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Sobre um novo blog, medos irracionais, mudanças e medo de um futuro incerto.

sábado, 3 de março de 2012

“Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”, é o ditado que eu deveria dar como conselho aos meus amigos, já que gosto tanto de dar conselhos mesmo quando não me pedem. Eu até tento não fazer isso, pois sei o quanto enche o saco às vezes, mas é um impulso mais forte do que eu, quando percebo já estou tagarelando feito uma matraca.
Eu vivo aconselhando meus amigos de que não devemos ter medo do futuro, não devemos temer as mudanças que querem acontecer na nossa vida, pois elas são inevitáveis, pouquíssimas cousas podemos controlar. Fico bradando aos quatro ventos que sem sofrimento não há mudança, que devemos abrir mão de uma cousa pra conseguir outra, falo do desapego, de ser forte, de enfrentar os desafios, mas o caso é que eu mesmo não sigo meus conselhos.
Eu quero mudanças em minha vida, o que já é um ótimo sinal eu acho, pois nenhum homem é uma ilha e não querer mudar é não querer evoluir e nem aprender e eu acho que um dos muitos objetivos da vida, de nascermos, passarmos por tudo o que passamos de bom e de ruim, ganharmos e perdermos é aprender com tudo isso. Aprender pra que, se morremos? Não vou entrar no mérito dessa questão, tenho minhas próprias crenças, as quais não envolvem religião alguma.
O caso é que estou com medo, apavorado, chegando a passar mal de tanto nervoso, pensando o que vai ser da minha vida esse ano e nos próximos também. O aviso prévio que estava cumprindo chegou ao fim na sexta passada e agora posso me considerar oficialmente desempregado, faltando apenas fazer a homologação daqui alguns dias e tudo estará terminado. Uma fase da minha vida que durou exato um ano.
Mas não é só pelo fato de me ver desempregado, com duas pessoas em casa pra sustentar que estou apavorado. Uma coisa que aprendi ao longo dos anos é que uma hora ou outra as coisas acabam se resolvendo de uma forma ou de outra, nunca passei necessidade até hoje e nunca hei de passar, sinto que logo arrumo outro emprego do que quer que seja. O que tem me apavorado é que eu decidi buscar mudanças. Isso é bom? Sim, com certeza, mas apavorante também.
Quando você muda, seja por força da vida seja por sua própria vontade, não é apenas você quem muda, mas todas as coisas ao seu redor também, tudo tem que ser adaptado a sua nova realidade, costumes, rotina, as pessoas. E o meu maior medo é esse: pessoas. Não adianta eu negar a realidade, sou carente de afeto, atenção e acho que o serei pelo resto da minha vida. Melhorei nesse quesito, mas ainda assim a carência que sinto me afeta bastante, tenho que fazer força para mantê-la sob controle. Segurar a dependência, o ciúme.


Depois que minha mãe me comparou com meus amigos, dizendo que todos estão fazendo faculdade menos eu, fiquei me sentindo bastante mal. Como já disse, ela tem esse dom, gosta de me diminuir para ter controle sobre mim. Sei que não deveria me deixar afetar por isso, mas ela conhece meus pontos fracos, sabe que eu fico o tempo todo me comparando com as pessoas, as achando melhores do que eu e aproveita-se dessa minha fraqueza quando quer me atingir, então dias depois dela ter me dito o que disse, por curiosidade entrei no site do cursinho pré-vestibular gratuito que tentei fazer em 2009, mas desisti no meio. Sempre me culpei por ter desistido desse cursinho, pois cedi mais uma vez às minhas fraquezas, aos meus medos, então, semanas atrás, navegando por esse site eu vi que as inscrições ainda estavam abertas e que a prova seria logo no próximo domingo.
“_Pra que me inscrever?” _pensei. Afinal a prova seria daqui três dias. Não tinha pretensão nenhuma de estudar, mas apesar de todo o pessimismo eu imediatamente fiquei ligado, algo em mim gritava: “_Faça a maldita inscrição!” Bem, fui lá e fiz, sem expectativas, sem esperanças, apenas fiz por fazer, pra dizer depois que pelo menos não deixei a oportunidade passar.
A prova foi no domingo mesmo às 13h00min, tive que sair umas três horas antes de casa, pois nos domingos os ônibus são escassos e não param na porta da faculdade, além do lugar ser bem longe. Óbvio que como sou uma pessoa precavida, antes de ir, conversei com um conhecido meu que é um dos organizadores desse cursinho, pois queria ter certeza que um dos meus desafetos que lá estuda não iria me incomodar. Ele me disse que essa pessoa iria ser um dos fiscais de sala da prova e é lógico que eu não queria isso. Não iria conseguir ficar calmo durante a prova, com uma pessoa desagradável me “fiscalizando” o tempo todo. Pensei até em levar um canivete por precaução, mas não o fiz. Cedo ou tarde eu dou sorte e ele acaba morrendo de alguma outra forma. Por sorte esse meu conhecido me prometeu que iria mexer os pauzinhos e colocar o cara pra fiscalizar outra sala que não a minha, e foi o que aconteceu, embora no meio do meu caminho indo pra prova, no ônibus, o infeliz entrou e eu fui obrigado a respirar o mesmo ar que ele, pelo menos por uns minutos.
Fiz a prova com o mesmo ânimo com o qual fiz a inscrição, desmotivado, desacreditando que daria em algo e chutei todas as 60 questões, TODAS! Nem demorei tanto pra sair de lá, fiquei apenas o tempo mínimo permitido, entreguei a prova e fui embora com a certeza de que joguei quinze reais de inscrição no lixo.


Na segunda-feira recebi a notícia de que fui aprovado na primeira fase. Chutando todas eu acertei o mínimo necessário, que são 26 questões. Fiquei surpreso, já que estava certo de que tinha ido péssimo e que agora, só no ano que vem quiçá, mas não, fui aprovado e agora devo passar pela segunda e terceira fases, a entrega de documentos para análise sócio-econômica e depois uma entrevista chata. Se passar em mais essas duas etapas eu ganharei uma vaga no cursinho.
Não estou feliz, mas também não estou triste. Como disse no início da postagem eu estou com medo. Caso eu comece mesmo esse cursinho a minha rotina vai mudar horrores. É óbvio que daqui a pouco estou trabalhando novamente e fazendo o cursinho, serei obrigado a passar praticamente o dia todo fora durante a semana, vindo em casa somente pra dormir, chegando quase meia-noite. Não seria problema se eu não sentisse falta de nada nem de ninguém. No último ano fiz amigos maravilhosos, conheci uma pessoa que amo muito e mesmo estando distante eu não quero perder contato, mas sinto que quanto mais me focar nas coisas que preciso fazer, mais as coisas vão ficar complicadas pra mim.
É um medo irracional na verdade, pois essas pessoas que me amam tanto, já me juraram de pés juntos que não pretendem se afastar de mim, mas já vivi bastante pra saber que geralmente não é assim que as coisas funcionam, o tempo, a rotina e as coisas que acontecem com as pessoas dificultam tudo e eu estou cansado de ver isso acontecer e não poder fazer nada. Eu quero crescer, quero evoluir e sei que as pessoas que me amam torcem por mim, querem me ver vencedor e não importa pelo que eu tenha que passar, vão me apoiar, elas me dizem sempre isso. Como eu disse, as coisas pelas quais passamos, nossos desafios bons ou ruins, vencidos ou não, servem para nos fazer aprender, nos fazer perceber que temos limites, alguns que podem ser vencidos se lutarmos e outros que temos obrigatoriamente que respeitar, caso contrário as coisas desandam.
O estranho é que por mais que eu tenha medo das mudanças eu as procuro. Não com a freqüência que deveria, mas as procuro. E também às vezes, não de forma tão drástica. Como exemplo disso, no sábado decidi clarear os cabelos. Já faço isso há alguns anos, mas decidi não fazer no último por causa do povo lá do antigo trabalho, que tiram sarro de tudo o que acham diferente e não masculino, mas agora que estou livre, posso ficar a vontade, sem ter que aturar chacotas e reclamações.
Ah sim, pra terminar, ordeno a vocês meus leitores que também acompanhem outro blog de contos fictícios que acabei de criar: CRÔNICAS DE UM APOCALIPSE ZUMBI. Não me acho bom pra escrever ficções fictícias, mas me deu vontade. Se quiserem acompanhar eu vou ficar bem feliz.


Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática e trabalha como designer e web designer. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


6 Divagações

  1. AH, por isso que eu ia vir aqui e ia parar noutro blog! Assino embaixo, sou uma contradição ambulante, mas Edu, mil vezes sermos imprevisíveis que ''aquela velha opinião formada sobre tudo'' e viver cimentado!

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  2. Você tem sorte, já notou? Eu acompanho teu blog há bastante tempo e percebo isso. Ano passado para arrumar o emprego você teve sorte, estava togo negativo, mas te viram na rua e te chamaram, além de você ter conseguido um outro emprego e ter se dado ao luxo de não ficar lá. Tinha também a carta de motorista, um amigo te deu de presente o curso, não foi? E agora você passou novamente no curso, com muito pouco esforço. Talvez tá na hora de entender que a vida tá sorrindo pra você há muito tempo. Talvez se você se arriscar mais...

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    1. Pois é, tenho pensado muito nisso, o quanto chances não me faltam. Basta aproveitá-las.

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  3. É comum ter medo e ficar receoso, mas você não pode deixar isso te abater e paralisar.
    Uma coisa que percebo em você Edu, é que você ainda é muito preso a coisas do passado, pessoas e sentimentos. Você tem tanta mas tanta raiva de pessoas e essas pessoas não estão nem ai pra você, talvez nem lembrem que você existe. E esse sentimento que você fica carregando só te faz ficar mais pesado e só faz mal a você e apenas a você.
    Parabéns por ter passado no cursinho. Sei que você vai se sair bem.
    Quanto a seu medo dos seus amigos se afastarem de você...eu nunca vou poder chegar e dizer que pessoas são substituíveis, mas eles não falaram pra você que não pretendem te abandonar?
    Tudo bem que a vida acontece pra todo mundo, a gente não pode controlar a mudança que acontece ao nosso redor e nas pessoas ao nosso redor, mas podemos direcionar a nossa.
    Se por um acaso dessas mudanças você diminuir contato com eles, vai ser chato? Vai. Vai ser triste? Vai.
    Mas eu tenho a visão que amigo pra ser amigo não precisa tá falando todo dia toda hora um com outro. Tem pessoas que as vezes paro pra conversar de verdade mesmo uma vez por mês, mas eu ainda assim considero esses como meus amigos e sei que eles me consideram assim porque eu sei que quando eu precisar eu vou poder contar com eles e vice versa.
    E pelo jeito que você falou dessas pessoas penso que isso também é verdade no seu caso.
    Saiba desde já que como seu amigo, comigo você pode contar, mesmo diminuindo nosso contato após o início do curso.

    P.S.: Nunca mais tinha comentado aqui.

    Levi Ventura

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  4. Pois eu digo, parabéns pela atitude! Mude sempre que lhe for conveniente... é o que eu tenho feito. E estou viciado em pequenas mudanças, rs (caso a parte). Boa sorte nessa nova rotina!

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