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Sobre batalhas perdidas, nossos instintos primitivos e coisas há muito mortas.

sábado, 6 de julho de 2013

Dessa vez decidi mesmo aos poucos ir abandonando esse blog. Eu sempre disse aqui que o criei por vários motivos, sendo que dois dos mais importantes deles eram desabafar, na esperança de que as pessoas se identificassem com meus problemas, entendessem o porque de eu ter um comportamento tão radical e o outro, menos nobre, era pra poder, à minha maneira, me vingar dos meus desafetos, atacando-os com palavras, alfinetando-os na esperança de chamar-lhes a atenção, com o intuito de continuar fazendo parte da vida deles, impor minha presença a eles mesmo que de forma negativa
Até agora a minha vida tem sido um círculo vicioso de acontecimentos, por mais que eu tenha ido a psicólogos, recebido conselhos de profissionais e amigos, por mais que eu tenha caído várias vezes nas mesmas armadilhas, eu continuo insistindo nos meus erros e estou chegando a conclusão de que isso faz parte da minha personalidade. Algumas pessoas passam a vida complicando coisas simples, com uma sensibilidade maior do que deveriam e eu acho que sou uma dessas, sempre encarando tudo o que me acontece, de forma extrema, pois faz parte da minha natureza. 
Eu acredito que algumas pessoas tem alguns de seus intintos primitivos mais salientes do que outras, pois em essência somos animais, desde pequenos aprendemos isso na escola, animais "racionais", mas eu creio que muitos de nós as vezes, talvez por influência lá dos tempos das cavernas, quando éramos mais instinto do que inteligência, acabamos tento reações para certas coisas que nos acontecem que talvez tenham a ver com nosso instinto inato de sobrevivência e autopreservação. Eu sou assim no que tange aos sentimentos e relacionamentos. Por instinto, quando realmente gosto de alguém, quando de fato me importo, acabo me entregando a isso de forma quase irracional, pondo muitas vezes as prioridades do outro antes das minhas. Lógico que no meu caso em particular isso é devido a um monte de outros fatores, como complexo de inferioridade, carência, entre outros, mas no geral, agir assim com quem eu gosto se tornou parte de mim, algo tão natural quanto respirar.

Todavia, assim como me entrego a uma coisa de forma instintiva, instintivamente também reajo de forma primitiva ao que considero ser uma ameaça ao meu bem estar, tanto físico quanto psicológico. Como um animal acoado, machucado, eu sempre acabo tendo a reação mais básica: fujo, me recolho, buscando me proteger dos perigos e de mais dor, dos ataques que estou sofrendo ou possa vir a sofrer. Fiz isso a minha vida toda, enfrentando e tentando levar as coisas até onde consigo, até um ponto de ruptura no qual não consigo aguentar mais e aí, sem achar uma saída, simplesmente fujo
Não que isso resolva muita coisa ou apague o medo e a dor que me tomam, mas no desespero, as vezes é só o que conseguimos fazer. Eu ainda me considero particularmente em vantagem, pois muitos nem sequer tentam enfrentar a dor, já fogem dela logo de início. Eu, ao menos de uns anos pra cá, tento enfrentá-la como disse, o quanto posso, tentando buscar uma solução ou meio termo (geralmente favorável a mim), mas é óbvio que fazer isso acaba sempre se mostrando uma batalha perdida, pois sempre temos a ilusão de que, agindo da forma correta, dizendo as coisas certas e movendo as peças do tabuleiro com cautela, vamos conseguir controlar situações as quais não temos controle algum. Foi o que fiz recentemente, mais uma vez, pela septuagésima ou centésima vez, sei lá, já perdi a conta como disse, de quantas vezes já cometi os mesmos erros, na esperança de que algum dia eles se mostrem acertos.

O relacionamento virtual que eu vinha tendo e do qual tanto falei aqui nas últimas postagens, pois para mim, apesar de ter sido somente virtual foi intenso demais, pois foi a primeira vez em 36 anos na qual de fato me apaixonei por alguém, terminou em verdade há mais de um ano, não de comum acordo é claro, caso contrário não estaria reclamando e nem me doendo tanto como acredito, dá pra notar, mas o fato é que terminou. Eu estou sozinho, reclamando para as paredes, chorando quase todas as noites, por algo que já não existe mais há um bom tempo. Eu sou assim, esse sou eu, insistindo em tentar manter vivas coisas que já morreram há tempos, na esperança de uma possível ressuscitação. Como eu disse, mera ilusão de que podemos controlar coisas as quais não podemos.
Há um ano ele desistiu de mim, enquanto eu ainda acreditava que talvez um dia, com nossos esforços combinados, poderíamos ficar juntos, mesmo estando muito, muito longe um do outro. Não sei ao certo se fui eu quem teve fé demais ou ele quem teve de menos, mas o fato é que ele desistiu. Eu o culpo, mas ao mesmo tempo tento não culpá-lo tanto. O culpo na verdade pela dor que ele me causou, não por ele ter escolhido o melhor pra si, pois essa é outra coisa inata ao ser humano: sempre se colocar em primeiro lugar. Dizem alguns que isso é o certo a se fazer, dizem que faz bem e ajuda na autoestima. Eu ainda tenho minhas dúvidas. O que eu sei é que, comigo gostando ou não, está tudo acabado faz um bom tempo, mas eu, como disse no começo desse texto, tive como muitos a ilusão de que, quem sabe, se eu fosse dourando a pílula, levando a coisa em banho maria, comendo pelas beiradas, apoiando, incentivando, dizendo as coisas certas no momento certo, me mostrando amigo, carinhoso, prestativo, quem sabe assim ele não se arrependeria de ter querido me deixar e resolvesse tentar nos dar uma segunda chance. No fundo eu sabia, a gente sabe que isso não vai acontecer, que a distância e os acontecimentos da vida de cada um só servem para fazer o contrário, nos afastar ao invés de unir, mas ainda assim fica aquele "quem sabe?".

Nesse meio tempo eu fui fazendo o que o meu instinto me obrigava, tentando desesperadamente resgatar algo que em verdade eu sabia que já não estava mais lá. Ele mesmo me disse recentemente, antes de eu decidir definitivamente cortar total contato: "Você já está há mais de um ano preso a um sentimento que não existe mais". E embora ele esteja certo, dói ouvir isso da pessoa que você ainda ama, como dói. Dói ouvir que "Nada melhor para esquecer um amor antigo, do que um novo amor. Eu que o diga". Como a pessoa pode dizer isso na sua cara e esperar que você não se ressinta? Bom, dizem que a verdade dói, não é mesmo?
No último ano fui jogando meu jogo, tentando entrar em uma porta que já estava fechada pra mim e com a fechadura trocada. Até foi me permitido entrar novamente, mas me dito que eu não encontraria mais lá, nada do que eu estava buscando. Fui descobrir isso recentemente, não que no fundo eu já não soubesse, como disse, a gente sempre sabe, só se recusa a aceitar por ser doloroso demais.
Em nossa última conversa no mês passado, a qual tomei o cuidado de conduzir ao ponto que eu queria, que me levasse às informações que eu queria, fui obrigado a encarar a verdade que eu já sabia. O caso é que eu fiz isso propositalmente, eu pedi por isso, levei toda a conversa de uma forma que ela acabasse como acabou, porque eu precisava disso, precisava ter um motivo forte o suficiente, doloroso o suficiente em meu coração para ter coragem de começar a me libertar de uma coisa, de acordo com ele, sem futuro nenhum.
Propositalmente o obriguei a dizer, a me revelar coisas que eu sabia que iam me ferir, que eu sabia que iam me destruir, e que acima de tudo, iriam me fazer odiá-lo, se não pelo resto da vida, talvez por muito tempo.
Soube que durante todo esse tempo no qual eu fiquei achando que talvez tivesse uma segunda chance (e não foi por falta de aviso da parte dele), ele já esteve com outras pessoas, descobriu novas possibilidades de vida, experimentou coisas novas, enfim, soube que aquele jovem que conheci há tempos atrás ficou no passado, que a pessoa que estava "diante" de mim hoje, é uma outra a qual eu desconheço completamente. Soube que ele conheceu alguém, que está amando novamente, que tudo o que um dia ele disse pra mim, está dizendo pra essa pessoa agora. E para mim, ficou apenas a saudade do que foi e um "Boa sorte, espero que você seja tão feliz quanto eu estou sendo agora. Espero que ainda possamos ser grandes amigos".

As pessoas são assim, lidam com seus problemas e suas dores cada um a sua maneira. Alguns superam e conseguem resgatar pelo menos parte do que perderam. Se contentam em ficar com metade do que tinham ou com algo completamente diferente. Outros como eu, e sinceramente não me considero errado em me sentir assim, simplesmente agem de acordo com seus instintos primitivos. fogem feridos e vão se esconder em algum canto até a dor e o perigo passarem e eles poderem sair novamente. E foi o que eu fiz. Não sei lidar com isso, simplesmente não consigo. Uma vez que eu amo alguém, uma vez que o sentimento vem, ele não vai embora. Eu só disfarço ele em outra coisa, com a intenção de não deixar mais ele me machucar tanto quanto antes. Odiando coisas que em verdade amo, para que assim, ao não poder te-las da forma como eu realmente gostaria, isso não me machuque tanto, apenas incomode nos dias mais frios.

Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática, trabalha como designer e diagramador. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.



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