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Sobre genitálias alcoolizadas, regras de sobrevivência, fechar algumas portas e continuar respirando

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Parafraseando o texto que li em um meme há alguns dias e achei muito pertinente, pelo visto o réveillon de 2021 foi mesmo contagiante.
Se você não é um bolsonarista ou negacionista acéfalo, sabe que a pandemia ainda não acabou, mesmo com o advento das tão sonhadas vacinas. Para quem levou desde o início e ainda vem levando a sério o contágio, isso não é novidade, os cientistas e especialistas previram isso e nos avisaram, logo quando tudo começou, que novas variantes surgiriam, afinal isso, apesar de bem chato é perfeitamente normal, pois é da natureza de um vírus sofrer mutação para se tornar mais resistente. Dito isso, estamos aí, janeiro de 2022 com uma terceira onda e essa variante com um nome que mais parece de um dos Transformers do mal: Ômicron. Quem dera os efeitos dela fossem só transformar a gente em um carro.

De minha parte continuarei tomando os cuidados necessários para manter meu corpo físico vivo, mesmo que por tempo indeterminado, passando a máscara nas mãos e besuntando minha boca, as fossas nasais e a genitália com álcool em gel, afinal um pinto saudável é um pinto desejável. Gostaria muito que as outras pessoas também fizessem a parte delas para evitar contaminar aos outros e principalmente a mim. Caso ela pegue COVID e morra por negacionismo o problema é dela e eu não me importo, será menos uma pessoa burra e descartável no mundo. Não estou aqui há mais de dois anos, praticando o isolamento social na medida do possível, evitando aglomerações, usando máscara quase que o dia todo para vir um idiota e me contaminar. É o fim da picada! Também sinto falta de passear em grupos grandes, de viajar, de um monte de outras coisas, mas infelizmente é complicado e sou obrigado a seguir certas regras, mesmo que cansativas, se quiser continuar respirando.

Alguns negacionistas creio eu, jamais mudarão de opinião. Posso até imaginar que alguns devem chegar ao ponto de ficar felizes pelas vacinas criadas ainda não serem perfeitas e definitivas, só para sentirem que "tinham razão", que vacina não funciona, não presta e é até prejudicial. Até alguns meses atrás toda essa ignorância me incomodava, mas agora que já tomei minhas três doses quero que se dane, desde que eu e as pessoas com as quais me importo estejam vacinadas, o resto que se foda. Se tem uma coisa de útil que essa pandemia fez pela humanidade foi mostrar o quanto existe gente burra e má no mundo. E já dizia o Renato Russo né: "A ignorância é vizinha da maldade". Pude separar o joio do trigo e selecionar melhor as pessoas com as quais quero estar, as que não quero e as que sou obrigado a aturar.

Mudando da água pro vinho, como fez Jesus na Bíblia, na postagem anterior escrevi sobre minha nova postura em relação aos meus amigos e pessoas no geral, sobre tentar manter menos contato com o intuito de não me rebaixar tanto, implorando atenção e nem acabar cansando o outro, enchendo o saco dele com minha insistência. Em parceria com essa decisão tomei outra da qual espero me orgulhar futuramente: Sem ódio, sem mágoa, sem a intenção de vingança, exclui uma pessoa que vinha mantendo nas minhas redes sociais há muitos anos. Algo simples e corriqueiro para a maioria, mas não pra mim, que tenho o defeito de ser extremamente apegado ao passado e de esperar que, de algum jeito bizarro ele seja consertado mais dia menos dia.

Já contei aqui várias e várias vezes sobre o rapaz de Salvador com o qual mantive um "namoro virtual" por alguns meses há quase dez anos e sobre como, por minha culpa isso não acabou bem. Sobre o quanto eu fui injusto com ele e o magoei quando ele me pediu para terminarmos o relacionamento virtual. Meu comportamento me fez perder até mesmo sua amizade, para sempre.
Eu não apenas tenho dificuldade para perdoar os outros, mas também não consigo perdoar a mim mesmo pelos erros que cometo ao longo do caminho, o que acaba me impedindo de seguir em frente e deixar o passado onde ele deve ficar. Então, mesmo depois de pararmos de ter contato, de minha parte ainda optei por mantê-lo no meu grupo de amigos do Facebook, mesmo ele tendo me bloqueado no Twitter e no Instagram. O que, para a maioria das pessoas inteligentes e não teimosas, é um sinal claro de que a outra pessoa não quer mais que você faça parte da vida dela. Nem mesmo à distância.

Como eu disse, a decisão de mantê-lo entre meus contatos ativos no Facebook foi minha, na vã esperança de que, passado algum tempo ele me perdoasse e tivesse novamente o interesse em manter um contato amistoso, afinal dizem que o tempo cura todas as feridas. Acreditei então que, mantendo essa linha de comunicação aberta ele teria um meio de conversar comigo algum dia, caso desejasse, só que isso nunca aconteceu. A cada ano que passava eu ficava imaginando se seria naquele que ele me procuraria, não com amor, não com carinho, não pra falar sobre recordações, mas simplesmente para saber como eu estou, numa conversa minimamente amistosa, demonstrando com isso que eu ainda tinha algum espaço na vida dele.

Sendo de fato sincero, afinal estou sempre me esforçando para parar de mentir pra mim mesmo, um outro motivo pelo qual eu não quis removê-lo de minhas redes sociais foi para poder bancar o stalker ridículo. Inconformado por ele aparentemente não me perdoar e não querer mais contato, ao menos podia, de tempos em tempos entrar em suas redes sociais e ver o que ele andava fazendo da vida, pois eu sentia que dessa forma, mesmo que não tivéssemos mais contato ou nada em comum, ele ainda faria parte de minha vida de alguma maneira. Doentio e triste, eu sei, de dar pena.

Ao longo dos últimos anos, vez ou outra arrisquei entrar em contato com ele pelo Facebook, enviando mensagens admitindo minha culpa e pedindo perdão, todavia em nenhuma das vezes tive qualquer tipo de resposta. O caso é que pelo que pude perceber ele nem usa mais o Facebook, o que explica o fato de ser a única rede social na qual ele não me bloqueou. Acho que nos últimos três anos, se ele fez duas atualizações foi muito. Ainda assim eu insistia em manter o canal aberto, afinal, na minha cabeça eu ainda tinha esperanças de que algum dia ele pudesse querer contato. Um erro recorrente meu em relação às pessoas que saem da minha vida é acreditar que só porque eu fico com elas na minha cabeça elas fazem o mesmo, que da mesma forma que eu fico remoendo o passado o outro também fica.

Sendo assim, em dezembro passado, depois de protelar por anos decidi finalmente deixá-lo em paz e aceitar que o que quer que tenhamos sentido um pelo outro no passado ficou para trás. De forma alguma eu esperava que reatássemos um romance, não é nada disso, sempre tive isso muito definido em minha mente. O que aconteceu foi algo daquele momento, daquele período, uma das muitas experiências passageiras que vivenciamos ao longo do caminho, mas foi algo finito, estava fadado a ser, tinha que ser. Eu só passei os últimos anos nutrindo esperança de resgatar alguma coisa próxima à amizade que tivemos, mas como diz o ditado popular, "quando um não quer, os dois não fazem" e eu sou obrigado a respeitar isso, não apenas na minha história com ele, mas com quem quer que seja, quem quer que cruze o meu caminho e depois queira seguir adiante. Ficar apegado ao passado foi opção minha, não dele.

Pelo menos até onde eu sei ele parece estar bem, seguindo com sua vida como é o certo a se fazer. Na última espiada que dei em seu perfil antes de decidir romper esse último fio da corda, vi uma nova atualização, uma foto dele com a irmã e o pai em um shopping, o que é muito bom, já que mostra que certas coisas andaram se resolvendo ao longo do tempo. Ele está bonito, aparentemente com saúde e com certeza focado em seja lá o que estiver fazendo da vida, e pra mim isso deve bastar, aceitar que a vida anda, as pessoas mudam e se adaptam e as coisas se ajeitam como devem se ajeitar. Confesso que não pude conter um sorriso quando vi a foto, algumas lágrimas também, mas o sorriso é que foi o indicador de que já passou muito da hora de eu deixar as coisas seguirem. No final das contas, todas as experiências pelas quais passamos, difíceis ou não, tristes ou não, nos ensinam de uma forma ou de outra, pelo amor ou pela dor.

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