arco de Elektra, uma das personagens mais icônicas e amadas dos quadrinhos começou fraco e até um pouco bobo, mas foi ganhando consistência ao longo da temporada e deixando tudo mais próximo às histórias de Frank Miller, criador da personagem, a qual, nos quadrinhos, foi criada por ele apenas para fazer uma única aparição ao lado do Demolidor, mas fez tanto sucesso que acabou se batendo ponto quase que permanente nas histórias do herói. Mas mesmo com todas as semelhanças dessa temporada aos quadrinhos clássicos, a série consegue agradar aos fás tanto antigos quanto novos, sem ficar se prestando a fazer "fã-service" a todo o momento, mostrando "easter-eggs" e jogando as referências na medida e nos momentos certos. 


Os coadjvantes também ganharam um excelente destaque nessa segunda parte. O arco do Justiceiro serviu como o trampolim perfeito para fazer brilharem Foggy Nelson e Karen Page, os sócios e amigos de Matt Murdock na Nelson & Murdock, pois coube aos dois personagens, principalmente a Karen, o papel de "advogados do Diabo", defendendo Frank Castle no tribunal e escavando sua história a fundo, na esperança de justificar de alguma forma suas ações extremistas contra os criminosos. A cena da discussão de Foggy e Matt no banheiro do tribunal foi um dos pontos altos da temporada e fez Elden Henson brilhar no papel do sócio de Matt Murdock, dividido entre compreender a escolha do amigo em defender a cidade e o fato de que essa escolha não apenas está aos poucos minando a amizade dos dois, mas colocando em risco todos os seus sonhos e objetivos enquanto sócios e advogados, já que Matt não consegue mais conciliar os dois lados de sua vida e pode colocar a perder um importante caso. Outros personagens da primeira temporada retornam, para a nossa alegria, um em especial. Se essa season 2 peca em alguma coisa ou tem algum defeito, acredito, e essa é a minha opinião, que seja o áudio dublado. Não entendo os motivos, mas parece que ou a Netflix se confundiu um pouco ou ficou bastante desatenta a isso, pois mesmo na versão PT/BR, os nomes dos personagens não foram traduzidos, sendo constantemente mencionados como Punisher (Justiceiro) e Daredevil (Demolidor), para muitas vezes, na cena ou episódios seguintes, serem chamados por seus nomes tupiniquins. Mas nada que atrapalhe o andamento da trama ou irrite demais o expectador, pois como disse, analisando o todo, Demolidor vem mantendo o excelente ritmo apresentado na primeira temporada e está no top 10 das séries de heróis da atualidade.

   




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