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Sobre muros e seus efeitos colaterais.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018



Minha tia costuma repetir um ditado de tempos em tempos que diz que "quem não é visto, não é lembrado". Essa carapuça me serve muito bem, já que nos últimos anos tenho me julgado cada vez mais antissocial. Não é que eu me isole do mundo, fique trancado em casa sem querer ter contato com ninguém, longe disso, muito pelo contrário. As poucas pessoas que tem o interesse em me conhecer um pouco mais a fundo sabem o quanto ainda sou carente, mesmo lutando contra isso. Seja por esse blog que quase ninguém mais lê, seja pelas minhas postagens nas redes sociais, estou sempre tentando chamar a atenção de alguma forma, fingindo ser uma pessoa moderna, desinibida e que gosta de polêmicas. Longe disso, sei que sou meio invisível.
Quanto ao ditado que minha tia vive repetindo, digo que ele cai em mim como uma luva pelo fato de que, apesar de eu ainda buscar atenção, buscar companhia, esperar que as pessoas tenham um interesse maior em mim, tudo isso tem me cansado e já não é de hoje.
Dia desses enquanto ia a pé, sozinho pro cinema lamentando minha solidão, desabafei pelo Whatsapp com um amigo (o qual provavelmente não deu a mínima) sobre o quanto as pessoas passaram a me cansar, pois na minha opinião, hoje em dia me parece que ninguém mais tem interesse em realmente conhecer o outro, não sei se é medo, insegurança ou egoísmo, mas sinto que a maioria das pessoas criou em torno de si um muro protetor, uma carapaça, impedindo que você se aproxime demais delas, saiba demais sobre elas. E ao mesmo tempo que elas parecem "se proteger de você", também demonstram pouco ou nenhum interesse em saber quem você é de fato. E embora isso seja até compreensível, pois creio que as pessoas tem medo de se machucarem ao se mostrar ao outro, pra mim particularmente, que sou uma pessoa que gosta muito de conhecer o outro a fundo e me deixar conhecer, isso incomoda muito, eu sinto esse bloqueio, esse muro quase palpável quando tento conhecer melhor alguém, seja um amigo ou as raras pessoas pelas quais tenho um interesse mais íntimo. Eu até insisto por um tempo, mas é essa insistência que acaba me cansando, que me faz sentir como se eu estivesse desperdiçando minha energia com algo infrutífero. Eu me esforço por um tempo, tentando investir numa amizade mais próxima, talvez até num possível relacionamento, mas a cada dia sei menos o que esperar das pessoas, qual é o conceito delas de amizade, de proximidade, de amor. Por isso há períodos, como agora, nos quais decido me afastar um pouco, mesmo sentindo muita falta de determinadas pessoas decido parar um pouco, repensar se vem valendo a pena esperar que os outros sejam mais abertos, mas então aí vem o "efeito colateral" dessa decisão: "Quem não é visto não é lembrado".
Reconheço que o "decidir me afastar do outro" nada mais é do que mais uma das muitas formas as quais tento chamar a atenção. Sempre fico na expectativa de "quem sabe se eu sumir o outro me procure", mas claro, isso nunca acontece, creio eu que por possíveis três motivos: indiferença/desinteresse, por não perceber meu "plano" ou o contrário, por perceber minhas intenções e não querer fazer meu jogo. Sendo que essas duas últimas possibilidade quando confirmadas me deixam puto da vida. Tá, ok, confesso, todas essas possibilidades me deixam puto. Odeio ser ignorado quando quero atenção. Que fique aqui registrado que ignorar minha carência não faz com que eu melhore ou "aprenda uma lição", só me faz ficar mais furioso.
Não pretendo me isolar, não pretendo me afastar de ninguém, mas prometi a mim mesmo que quero me esforçar para não mais depender tanto dos outros como é de meu costume, pois o conceito de reciprocidade das pessoas ditas "normais" é diferente do meu e já percebi que é um esforço inútil esperar que elas se adaptem a mim. Tampouco eu vou mais tentar me adaptar a elas.





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