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Sobre o tempo imparável, superar alguns medos e saudades de uma bicicleta de outrora.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016


Ao mesmo tempo em que envelhecer me causa um pouco de melancolia, pois não me sinto feliz com as minhas escolhas e sinto que a cada dia tenho menos tempo para fazer novas, o fato de, como dizia o Cazuza, o tempo não parar independente do que aconteça, me ajuda a ir seguindo adiante. Apesar dos meus medos, inseguranças e receios o sol nasce e se põe todos os dias, dias que se tornam semanas, que se tornam meses e anos de forma cada vez mais acelerada e não há nada que eu nem quem quer que seja possa fazer pra impedir isso. “Pare o mundo que eu quero descer” é um ditado que nunca se aplicou. A vida nunca espera você se levantar depois de levar um tombo.
Todavia, o que me faz prosseguir é minha filosofia pessoal de que, quando você leva um tombo tem apenas duas escolhas possíveis: pode ficar lá, caído no chão, chorando, reclamando da dor e esperando alguém vir te ajudar a levantar (o que acontece pouco) ou pode se levantar sozinho e continuar caminhando machucado, mesmo sem saber pra onde, mas pelo menos você está em pé e seguindo adiante. Ainda hoje, com 40 anos me sinto caminhando às cegas e sinceramente não sei se essa sensação vai passar até o dia da minha morte, aliás meninos e meninas, só pra lembrar, todos vocês vão morrer mais cedo ou mais tarde e quanto a isso também não há nada que se possa fazer, #fikadika. Mas voltando a falar sobre caminhar às cegas, na minha opinião é melhor fazer isso do que ficar estagnado. Você pode não saber o que vai encontrar pela frente, mas é certeza que, indo adiante vai encontrar coisas. Elas vão ser boas e ruins também. Cabe a você decidir como lidar com as ruins.

E continuar seguindo, para mim significa também, mesmo com medo enfrentar as adversidades que preciso enfrentar. Ainda hoje, dependendo do que preciso fazer eu acabo ficando bastante ansioso, chegando a pensar em desistir, deixar passar, mas o que sempre penso é que, se eu não tiver a coragem de fazer, ninguém o fará por mim. E depois, quando eu me lembrar de que podia ter feito e não fiz, com certeza vou me arrepender bastante.
Ainda sou muito tímido em alguns aspectos e isso dificulta um pouco as coisas. Há alguns meses atrás o microfone do meu celular quebrou e eu tive de mandar consertar. O que houve é que a manutenção não funcionou e eu quase tive uma crise nervosa, com medo de voltar à loja e conversar com o rapaz, fazendo valer o meu direito de garantia do serviço prestado. Pensei realmente em deixar pra lá, perder os R$ 150,00 que paguei no conserto e continuar com o aparelho defeituoso, mas eu sabia que, caso me acovardasse eu iria me arrepender muito. No final, reuni coragem e, quase cagando nas calças voltei à loja. Fui super bem recebido, bem tratado e o rapaz se prontificou a resolver o meu problema, pois ele descobriu que a peça que trocaram ainda estava defeituosa. Se eu tivesse me acovardado, teria limpado a bunda com o dinheiro que gastei e continuado com o celular ruim.
Recentemente tive de ir ao proctologista também. Não vou entrar em detalhes, mas essa foi outra ocasião na qual quase desisti. Cheguei aos 40 e sabem como é, certos exames são importantes. Minha vontade na sala de espera do consultório era cavar um buraco no chão e sumir, mas sabendo do quão importante é, respirei fundo e lá fui eu. Só não vou dizer que dessa vez quase fui cagando nas calças porque nesse caso pega mal.

Tenho pensado muito em minha bicicleta roubada e em como ele está agora. As vezes quando estou caminhando e vejo alguém pedalando pelas ruas, fico imaginando se vou ver, algum dia, alguém andando com ela, um bandidinho drogado ou alguém desavisado que talvez a tenha comprado. Sinto muita falta de pedalar aos domingos e vez ou outra penso se vale a pena comprar outra bicicleta ou não, afinal, a minha casa provou não ser um lugar seguro. Sempre guardei a "magrela" dentro da cozinha e ainda assim arrombaram tudo e a levaram. tenho medo de investir em uma coisa nova e acontecer o mesmo de antes. Apesar de agora termos reforçado a tranca da janela, a casa é bem velha e com um pouco de esforço e força de vontade, um meliante pode conseguir invadir se assim desejar, então, vamos dar tempo ao tempo e, quem sabe um dia eu compro uma nova, caso eu mude de casa ou consiga fazer umas melhorias onde moro atualmente. O que vai ser complicado, já que a casa não é minha.
Fora o fato de que, de uns anos pra cá eu ando me desapegando de muita coisa, não fico mais desejando tantas coisas como desejava antes. Gosto de games por exemplo, jogo de vez em quando no computador quando consigo fazer o download, acho muito legal um Playstation 4 ou um XBOX One, mas sinceramente não são coisas nas quais tenho vontade de investir. Existem muitas coisas que consideramos legais, mas sem as quais conseguimos viver bem. E conforme vou ficando mais velho, tenho pensado mais em envelhecer bem, com saúde do que em qualquer outra coisa, um carro, uma moto, aparelhos eletrônicos. Se eu gostaria de tê-los? Sim, claro! Mas como disse, são coisas legais sem as quais eu consigo viver, tenho outras prioridades. Talvez futuramente uma máquina fotográfica melhor. Amo tirar fotos.

Se tudo correr bem eu consigo tirar meus 30 dias de férias agora no mês de dezembro. Não que eu tenha nada de super interessante pra fazer durante esse tempo, mas trabalhei o ano todo, sem parar para poder folgar bastante no final do ano. Tenho alguns livros em casa que precisam urgentemente ser lidos. Eu compro, não leio ou leio um pouco e depois acabo largando de lado, preciso perder esse costume.




2 Divagações

  1. Hoje ao ler a sua postagem falou profundamente comigo, recentemente levei um "tapa na cara" da vida e tava querendo ficar largada no chão chorando, mas ao te ler percebi que devo me levantar e continuar, afinal como você falou, o tempo não para. PS. Também compro mais livros do que consigo ler...

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    1. Não é errado nos sentirmos fracos Carol. Querer desistir é normal, mas percebo que o que nos define como "fortes" e "batalhadores" é, como eu disse, a forma que lidamos com as coisas ruins que nos acontecem. Não sou um poço de coragem, muitas vezes vou dormir chorando, chorando muito, com medo da vida mesmo agora aos 40. Mas novamente, como eu disse, se você não fizer as coisas por si mesma ninguém fará.

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