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Sobre a distância, joelhos ralados, leve melancolia e um laço, não um nó,

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Sobre o assunto da minha última postagem, aquele meu amigo que estava pra se mudar da cidade, ele assim o fez.
Acho que já se passaram quase 15 dias desde que ele foi embora, quando marcamos de nos encontrar para uma despedida adequada. Eu estava com muito medo de que ele acabasse se mudando sem conseguir tempo pra que nos víssemos, mas acabou que deu certo. Um pouco em cima da hora pro meu gosto, já que marcamos um almoço horas antes dele sair de viagem, todavia poderia ter sido pior e ele sequer ter me chamado pra conversar. Apesar dele levar uma vida extremamente corrida e ter ficado por quase um ano sem conseguir marcar algo comigo antes desse dia, eu o considero um querido amigo e sou grato pela sua amizade e até mesmo alguns ensinamentos. Amizades são um laço e não um nó. Demorei pra aprender essa lição.

Mesmo que tenhamos nos encontrado aos 45 do segundo tempo, a tarde foi bem bacana. Almoçamos juntos num restaurante das redondezas e depois fomos até uma praça próxima sentar pra conversar. Eu até tinha muito assunto pra botar em dia, mais depois de meses e com somente algumas horas sobrando, muita coisa ficou de fora. Me resta ter a esperança de que oportunidades de novos encontros ainda surgirão. Quando ambos tivermos tempo livre e eu, dinheiro guardado, irei visitá-lo na nova cidade, passar um final de semana.

Ficamos na praça por cerca de 40 minutos, conversamos muito e depois fomos até o apartamento já vazio, pois suas coisas já estavam todas na casa nova e ele queria me mostrar como ficou a pintura das paredes para a entrega do local.
Eu, apesar dos meus 47 anos, vez ou outra ainda tenho rompantes de uma inocência quase adolescente e confesso que, por alguns minutos fiquei me perguntando por que raios e qual era a graça de passarmos a tarde conversando dentro de um apartamento vazio, sentados no chão.

O clima nem tava tão quente, mas a primeira coisa que ele fez quando entrou foi tirar as roupas, alegando sentir muito calor em lugares fechados. Eu, apesar da minha já citada "inocência quase adolescente" não chego a ser idiota e segui o fluxo. Transamos no chão, durante toda a tarde, no apartamento vazio. E embora eu tenha alguns fetiches bem mais picantes em relação a locais, confesso que foi bem divertido. Só recomendo almofadas pra apoiar os joelhos. Os meus ficaram um pouco esfolados. Sou cavalheiro e decidi deixar a única almofada abandonada no quarto vazio, pra ele.

Claro que o sexo foi um bônus muito bem-vindo, já que minha vida, nesse quesito é quase nula, pois só consigo transar com quem tenho amizade ou afeto. O negócio é que foi bem bacana poder passar algumas horas conversando, depois de tantos meses distantes um do outro. Até então eu não fazia ideia dos motivos pelos quais ele decidiu se mudar, ainda mais pra outra cidade, não que isso seja de minha conta, claro, mas somos amigos e quando descobri foi uma grande surpresa. Fiquei apreensivo, com medo do afastamento, de perder sua amizade, de que talvez nunca mais conseguíssemos nos ver, enfim. Poder passar um tempo conversando, matando a saudade e saber mais sobre sua decisão me deixou bastante tranquilo. Aquele mal-estar inicial foi substituído por um quentinho gostoso no coração e um desejo sincero de boa sorte e felicidades.

No fim das contas é como eu disse pra ele durante nosso papo: Nada de ruim aconteceu, nem pra mim, nem pra ele, muito pelo contrário. Ele tomou a decisão de mudar de ares, começar uma nova fase de sua vida, conhecer novos lugares, novas pessoas e viver novas experiências. E eu, como seu amigo tenho a obrigação de apoiá-lo, ficar feliz por suas conquistas. Não vou negar, claro, de minha parte bate uma melancolia, afinal de hoje em diante ficará ainda mais difícil de conseguirmos nos encontrar. Com ele morando aqui, na mesma cidade que eu, o problema era a falta de tempo de sua parte, agora, com ele numa nova cidade, o fator distância entrou na equação, mas ainda assim, apesar dos pesares, nada de incomum, anormal ou ruim. Tudo o que decidimos para nós mesmos, os caminhos que escolhemos, nossas ações geram consequências, por vezes boas, às vezes ruins, noutras, simplesmente naturais, como foi esse caso.
Claro que gostaria que nada tivesse mudado, mas essa linha de pensamento além de ser egoísta ainda impede que as coisas fluam como devem fluir, seja para mim, seja para o outro. Então sim, apesar da saudade prematura estou em paz, pois sei que tudo está caminhando normalmente como deve caminhar.

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