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Sobre corpos disformes, pequenas fortunas bem investidas e pratos frios.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018




Embora eu tenha apreciado muito meus últimos 30 dias de férias, pois sempre é bacana ficar ocioso com dinheiro no bolso, admito que já estava ficando entediado e deprimido, pois acabo com tempo demais pra pensar bobagens. Adoraria dizer que aproveitei ao máximo meu tempo de descanso, que viajei, conheci novos lugares e pessoas, mas na verdade tudo o que fiz foi passar a maior parte do tempo vendo TV, dormindo, caminhando a toa ocasionalmente e indo ao centro da cidade quase todos os dias.

É muito difícil pra mim conseguir juntar um bom dinheiro pra fazer uma viagem, não porque sou um irresponsável e gasto demais, mas sim porque a maior parte do meu salário vai pras contas do mês, entre outras despesas igualmente relevantes. Por exemplo, em dezembro passado fui obrigado a usar parte do meu FGTS para consertar o telhado. A reforma valeu cada centavo, pois agora não mais preciso me preocupar com goteiras e infiltrações durante as fortes chuvas que nos assolam no verão. Não me arrependo desse investimento, mas me custou uma pequena fortuna. Dois mil e quinhentos reais que eu poderia ter usado pra viajar, mas optei pelo que julgo mais importante: nossa segurança e paz de espírito, pois agora podemos dormir em paz, sem ficar acordando de madrugada pra cobrir os móveis e forrar o chão. Um dia ainda quero conhecer a praia, o mar, pois já estou com 41 anos e nunca tive a oportunidade. Mesmo com meu corpo disforme gostaria de experimentar o que os humanos normais chamam de “banho de mar”, espero não falecer antes disso.


Também investimos em um novo jogo de sofá. O que temos em casa atualmente é usado e está com o madeiramento quebrado em algumas partes, o que o deixa bem desconfortável. Decidimos então, minha tia e eu, comprarmos algo novo, decidimos mandar fazer algo de nosso agrado, maior, mais resistente e bem mais confortável. Um dia tanto eu quanto ela faleceremos, mas até lá queremos ver TV e fazer as refeições confortavelmente.
Estamos quase em fevereiro e já faz alguns dias que voltei ao trabalho. Embora tenha apreciado as férias, como disse já estava entediado e depressivo por falta de coisas interessantes pra fazer, pelo menos no trabalho ocupo minha cabeça e meu tempo. Por enquanto “o bicho ainda não pegou” aqui, mas é só questão de tempo, todo começo e término de ano é assim. Tenho trabalhado no período da tarde e da noite para ajudar na organização das formaturas, é bacana, mas bastante cansativo. Mesmo começando o expediente às 13h, trabalhar até 22h30, 22h45 é bem cansativo pra mim, ainda mais nesse calor que vem fazendo, chego em casa suando em bicas e sem ânimo nem para praticar a masturbação. 


Mudando de pato pra ganso e deixando a ética, a moral e os bons costumes de lado, recentemente descobri que a mãe de uma pessoa que me fez muito mal na juventude ficou caduca. Bem, pelo menos é o que parece, já que ela passa bastante tempo agachada no portão de casa, olhando a rua e pedindo cigarros pra qualquer um que passe na calçada.
Quando eu era mais jovem e cursava o colegial esse "amigo" me fez muito mal. Ele era por natureza um sujeito arrogante, metido e cheio de soberba. Hoje percebo que na verdade o que ele tinha era nada mais, nada menos do que um grande complexo de inferioridade, por isso passava boa parte do tempo tentando provar aos outros e principalmente para si mesmo o quanto era superior. Vendo por esse ângulo não consigo deixar de sentir uma certa pena, mas ele também me maltratou muito, me humilhando, ridicularizando, fazendo pouco de minha inteligência e até me agredindo "tudo na brincadeira" claro, mas não significa que não me machucava e muito. Certa vez ele me chutou depois da aula, só porque a professora me elogiou para a turma, me chamou de prepotente e disse que eu tinha que saber o meu lugar. Enfim, perdão à parte, não nego que fiquei satisfeito ao ver que nem tudo na vida dele hoje é perfeito. Ele que sempre foi tão metido, tão prepotente, que julgava a si mesmo e sua família tão melhores que todo o resto, que se gabava tanto pela profissão da mãe, hoje praticamente a deixa trancada em casa. Particularmente gostaria que ele tivesse morrido ou sei lá, mas enfim, de pratos que se comem frios, isso já me serve como uma entrada razoável.





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