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Sobre falar sozinho por aí.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009




Eu confesso: sou uma das milhões de pessoas no mundo que fala sozinho. E quando eu digo falar sozinho, não é o caso de bater o dedão numa pedra e xingar ou fazer uma conta pensando alto, eu digo realmente falar sozinho, como se estivesse conversando com alguém invisível



Não é que eu realmente acredite que tenha alguém do meu lado me ouvindo nem nada, sei lá, eu simplesmente falo. Falo comigo mesmo fazendo minhas auto-análises, tenho discussões e brigas imaginárias com algumas pessoas, vou andando pela rua e quando me dou conta, estou falando sozinho, discutindo em voz alta com fulando ou ciclano, imagino-os me respondendo. As vezes me imagino conversando com uma namorada que não tenho, chegando ao ponto até de ter uma discussão de relacionamento e tudo. 


As vezes caminho sozinho por uma, duas horas e acabo me cansando de tanto falar sozinho por aí. Quem passa do meu lado deve me achar um biruta de marca maior, afinal, pensar alto "eu preciso ir ao banco" é uma coisa, mas discutir nervosamente com pessoas que não estão lá é meio bizarro. Não chega a ser uma coisa que me incomode tanto na verdade. O chato é as vezes ficar pagando um mico ou outro, quando eu to tagarelando e gesticulando no meio da rua e de repente percebo que tem alguém andando alguns metros atrás de mim. Geralmente quando eu percebo eu disfarço, finjo que estou cantando uma música qualquer ou sei lá o que.  


Não sei se chega a ser preocupante. Minha psicóloga disse que o número de gente que fala sozinho hoje em dia, pelos mais variados motivos é de perder a conta, mesmo assim acredito que tudo deva ter um motivo. Tenho me perguntado qual será o meu. Tenho pra mim que é vontade de falar mesmo, desabafar, colocar as coisas pra fora. Opiniões, sapos engolidos, assuntos inacabados. Acho que já devo ter brigado feio com os dois "érres" conhecidos, umas 200 vezes no meio da rua nesses últimos meses, quebrando pescoços, esfaqueando gragantas e quebrando braços, além de falar um monte de coisas entaladas. O bom é que nessas horas o sangue ferve e o coração dispara pra caralho. Ajuda na caminhada. Só incomoda mesmo a dor de cabeça que vem depois. 


Tenho tentado focar meus monólogos móveis em algo mais produtivo, cantar uma música, repetir frases de filmes famosos ou bolar o roteiro de alguma história em quadrinhos. Pena que todas essas opções acabam incluindo mortes violentas e cruéis de pessoas conhecidas. Acaba vindo automaticamente. Mas enfim... 


Um mp4 no ouvido tem ajudado. melhor caminhar ouvindo Dan Dan Kokoro Hikareteku e Hitorijanai e cantando desafinadamente do que ficar discutindo sozinho com caras que não estão lá. Tenho pensado em começar a andar com um canivete nos bolsos. Tem uns bonitos no shopping. 


Pois é. Falar sozinho garante bons micos na rua, mas as vezes fico pensando, tanta gente muda que adoraria poder falar. pelo menos eu posso.


Um feliz natal, pra quem merece.





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1 Divagações

  1. Detalhe 1:Eu falo sozinha,e muita das vezes em outra língua principalmente qd vinha do curso de idiomas.
    Detalhe 2:Eu tbm ouço músicas de origem japonesa elas amenizaram mais me fizeram me tornar um ser muito "alienada".
    Detalhe 3:Agora vivo conversando mentalmente e fujo da realidade,falar comigo é igual falar como uma pedra :S

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