Review - X-MEN: DEUS AMA, O HOMEM MATA
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
Me considero, em se tratando dos X-MEN, um leitor "das antigas", embora tenha realmente me interessado pelo universo Marvel, mais especificamente pelas histórias dos mutantes, somente na minha adolescência, quando o desenho animado começou a ser exibido pela famigerada Rede Globo de Televisão. Pude perceber então que o que eu achava conhecer sobre os X-MEN e suas aventuras, não era nada comparado a tudo o que as histórias em quadrinhos tinham a me oferecer. Com o tempo, aprendi a identificar e valorizar o trabalho de inúmeros artistas do ramo, escritores, desenhistas, coloristas e arte-finalistas, gostando de alguns mais, outros menos, escolhendo meus prediletos. Foi então que comecei a buscar pelas histórias clássicas, ignoradas por mim até então, mas mundialmente conhecidas e premiadas, aclamadas pelos fãs de quadrinhos. Até há alguns anos atrás era algo bem complicado de se achar, muitas coisas até hoje eu procuro e infelizmente não encontro mais publicada, contudo, com o crescimento da cultura nerd no Brasil, hoje em dia as editoras dão bem mais valor ao gênero e estão sempre republicando grandes obras do passado, como foi o caso recente da Graphic Novel X-MEN: DEUS AMA, O HOMEM MATA.
Nessa história clássica e famosíssima dos mutantes, publicada originalmente em 1982 e que, pra quem ainda não sabe, serviu como base para o roteiro do filme X-MEN 2, o professor Xavier e seus alunos, Ciclope, Tempestade, Wolverine, Noturno, Kitty Pryde e Colossus, entram na mira do fanático pastor Willian Striker, um influente religioso que acredita que a raça mutante é uma cria do demônio, uma ofensa contra Deus e toda a Sua Criação. Seja disseminando suas palavras de ódio e preconceito em seus cultos religiosos, seja com o apoio de sua equipe, os Purificadores, assassinos de mutantes, o pastor Striker quer declarar guerra contra toda a raça mutante e consequentemente o extermínio dessa espécie, que ele julga uma abominação às leis de Deus e da natureza. Para conseguir vencer essa batalha, os X-MEN serão forçados a uniren-se ao seu pior inimigo, Magneto, mas logo descobrirão que esse confronto não poderá ser vencido apenas com os punhos e seus poderes, mas também com palavras e sentimentos.
O ponto alto da história, pra mim, particularmente, é próximo ao seu final, quando o pastor Striker, em frente às câmeras, em rede nacional, aponta para Noturno e questiona se "aquilo pode ser considerado humano", usando como principal defesa de seus argumentos, a Bíblia Sagrada, com seus trechos citados aos montes no decorrer da trama, nos quais está descrito o quanto o diferente deve sofrer e ser condenado, o quando aquele que não se encaixa nos padrões cristãos deve ser "apedrejado até a morte". Algo nada diferente do que vemos hoje, com a perseguição evangélica aos homossexuais.
Considero essa uma aquisição indispensável para todos os fãs de histórias em quadrinhos e dos mutantes da Marvel em particular. A Editora Panini acabou de relançar essa publicação num encadernado de capa dura, papel especial e recheada de extras, com entrevistas e esboços fantásticos. Uma publicação atemporal e uma leitura mais do que interessante.
EDUARDO MONTANARI
Virginiano, bauruense, estudante de Design, ilustrador e web designer. Amante de cinema, quadrinhos, boa música e outras nerdices. Sonhando com o namorado ideal.
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