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Sobre as máscaras ao longo da vida.

segunda-feira, 8 de abril de 2019




Alguns dos meus amigos dizem me achar uma pessoa muito divertida, carismática, engraçada, pois estou sempre fazendo piada sobre tudo, dizendo coisas engraçadas com o intuito de fazer os outros rirem, seja das coisas, seja de mim. Mas a verdade é que isso nada mais é do que uma máscara que uso, um mecanismo de defesa que desenvolvi ao longo dos anos para esconder minhas falhas, medos, inseguranças e baixa autoestima.

Na infância eu sofri bastante bullying por ser quieto demais, tímido demais, medroso, por não me encaixar no padrão de beleza imposto pela sociedade (incluindo outras crianças), por não gostar de meninas, mesmo que na época eu não me desse conta disso. O que alguns dizem é verdade, crianças podem ser bem cruéis quando querem, são muito sinceras com relação ao que sentem e isso nem sempre é bom, se não gostam de algo ou alguém, falam abertamente sem ter noção de como isso pode afetar a outra pessoa. Eu nunca soube me defender disso e absorvi muita coisa ruim, os ataques direcionados a mim me atingiam em cheio e muitos deixaram cicatrizes que não sumiram até hoje.


Na adolescência aprendi a lidar com isso de uma das formas mais básicas: mascarando meus reais sentimentos, fingindo que "o que vem de baixo não me atinge", mas ao invés de fingir ser forte, ser confiante eu passei a enganar aos outros e principalmente a mim mesmo, fingindo levar tudo na brincadeira e criei para mim essa máscara de bom humor, afinal, se eu tirar sarro de mim mesmo os outros não vão poder tirar, vão perder sua arma.


Hoje já me acostumei tanto a representar esse papel que isso se tornou natural pra mim, quase parte de minha personalidade. Estou quase o tempo todo tentando ser engraçado, fazendo piadas ou dizendo coisas idiotas com a intenção de fazer as pessoas rirem. É uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo em que tira o foco da minha fraqueza e insegurança, chama a atenção de alguns alvos, pois devido à minha carência, tenho bastante necessidade de atenção, de carinho, de fazer com que o outro me ache legal, divertido, uma companhia agradável.


Por mais estranho que possa parecer, fica mais fácil depois de adulto, salvo algumas exceções é claro. Depois de grande a gente aprende a mentir melhor, esconder melhor nossas intenções e os outros adultos, na correria da vida ou simplesmente pelo fato de não ligarem mais tanto pra você, acabam não percebendo sua máscara, acreditando que você é quem realmente representa.
Hoje, por mais estranho que pareça me agrada o contrário, gosto muito mais quando alguém consegue perceber como sou realmente, quando consegue enxergar através do muro que ergui em torno de mim e ver minhas falhas, pois isso mostra um grau de sensibilidade elevado por parte do outro. A maioria das pessoas ao longo de nossa vida acha que nos conhece, seja porque estudou anos conosco, porque trabalha conosco ou porque nos viu chorar uma ou outra vez. O esforço até que é válido, mas é fácil perceber quando uma pessoa nem sequer consegue arranhar sua superfície e outra tem uma visão mais apurada de você.


No fundo somos todos iguais e queremos a mesma coisa, independente do nosso grau de sensibilidade para com o outro e com a gente mesmo: ser amados. Certa vez a muito tempo uma pessoa me disse que "conseguia ver através de mim", só que, ver através e ver dentro são duas coisas diferentes. Do meu ponto pra se conseguir ver através de alguém essa pessoa precisaria ser invisível, não? E não é isso que eu quero, nunca quis, quero mesmo é que consigam ver dentro de mim. E não se enganem, não percam seu tempo desejando que todos consigam entender seus verdadeiros sentimentos e se compadeçam deles, isso jamais vai acontecer, se você esperar isso vai desperdiçar seu tempo e sua energia. Esperar que todos consigam enxergar e compreender você chega a ser prepotente. Eu particularmente espero isso hoje, das pessoas que me importam de fato, as quais amo. Na verdade nem deles. E de uma forma estranha não digo isso negativamente.




2 Divagações

  1. Estranho mds relatou tudo que ja passei.. Parece que foi eu que fiz isso...

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  2. Me indentifiquei muito...

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