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Sobre vínculos formados, pedras no estômago e estepes

domingo, 19 de dezembro de 2021

A maioria das pessoas acaba optando por se afastar de mim com o passar do tempo, pelo fato de eu ser uma pessoa bastante carente, com uma necessidade muito grande de companhia e atenção. Acho que, atualmente, tenho somente um amigo verdadeiro, ele não está sempre comigo, assim como as outras pessoas é alguém muito ocupado, focado em resolver seus próprios problemas, mas ainda assim, quando estamos juntos, quando conversamos e eu desabafo com ele, sinto que ele entende muito bem o que estou sentindo, mesmo que não consiga me ajudar, mas ainda assim, percebo que ele não apenas me escuta, mas me ouve. E apesar de parecer a mesma coisa, acreditem, tem diferença entre somente escutar o que o outro está dizendo e de fato ouvir.

Como disse, nem sempre as pessoas, por mais que gostem e se preocupem conosco, conseguem nos ajudar da forma que gostaríamos, eu vivo repetindo isso aqui, todos tem os seus próprios problemas, dilemas e dores pra carregar, mas ainda assim é uma sensação muito reconfortante e gratificante quando você percebe que a pessoa faz um esforço para entender o que você está sentindo e tenta ajudar da melhor forma possível.

Parece egoísmo e ingratidão de minha parte dizer que tenho somente um único amigo verdadeiro, mas costumo classificar minhas interações sociais partindo de irrelevantes, ao ponto da existência da pessoa não fazer diferença alguma pra mim (e sinceramente não me culpo por isso), conhecidos, amigos e amigos verdadeiros, sendo esses últimos, pessoas com as quais sei que realmente posso contar quando precisar e até mesmo quando não precisar. E que me perdoem (ou não) as outras pessoas que estiverem lendo isso e que alegam gostar de mim, mas a verdade é que apesar de nossa amizade, não sinto que posso de fato contar com vocês. Sou da opinião de que, embora todos tenhamos nossos problemas pessoais, vidas próprias, prioridades, vínculos formados deveriam ser mais considerados, principalmente quando você sabe como a outra pessoa se sente.

Independente do tempo e do espaço que eu dê aos outros, com o intuito de não parecer chato demais, pegajoso, as pessoas não demonstram interesse em saber como estou, em me terem como companhia. Eu noto que isso acontece quando, por algum motivo o outro precisa de mim e não têm uma opção de escolha melhor, seja para falar sobre algo que lhe aconteceu, uma preocupação que lhe aflige, uma decepção amorosa, enfim, quando ele precisa de companhia. Não consigo deixar de me sentir um pouco como um estepe nesses casos.

Todas as vezes que converso sobre isso com uma determinada pessoa ela externa a mesma opinião, a de que eu devo ser grato pelas pessoas me procurarem, mesmo que raramente, mesmo quando é do interesse delas, que devo ser grato pelo tempo que elas dão a mim, mesmo que seja pouco, afinal, elas poderiam muito bem optar por jamais virem até mim, me esquecendo em definitivo. Quando ele me diz isso, procuro não demonstrar, mas é algo que me irrita bastante. Além do mais, se confessar que discordo de sua opinião somente duas coisas aconteceriam: ele não ligaria a mínima pra isso e somente sentiria pena pela minha discordância ou como muitos, optaria por simplesmente se afastar, me considerando um caso perdido, se é que já não considera.

Não consigo deixar de lado a sensação de que apesar das pessoas dizerem gostar de mim, elas me ouvem, observam meu jeito de ser e só sentem pena. Tenho um fio de esperança de que eu esteja enganado sobre isso, que seja apenas mais um dos meus tantos dramas, porque, se eu estiver certo, sinceramente prefiro que elas optem por sumirem mesmo de minha vida. Não busco pena, apesar de me comportar como se buscasse, sei disso, sei o quanto pareço ridículo aos olhos de muitos que me conhecem. Busco amizade e compreensão, acima de tudo compreensão. Empatia pela forma como me sinto seria legal também, mas aí já é esperar demais

Não sinto prazer em nada do que faço e se me perguntarem, não sei o que me traria satisfação. Todas as vezes nas quais paro pra refletir sobre isso viajo longe e por mais que pense, escave bem lá no fundo buscando o que me falta acabo encontrando a mesma resposta, não é dinheiro (embora isso com certeza seria de grande ajuda), não são viagens bacanas, não é um bom emprego, uma carreira de sucesso seja lá em qual profissão for (inclusive estou a cada dia mais cansado das obrigatoriedades sociais), não são bens materiais, mas acabo chegando no mais básico: amizade verdadeira, compreensão verdadeira, reciprocidade sincera, companhia. Às vezes a falta dessas coisas me afeta tanto que chega a doer fisicamente, chego a sentir que tenho uma pedra no estômago, algo dentro de mim se esforçando pra sair, pra explodir pelo meu peito, feito aquele filme do Alien, Chego a sentir que viveria feliz, que morreria feliz mesmo vivendo embaixo de uma ponte, desde que tivesse pessoas comigo as quais realmente se importassem, que conseguissem ver em mim o que gostaria que vissem. Não apenas esse monte de carne ambulante ridículo e carente de atenção.

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