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Sobre galinhas magricelas, férias, tragédias e bullying.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016


Ao que tudo indica terei os meus tão sonhados e aguardados 30 dias de férias em dezembro. Optei por não folgar em julho justamente para ter direito aos 30 dias no final do ano. Não que eu tenha muitas coisas interessantes pra fazer no meu tempo livre, mas independente do ócio, todos temos que descansar de tempos em tempos. O trabalho dignifica o homem, mas também o esgota em alguns momentos.
Vai ser lindo também poder passar um tempo sem usar cueca. Trabalhar nove horas por dia sentado, usando calças jeans maltrata bastante as partes pudentas. Deixar o bicho solto por um tempo se faz necessário para a saúde. Além do mais, pode ser que exibindo um volume genital maior eu consiga provocar desejo sexual em alguém e desencalhar. Não que eu queira sexo, sou dessas pessoas que se contentam com companhia e carinho. Já ouvi alguns colegas dizerem que não aguentam ficar sem sexo, talvez eu seja mesmo diferente, não sei, mas não consigo entender a necessidade incontrolável que alguns tem de copular. Pra mim isso é ceder aos instintos primitivos.
Talvez seja só inveja da minha parte mesmo, vai saber. Minha autoestima não é das melhores.

Cheguei e estipular como um objetivo para as férias, perder barriga, mas ao mesmo tempo que gostaria disso, estou sempre me perguntando se quero faze-lo por mim ou para parecer mais atraente aos olhos dos outros. Sem dúvida quando me olho no espelho não gosto do que vejo, mas sinto que o que me preocupa mesmo é a forma como as pessoas me enxergam. Por mais que beleza física seja relativa como muitos dizem, ela conta sim e a primeira coisa que alguém nota em você, quando te olha sem conhecer sua personalidade é seu aspecto físico.
Não quero me dar ao trabalho de modelar meu corpo apenas para agradar alguém, isso é cansativo. Gostaria muito que se interessassem por mim pela minha personalidade, mas acho que não vai rolar, então, antes só do que mal acompanhado. E na verdade não concordo com o que acabei de dizer, estou apenas tentando aceitar a realidade pra ver se dói menos. Quando eu era mais novo algumas pessoas gostavam de me humilhar com a desculpa de “estarem sendo francas”. Diziam que se eu não fizesse algo pra me tornar mais bonito eu ia ficar encalhado pro resto da vida, pois eu era esquisito e ninguém jamais iria gostar de mim desse jeito. Parece coisa forçada eu sei, coisa de filme sobre colegiais, mas esse tipo de humilhação na juventude acontece com mais frequência do que se sabe. Os filhos é que acabam não contando aos pais e esses, desde que o filho tire boas notas acham que está tudo bem com ele. Não que eu tenha tirado muitas boas notas na minha vida.

O assunto da semana e que com certeza vai perdurar pelas próximas é o acidente aéreo com o time do Chapecoense, que chocou o Brasil. Bem, eu nunca gostei de futebol, não entendo nada do esporte e só conheço alguns futebolistas famosos porque aparecem na mídia nacional. Dizer que fiquei chocado ou abalado com o que houve é hipocrisia, pois não era próximo de nenhuma das vítimas da tragédia e nem torcedor do time, mas é insensibilidade ficar indiferente ao ocorrido. Talvez alguns estejam dizendo que o futebol brasileiro perdeu, que o Brasil ficou defasado de ótimos profissionais do esporte, mas o caso é que antes de serem futebolistas eles eram seres humanos, com sonhos, objetivos, planos para o futuro, famílias. E sempre que acontece algum acidente desse tipo envolvendo várias pessoas, um avião, um ônibus de viagem, eu sempre fico melancólico, pois percebo o quanto a vida é um sopro. E embora pareça algo clichê de se dizer, ter a percepção disso me dá uma sensação grande de que estou perdendo tempo, desperdiçando uma vida que não faço a menor ideia de quanto tempo vai durar. Acabei de ver uma postagem no Facebook, de um rapaz lamentando o acidente com o Chapecoense na noite de ontem, fazendo um discurso sobre o quanto a vida é preciosa. Horas depois o rapaz faleceu. Os amigos dele estão lamentando e deixando recados em seu perfil.


Justamente pelo fato da vida ser imprevisível eu procuro não ficar refletindo muito sobre a morte, afinal, vai que eu morro. Prefiro pensar em coisas mais produtivas, como por exemplo aquela galinha da antiga cantiga infantil “A galinha magricela”, que falavam que boatava ovos sem parar, dez, cem, mil, algo humanamente, ou no caso dela, “galinhamente” impossível e fico pensando que, se aconteceu mesmo, como a coitada deve estar hoje. Será que está viva? Será que está bem? Talvez toda a magreza que falavam que ela tinha fosse por botar tantos ovos, talvez ela tenha morrido de tanto botar, enfim, é algo para se refeltir com calma.





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