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Sobre ser levado todo retorcido ao hospital, dominação materna e terapias ocupacionais com papel e lápis.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Depois de quase duas semanas a tosse e a dor nas costelas, que depois passou para as omoplatas, depois voltou pras costelas e por último passou novamente para as omoplatas está passando. Decidi seguir o conselho da Mary, dona do blog Perfeito se for do seu jeito e tomar uns analgésicos na esperança de que essa tosse seca fosse apenas um tipo de alergia. Sei lá se era ou não uma alergia, mas sei que diminuiu bem e a dor nas costas também, porém tive que me entupir de
remédios para tanto e odeio fazer isso. Massagem de Gelol nas omoplatas e Vick Vaporub no pescoço, Emplasto Salompas na costela, pastlihas pra garganta, anti-inflamatórios, fora os tratamentos naturais como sucos de fruta, chá de gengibre, colheradas de mel entre outras coisas. Estou fazendo de tudo para me curar totalmente antes do dia 17 de julho, dia da excursão pro Animefriends, embora a tosse seca ainda persista, só que agora num nível bem menor. Cheguei a cogitar até mesmo pneumonia, mas não estou passando mal nem nada, então deve ser sei lá, essa mudança louca de tempo. Final de semana passado fez dois dias de sol lindo e na segunda já amanheceu nublado e com garoa. Alguém tão lindo e frágil como eu, com certeza é afetado facilmente por algo assim.
Não estou nos meus melhores dias. Além de estar me curando da tosse, lidar com minha mãe e suas crises de auto-piedade devido ao transtorno bipolar não é fácil. No sábado passado recomendei a ela que fosse passar o domingo fora de casa junto com minha tia, na casa de uma das irmãs delas, já que elas receberam esse convite mesmo, pois eu estava com a cabeça bem cansada e preferia passar o domingo sozinho em casa em silêncio relaxando (entendam andar de cueca o dia todo, comer porcarias e ver pornôs). Quando peço esse tipo de coisa não peço apenas por mim, já que tenho meu direito à um tempo sozinho comigo mesmo, mas também por ela que nunca sai de casa e anda num desânimo horrendo. Pronto, foi o suficiente para desencadear uma das nossas muitas discussões por motivos idiotas, nas quais ela quer sempre ter razão.

Desde que me entendo por gente ela tenta me manter sob controle usando a mesma tática cruel, minando minha auto-estima, tentando me fazer sentir inferior, dependente para que eu jamais saia de baixo de suas asas protetoras. Quando eu era pequeno isso funcionava facilmente, ela me fazia sentir culpado por tudo de ruim que a vida dela tinha se tornado e jogava na minha cara o quanto eu devia ser grato a ela por ela ter me permitido nascer e me criado, já que pensou em me abortar. O resultado era imediato: cinco minutos depois eu estava em prantos, ajoelhado à seus pés implorando perdão. Ela sempre me tratou bem, nunca me deixou faltar nada, mas sempre jogou tudo isso em minha cara com um prazer cruel, vejo hoje que me ver submisso à ela lhe fazia sentir segura, dona de si e dona de mim. Hoje, depois de compreender muitas coisas e observá-la definhando aos poucos devido aos próprios transtornos mentais, percebo o quanto não posso mais permitir algumas atitudes da parte dela, atitudes algumas as quais ela ainda insiste em ter.

Como hoje em dia a situação se inverteu, sou eu quem cuido de praticamente tudo financeiramente falando, ela foi obrigada à baixar a crista e colocar o rabo um pouco entre as pernas, pois é inegável que sem eu para ajudá-las, ambas estariam bem encrencadas. Mesmo assim não me sinto superior por isso e a única coisa que cobro das duas em relação a isso é que reconheçam meus esforços, coisa que minha tia faz, mas minha mãe vez ou outra ainda insiste no seu papel de vítima da vida e das pessoas. Ela cresceu e viveu achando que o mundo e as pessoas lhe devem algo, compaixão, ajuda, respeito, piedade. Pouco lutou pela sua própria vida, pouco fez pelas outras pessoas e o que fez por mim, joga na minha cara até hoje, na esperança de que como antigamente eu me ajoelhe aos seus pés implorando misericórdia e admitindo o quanto sou um lixo de filho.
Hoje em dias seus jogos mentais não me afetam mais, pelo menos não da forma que ela espera, mas me cansam, me cansam muito, me fazem cada dia mais ter vontade de arrumar minhas malas, sumir e nunca mais voltar, abandonando ambas à própria sorte, mas sei que tenho com as duas obrigações que terei que cumprir enquanto conseguir e por tempo indeterminado, talvez pelo resto da vida delas ou da minha vida. Frustrante sim, mas não posso mudar isso agora. Resignação é a palavra chave nesse momento da minha vida.



Ao menos no trabalho estou passando um bom período e é o que tem me ajudado a manter minha sanidade. O chefe inventou de colocar ilustrações no site e apesar dele nunca saber o que quer direito, ele adora o meu traço, elogia muito e se empolga com as inúmeras possibilidades que minhas ilustrações podem gerar.
Tenho passado os últimos dias fazendo minha terapia preferida: desenhando em papel e logo em seguida pintando a ilustração no computador. Chefe tem amado e isso pelo menos tem erguido um pouco minha auto-estima. É uma daquelas ocasiões quando você tem vontade de pegar suas coisas e ir morar no emprego, pra não ser obrigado a voltar pra realidade que é a sua rotina de casa, mas a vida é como é e o que temos que pedir à Deus é paciência para suportar o que não pode ser mudado e sabedoria para mudar o que conseguirmos, então tenho tentado me focar ao máximo nas coisas que tenho que fazer no trabalho, na minha excursão pro Animefriends e no começo do meu curso de web-designer no SENAI em agosto.
Nas últimas postagens eu escrevi sobre o quanto é difícil tolerar o jeito de ser de algumas pessoas no emprego, inclusive do meu chefe piadista e homofóbico, mas se formos pular fora de cada uma das situações que nos deagradam nós nunca vamos parar quietos, pois o mundo e as pessoas são em sua maioria desagradáveis, pelo menos para mim, então todas essas tribulações em casa, no serviço, com os amigos, só estão servindo para me ajudar a praticar a tolerância e a aceitação. É difícil, bota difícil nisso, mas o que não é?
Pessoas mesquinhas, cruéis, intolerantes e preconceituosas vou encontrar em vários lugares e por toda a minha vida. Algumas coisas são inevitáveis, coisas que estão fora de nossa "jurisdição" e parar de tentar controlar seu ambiente e as pessoas ao redor é fundamental pra uma convivência se não boa, pelo menos estável. Com certeza no meu curso no SENAI vou encontrar todo o tipo de pessoas, desde as mais legais até as mais insuportáveis, mas enfim, assim são as coisas e eu preciso aprender a conviver com as pessoas ao meu redor, pois a vida é 90% isso.

Decidi prestar vestibular novamente no final desse ano. No final de 2010 eu fiz o ENEM e prestei vestibular na UNESP para Design, mas o fato é que eu odeio estudar e por conta disso eu não passei nem da primeira fase. Não liguei, pois não sou desse tipo neurótico que acha que se não fizer um vestibular assim que sair do colégio vai jogar a vida fora. Uma faculdade com certeza ajuda muito na vida profissional, mas não consigo ver isso como algo que vá definir toda a sua vida e o seu destino. Eu pretendo fazer uma faculdade porque sei que vai me ajudar profissionalmente, mas não vejo isso como um caso de vida ou morte severina.
Uma amiga de minha mãe e freguesa antiga de costura, que é professora de educação artística na UNESP praticamente me intimou a prestar pra ver se entro no ano que vem e de acordo com ela vou entrar facilmente, já que não é um curso muito concorrido e tem muitas disciplinas que combinam comigo. Ela disse que tem até capoeira, não que essa combine comigo, já que eu mal consigo me espreguiçar de manhã sem tirar algúm nervo das costas do lugar, mas o futuro é tão incerto e por ser incerto é tão fascinante que quem sabe eu não arriscaria uma ou duas aulinhas antes de me estabacar todo no chão e ser levado pro hospital, todo retorcido? Bom, como sempre não faço planos, ao que parece eles tem se feito por mim, se colocado no meu caminho e me oferecendo a oportunidade de embarcar neles ou não. E eu realmente já que não tenho nada a perder, nem tempo, vou ver onde essas coisas vão acabar me levando. Nesse meio tempo vou vivendo. É só por hoje.

Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design, além de pseudo-web-designer. É formado técnico em informática e sabe estourar pipoca sem deixar muitos piruás sobrando. Semi-nerd assumido (se é que isso existe), gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


5 Divagações

  1. Ai Edu, vejo que te chamar atenção não fez nenhum efeito, mas fico feliz por estar sentido melhor em relação as tosses, sinal que não é nada grave,neh!
    E espero mesmo que esteja bem recuperado para o grande evento animê!
    Não farei comentários sobre o comportamento de sua mãe para contigo, pois acho que é muito pessoal, e levando em consideração que ela tem transtorno bipolar, é muito delicado, para as pessoas de fora fazer algum tipo de comentário.
    Mas quero que saiba, que admiro muito a tua posição de que não deves abandona-las, você está agindo com um homem de verdade.
    E todos sabemos que ser homem, não é apenas um fato de termos algo entre as nossas pernas, mas sabermos agir conforme a nossa condição e consideração pelas pessoas que nos trouxeram ao mundo.
    Parabéns meu amigo, não é fácil, mas você está conseguindo e isto te fará uma pessoa muito forte num futuro não muito distante.
    Sobre encarar pessoas mesquinhas, preconceituosas , homofobicas e entre outros desafetos é um grande desafio para todos nós.
    Mas a vida é assim mesmo, ela nos impõem situações onde devemos aprender a nos tornarmos fortes, com estes pedregulhos em nossos caminhos.
    É aprendendo e superando a cada desafio que nos tornamos em uma pessoa melhor.
    É fácil falar, difícil é aguentar, eu mesmo aguento(obrigado), o dia inteiro pessoas, que sempre estão falando, ou fazendo coisas para me provocar.
    Mas o tempo me deixou anestesiado, e se analisarmos estes tipos de pessoas, conseguimos ver nitidamente, que elas são muito infelizes, e que todas as suas atitudes e afirmações negativas, são típicas de pessoas, frustradas e fracassadas em tudo.
    Sobre estas pessoas não podemos fazer muita coisa, pois, se elas mesmas, não se esforçam para fazerem o melhor para elas mesmas, ninguém poderá.
    O negocio é tentar mudar os nossos aspectos negativos, e fazer destas pessoas um exemplo, daquilo que não queremos ser no futuro, e tentar ser o melhor em tudo dentro das nossas possibilidades, para não sermos fracassados como eles.
    Abraços fraternos Edú, e fico feliz por ter melhorado da tosse.
    NAMASTÊTA!

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  2. Faz xarope de cebola ou cenoura para a tosse existe uns comprimidos de eucalipto muito bons para o que tu tem. Evita usar bota para não bater elas hehehehe.....mando uma energia de cura para você. Abraço

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  3. Oi Eduardo,

    Vou te dar um palpite, tá? Vai batalhando na tua profissão e daqui a mais um tempo vá morar sozinho e dê tipo uma mesada pra sua mãe e tia. É um direito que vc tem de ter tua vida independente.

    Conviver com uma pessoa bipolar é bem difícil. Eu sei porque convivi com uma pessoa com este problema durante muito tempo. É uma convivência que faz mal.

    Pessoas homofóbicas vão logo calar o bico porque o movimento gay está cada dia mais forte e eles estão pouco a pouco conquistando seus direitos. Em breve será uma coisa comum em toda parte, não apenas nos grandes centros urbanos ou nos países de primeiro mundo.

    Mas agora deixa eu fazer uma pausa pra te contar uma coisa que sempre penso mas nunca falei....rsrsrs Eu acho que vc parece o Renato Russo e se vc fizesse umas músicas com as idéias que vc escreve aqui no blog era capaz de fazer sucesso...rs Não to brincando não...rs

    O Renato Russo morou perto da minha casa e daqui eu ouvia ele ensaiar. Quando vejo sua foto muitas vezes me lembro dele. Eu acho que ele nem cantava muito bem, mas as letras das músicas é que as pessoas gostavam.

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  4. Edu, embora não comente acompanho todos os posts do Divagações.

    Me conforta saber do alívio das suas dores(stava preocupada de verdade!), mas não é motivo p ignorá-las, pois iso não faz com que o caso seja solucionado.
    Sabe aqueles conselhos que damos, embora não o façamos tão quanto deveríamos?
    -Vai ao médico, cara! Ainda dá tempo se o médico passar alguns exames. Imagine Chegar o dia da excursão e vc dar uam crise pior? Não tem nem graça, não ver na caixa de entrada uma notificação sobre o Animefriends no Divagações. Fala sério!

    Agora velho, quanto a sua "mainha" já é uma questão de hábito. É uma tática que foi utilizada a vida toda. Mas lidar com Bipolar é fogo! É provavel que ela sinta gratidão mas é dificil demonstrar. Ela sabe que precisa de vc! Agora, a partir do momento que o trampo lhe proporciona mais prazer do que seu lar que já não está tão doce, é bom fazer alguns considerações. Sem mudanças não há avanço.

    Não quero bancar a asistente social, e fazer um planejamento familiar para ti, nem posso. Mas alguns pareceres nos ajudam a ver as coisas de um outro modo não visto até então.


    PS.: Sabia que tinha algo de bom em seu chefe. A mão que nos estapeia muitas vezes acaricia.

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  5. Ola Edu, cara que bom que esta melhorando, que cituação dificil vc vive em casa em meu amigo, mas o interessante é que vc consegue enchergar tudo claramente,e tem tomado as atitudes certas pra esse seu momento, mas concordo com o comentario da Leia Franca, assim que puder e se sentir seguro pra faze-lo, more sozinho e de uma mesada pra sua mãe e tia, sei que cortar o cordão umbilical especialmente em casos delicados como o seu, é extremamente complicado, mas cedo ou tarde as circustancias te exigirão isso.

    parabéns pelo sucesso no trabalho, e pelos projetos em andamento, foi se o tempo em que eu vinha aqui e tinha muito pra dizer, vejo o quanto vc cresceu e tem crescido Edu, o quanto seu campo de visão se expandiu, só posso te desejar boa sorte Edu e sucesso.

    ah, outra coisa que a Leila disse eu ratifico,
    eu nunca disse também, mas sempre que leio seus textos vejo a mesma sensibilidade, que vejo nas letras de Renato Russo, vc podia tentar compor algo.

    grande abraço Edu

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