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Sobre as merdas que geralmente acontecem.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Sinceramente, sem partir demais pro lado do drama, mas não sei de onde consigo tirar ânimo para fazer todas as coisas que preciso fazer no meu dia-a-dia, sendo a vida, de vez em quando, essa calcinha fétida atolada no cu, que é.
No dia 17 de maio desse ano, uma terça-feira, por volta de umas 14h30, minha tia me ligou chorando e dizendo “você não sabe o que aconteceu”. E não, realmente eu não sabia. Tenho bagos entre as pernas, não bolas de cristal. “Levaram sua bicicleta”, continuou ela. Eu apenas soltei um "hum hum", ela, ainda chorosa continuou: "Alguém entrou em casa. Eu saí só por uma hora e quando voltei a janela estava aberta. A pessoa entrou, revirou todo o quarto, abriu a sapateira e levou seus tênis, foi pra cozinha, abriu a geladeira e pegou tudo, abriu a porta por dentro e saiu com sua bicicleta! Levaram todas as coisas do congelador!".


Não sei dizer se é porque, nos últimos anos, aprendi a esperar sempre o pior das pessoas, dos supostos amores e das situações, mas mesmo após ouvir tudo, me mantive calmo ao telefone. Eu estava no trabalho. Além do que, sempre achei que demonstrações exageradas de qualquer emoção que seja, são desnecessárias. Eu apenas perguntei "E o que mais? O meu computador está intacto? A televisão?". Ela me respondeu que tudo estava lá, mas toda a nossa compra de carne para o mês, meu tênis novinho e minha bicicleta, com todos os equipamentos haviam sido levados.
De acordo com ela, a polícia já tinha sido chamada duas vezes, mas nem deu sinal de vida. De minha parte, o que eu podia fazer? Ir pra casa fazer o que? Sentar, chorar? Como minha prima estava com ela no momento da ligação eu me tranquilizei e disse que não poderia sair do trabalho naquele momento, mas que iria mais cedo pra casa.

Dizem que eu expresso muito facilmente meus sentimentos. Não sei de fato se ainda é assim. Acho que venho me fechando tanto nos últimos anos que voltei a fazer como quando era criança, guardar boa parte dos meus sentimentos pra mim, pois não tem valido a pena compartilhá-los. Passada agora uma semana do ocorrido, não sei definir bem o que estou sentindo, um misto de várias coisas talvez. Mas o caso é que esse acontecimento não causou isso, apenas amplificou o que já venho sentindo há um bom tempo: decepção, mágoa, revolta, raiva, insatisfação... inveja.
Talvez vocês digam sem pensar: "Oras, é lógico! Invadiram sua casa, roubaram suas coisas, sua comida, sua bicicleta. É lógico que você está se sentindo desse jeito". Mas como eu disse, não sei. É um bando de sensações misturadas que sempre estiveram aqui e que apenas são amplificadas quando a vida me prega peças como essa. Acho que não sou uma pessoa boa. Não sou o cara legal que muitos acreditam que eu seja. Sou apenas uma pessoa com sentimentos medíocres, que vez ou outra tem rompantes do que seria realmente o certo. talvez eu até mereça algumas coisas, não sei. Talvez eu mereça isso por olhar a vida da outra pessoa e acreditar que ela merecia isso, não eu. Justificando meu ponto de vista por desejos egoístas e autopiedade.

E a vida vai seguindo. Mesmo que talvez eu não mereça nem um pouco, ainda tenho pessoas que vem em meu socorro quando preciso, mesmo que não possam estar comigo 110% do tempo, como eu egoisticamente gostaria. Refizemos as compras do supermercado, consegui novamente o que calçar e a bicicleta, bem, como eu gostava daquela danada. Vou sentir falta, adorava pedalar nos domingos de manhã. É uma das poucas coisas que eu curtia fazer sozinho. Talvez um dia eu consiga comprar outra, mesmo que usada novamente, talvez não, sinceramente não ligo mais. Não ligo mais pra muitas coisas, já não tenho mais vontade de ligar. Merdas acontecem o tempo todo, a gente mereça ou não, pelo visto, então a vida precisa ir seguindo.





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