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Sobre pôneis malditos, o homem de Neandertal, consumismo inato e pixels coloridos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Já disse na última postagem que ir ao shopping é uma coisa que me cansa demais, na verdade até mesmo ir caminhar no calçadão de compras do centro da cidade me irrita, contudo, como as únicas cinco salas de cinema da cidade ficam no shopping, sou obrigado a me deslocar até lá e caminhar pelos
corredores abarrotados de gente, observando o show bizarro de futilidade e consumismo ao qual as pessoas se prestam.
Semana passada quando fui obrigado a andar pelo shopping até começar a sessão das 16h30min de Capitão América eu fiquei observando as formigas consumistas que são as pessoas, andando pra lá e pra cá, subindo e descendo as escadas rolantes, lotando a praça de alimentação e comecei realmente a ter vertigens, minha vontade era simplesmente cair de joelhos no meio do shopping e começar a urrar. Provavelmente chamariam os seguranças e me prenderiam em uma camisa de força, mas juro pra vocês, minha vontade era essa.
Passando em frente às Casas Bahia (minha felicidade é ter um crediário lá), parei como sempre para olhar as gigantescas TV’s de LCD e LED. Lindas, reluzentes, imagem perfeita, dá mesmo vontade de comprar uma, mas aí eu sempre me pergunto nessas horas: “Pra que?”.
Fico pensando sobre como as pessoas hoje em dia se deixam levar por essa onda de “eu preciso ter um desses”, porque meu amigo tem, meu vizinho tem ou simplesmente porque “é legal ter um desses”. Eu estava parado admirando a imagem cristalina de um desses televisores quando uma família completa parou do meu lado para fazer a mesma cousa, papai, mamãe filhinhos e até a vovó, tão bem arrumada e maquiada que mais parecia estar indo a um jantar de luxo. Instintivamente comecei a prestar atenção neles:

Papai: “_Nossa! Olha só essa imagem, linda, maravilhosa. Que show, é essa aí que eu to querendo pra colocar em casa.”
Vovó:
“_E até que não está tão cara, pelo tamanho. Quarenta e duas polegadas? É isso?”

Filhos e esposa olhando para a TV com olhar desejoso.
Papai: “Rapaz, acho que vou levar. Pelo tamanho dela não está tão cara. Quanto é? Dois mil e quinhentos? Tá um preço bom, vou chamar a vendedora. Moça!!”
E foi assim, simples como é eu ir até a padaria buscar meia dúzia de pães pro meu lanche da tarde. Ora bolas, como dizia um conhecido meu dos tempos do colégio técnico: “Quem é que não tem R$ 2.500,00 disponíveis?”. O que eu sei é que da lista de coisas que vem de berço, hoje em dia está incluso o consumismo e ele tomou de longe a dianteira da educação, amizade e amor ao próximo. As crianças hoje desde quando nascem já são instruídas pelos próprios pais vazios de que ter é bem melhor do que ser. Uma pena mesmo.


Convivo diariamente com uma pessoa que na última terça feira veio com uma dúvida ridícula: fazer ou não academia junto com uma ex-namorada, mesmo estando com uma nova namorada que diz amar muito. Ele afirma que esse dilema o está deixando louco porque isso é natural de todo o homem. É comum no homem de acordo com ele, mesmo estando comprometido, cobiçar outras mulheres. De acordo com ele, nenhum homem consegue resistir a isso.
“_Caso ao sair da academia ela peça pra irmos pra minha casa, como vou poder recusar a isso? Sou homem!” _ele disse. “_Meu Deus! Que dilema terrível, não consigo parar de pensar nisso!”.
Combinação perfeita de ser humano: machista, homofóbico e galinha. Depois ainda reclama do comportamento hiperativo do filho.
Sou muito mais as mulheres do que os homens, acho o homem uma criatura ridícula, um escravo imbecil de seus instintos e desejos. Não sei se sou eu o diferente ou se todos os homens são muito iguais, mas realmente não consigo compreender por mais que tente o comportamento Neandertal masculino.
Eu tentei argumentar em vão, dizendo a ele que não consigo enxergar a dificuldade em se ser fiel a quem se ama, afinal, se você está com alguém é porque quer estar, porque gosta dessa pessoa, a respeita e quer que as coisas entre vocês andem nos eixos. No meu ponto de vista, se você trai seu parceiro ou parceira é porque não o ama, porque não está satisfeito com a relação que tem. Só vai buscar coisas novas e diferentes quem já não está mais satisfeito com o que tem, quem quer algo a mais, isso se aplica a tudo na vida, inclusive a relacionamentos.
Quando eu disse a ele que não sou assim e que ele está errado em generalizar, em dizer que todos os homens são guiados apenas pelos seus instintos sexuais ele quase se alterou. Na cabeça dele é assim e pronto. Ele não consegue admitir o fato de que seu comportamento não é correto. Mas enfim, como não posso e nem desejo mudá-lo, o problema é dele, uma criatura de vida inconstante e relacionamentos do mesmo tipo. O pior é que ele está satisfeito em viver assim. Triste.


Não que tenha qualquer coisa a ver com o assunto sobre o qual escreverei agora, mas realmente não consigo mais tirar aquela música imbecil dos pôneis malditos da cabeça. Pior que nem letra ela tem, só fica repetindo aquela merda de refrão: “Pôneis malditos, pôneis malditos, lálálálá lálálááá!”. Eu não gosto de carros e mal conheço marcas de veículos, mas é incrível como as agências de publicidade e algumas mentes pensadoras conseguem fazer às vezes propagandas virais capazes de atingir até mesmo a parte do público que não é consumidor dos seus produtos. Pra quem não faz a mínima idéia do que estou falando, pode assistir ao comercial do veículo automotor Nissan clicando aqui e conferir o que são esses tais pôneis malditos, claramente inspirados nos personagens infantis de Meu Querido Pônei (tá, confesso, tive um bonequinho desses).

Notícia comum hoje em dia, que li na terça-feira: “Na Inglaterra, jovem morre de trombose após 12 horas jogando vídeo-game sem parar”. Depois as pessoas ainda me acham prepotente quando eu digo que desprezo a raça humana. Vai dizer que ela não merece? Quando leio uma notícia assim eu não sei o que sentir, não sei se tenho pena do infeliz do garoto que devia ser um solitário e anti-social, se tenho desprezo por seu retardamento mental e o de seus pais, que com certeza não deveriam ter sido pais ou se simplesmente acho tudo muito normal, já que hoje em dia o bizarro faz parte da natureza humana. Caramba, eu instalo alguns jogos no meu computador de vez em quando e até confesso tenho um tempo razoável pra jogar se quiser, só que agüento no máximo uma hora, uma hora e meia por dia e olha lá, mesmo assim quando desligo já estou tão saturado que só quero continuar jogando no dia seguinte, quem sabe no outro, pois meu instinto natural me diz que tenho coisas muito mais importantes pra fazer, afinal, há tanta vida lá fora.
Tudo bem que não sou nenhum exemplo de popularidade e aproveitamento de vida ou tempo, mas ainda assim prefiro ficar solitário durante uma caminhada a fingir que está tudo bem e que meu mundo é cheio de pixels coloridos num jogo de computador. É isso aí amigos, volto com mais divagações logo logo.



Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática e trabalha como designer e web designer. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


6 Divagações

  1. Digo, que para ser homem de verdade tem que ter força de vontade para deixar essa babaquice de pensar que o correto é sair por aí se atracando em todo galinheiro. E odeio esse comercial imbecil de pônei maldito, na minha cabeça não ficou, graças! Nem vi essa notícia da criatura que morreu jogando. Mas que pais ele tinha, heim? Sei que é fácil julgar, mas eu enchia de bofetadas e jogava o computador, jogo, sei lá... fora da janela!

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  2. Mary
    O duro é que eu estava comentando com essa pessoa que nem precisa ter tanta força de vontade assim, como se você tivesse que resistir à um vício. Basta ter apenas consciência do certo e do errado, mas ele não concorda comigo. Ele acha que é simplesmente físico.

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  3. Oi EDU,
    esse cara é um coitado!!! Aposto que ele não sabe o que é amar alguem!!! Ai,ai...
    Se puder, da uma espiada no blog mulherescafajestes.blogspot.com . Acho que vc vai gostar! Ele trata de como as mulheres vêm homens assim.
    Não pegou em mim a música do pôney, mas o FB todo esta comentando!!
    BJO!

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  4. Edu, sempre fazendo um raio x do ser humano. Uma das vantagens de se ter vivido meio século e´ter visto o fim de caras como o teu colega, amargurados e correndo atrás de adolescentes. As pessoas que tem dinheiro pra jogar fora são uma minoria, mas as que por ter crédito fácil fazem asneiras do tipo deste pai, são milhares. E os poneis malditos, é a hipnose de massa já presente nos livros do Aldous Huxley!

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  5. Cara, particularmente eu curto shoppings, é um lugar onde eu me distraio muito, principalmente no cinema, eu amo ir ao cinema, e estar em lugares movimentados, a monotonia me deixa louco.
    O consumismo é a palavra de ordem, nessa sociedade capitalista em que vivemos, não tem jeito, cabe a cada um de nós, nos conscientizarmos do que é, e do que não é realmente necessário.

    Cara o caso desse seu amigo, é como o caso de muitos, que na verdade gostam da vida que levam, e querem justificar seus erros, pq eles sabem que estão errados, mas procuram uma justificativa pra se convencerem que estão certos, pq o objetivo é se convencer, o cara que ta errado, ele não quer convencer a todos, mas sim a ele mesmo, pra que assim ele possa ficar com a consciência tranquila e continuar no erro.

    Cara esses pôneis malditos também não saem da minha cabeça, a primeira vez que vi esse comercial eu comecei a rir, depois não esqueci mas rsrs, mas agente sabe que isso tudo é uma técnica que as agencias de propaganda usam pra enfiar coisas na nossa cabeça, não tem nada de inteligente ou criativo, são imagens que o nosso cérebro reconhece, ações que aguçam o nosso desejo e repetição de palavras tudo bem elaborado, é tipo hipnose.

    por isso vivemos numa sociedade fútil e consumista, pq a todo momento a tv, o radio, as musicas, até as musicas, os jornais em fim, todo veiculo de mídia mandam sugestões para o nosso cérebro, através dessas propagandas, dizendo que precisamos comprar, ter, possuir, sem percebermos, somos manipulados a todo instante.

    O caso desse jovem, não é diferente, é só mais uma mente que foi manipulada, convencida de que o importante era virar aquele jogo que com certeza deveria ser algum jogo do momento.
    e como os pais vão poder ajudar se também foram convencidos disso.

    grande abraço Edu

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  6. PARAAA a parte o pônei maldito me matou de rir, eu odeio a musiquinha do PôNEI, quero morrer quando vou por um vídeo no youtube e toca aquilo...rs. E poxa, adorei o seu novo theme do b.log, super clean! Saudade de comentar aqui, faz um temponho..rs

    Beijos.

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