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Sobre mensurar sentimentos, erguer as mãos pro céu, células e férias.

quinta-feira, 15 de julho de 2010


Subindo ao mercado ontem a noite debaixo da chuva gelada para buscar chá, me peguei refletindo (que novidade) sobre como é cretina essa mania que todo mundo tem de querer mensurar e comparar sentimentos, tipo: 

"VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE SOFRER POR TÃO POUCO! EXISTEM PESSOAS QUE SOFREM MUITO MAIS QUE VOCÊ!" 

Pensei nisso porque até um tempo atrás uma pessoínha ficava sempre me dizendo que eu faço drama demais, que reclamo demais de tudo. E é muito ofensivo quando você está sofrendo seja pelo que for e as pessoas fazem pouco dos seus sentimentos, como se eles não fossem importantes e querendo lhe dizer o que você deve sentir. 
Bom, sim, é verdade mesmo que existem pessoas com problemas infinitamente maiores do que os meus, mais graves e tudo o mais, contudo fiquei analizando o quanto querer fazer um comparativo de problemas e sentimentos é inútil. Para ilustrar melhor a minha linha de raciocínio vou usar exemplos bobos. Por exemplo, certa vez estive na casa de uma pessoa e ao verificar o aquário da sala, a irmã dela verificou que um de seus peixinhos preferidos havia morrido. Ela ficou muito chateada, muito chateada mesmo e então começou a chorar. Um detalhe é que a dona do peixinho já é uma adulta, contudo ficou muito triste com o que viu e pôs-se a chorar. Me lembro que vendo a cena achei essa atitude muito idiota e exagerada, afinal, chorar por causa da porra de um simples peixinho? Se fosse um cachorro ou um gato, que em minha opinião são mascotes mais significativos. Mas uma merda de um peixinho? Me lembro que pensei: "Nossa, que drama ridículo! Tanta coisa mais séria e importante pelo que chorar!" 

"VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE SOFRER POR TÃO POUCO! EXISTEM PESSOAS QUE SOFREM MUITO MAIS QUE VOCÊ!" 

Quer dizer então que a moça não tem o direito de ficar triste e chorar por causa do peixinho dela? Pra mim era só um peixe idiota, mas para ela poderia ter sido um mascote muito importante. Quem sou eu para julgar pelo que ou por quem ela deve verter suas lágrimas ou não? Vamos a outro exemplo. Um trabalhador que perdeu dois dedos em alguma máquina e por causa disso está sofrendo muito, está deprimido e bastante acabado. Vou eu então chegar para esse trabalhador e lhe dizer: 

"ESCUTE AQUI, PARE DE RECLAMAR POR TÃO POUCO. TEM GENTE QUE NÃO TEM AS DUAS MÃOS!" 

Bom, tá, tudo bem, é verdade. Mas quer dizer que agora por causa disso o rapaz vai ter que calar a boca, abrir um sorriso e sair cantarolando? Então se for assim, vou chegar até o cara sem mãos e lhe dizer que existe gente pior, sem os braços. Vou até o cara sem braços e digo-lhe pra parar de reclamar porque tem gente sem as pernas. Vou até o cara sem as pernas e digo-lhe para erguer as mãos pro céu (se ele as tiver) e agradecer, pois existem outros sem braços, pernas e cegos
Vocês entendem? Essas comparações nunca terão um fim, pois sempre vai haver alguém pior do que você. Agora então, por causa disso não se pode sofrer pelo seu problema, não se pode reclamar dele. 
Eu gosto de bater na tecla de que sentimentos são relativos. O que é importante para você, pode não ser pra mim e vice-versa. Quem sou eu pra julgar seu sofrimento? Quem é você pra julgar o meu? Pra dizer que o que eu sinto é errado ou exagerado? Quantas vezes a mesma pessoa que diz que você faz drama por se sentir solitário, não é a mesma que fica chorando pelos cantos do colégio porque não gosta do curso e vai mal nas provas? 
Meu sofrimento por exemplo, por ter uma mãe bipolar que já tentou se matar quatro vezes, não é mais importante do que o de um filho que viu a sua mãe se matar na sua frente, mas seja como for é o MEU sofrimento e estou farto das pessoas ficarem medindo ele. 

Dias atrás a tia de um amigo meu falesceu. Seria hipocrisia da minha parte dizer que fiquei triste ou comovido com o fato. Eu não a conhecia, praticamente nunca lhe dirigi a palavra. Não fui falso, fui apenas solidário. Fiquei chateado pela mãe dele, que sei o quanto sofreu pela irmã, mesmo quando ela ainda estava viva. Gostaria de não ser, mas ainda sou humano, não um monstro, mas fora isso, sinceramente o ocorrido não afetou em nada a minha rotina ou me tirou o sono. Contudo o que houve foi absurdamente relevante para ele e para a família dele e isso deve ser respeitado. Só porque isso não me afetou não significa que não seja importante. Toda a vida é importante, até mesmo a de uma célula. Menos a das pessoas as quais eu desejo mal. 
Por isso uma das características de minha mudança com as pessoas é a de que eu não admito mais que as pessoas me digam como devo me sentir ou se meu problema é mais ou menos importante do que o de fulano ou beltrano, como se eu não tivesse o direito de me sentir mal ou ficar magoado ou com raiva de determinada coisa. É fato de que sou extremista, não aceito meio termo, comigo é preto ou branco, esquerda ou direita, sou bem radical, o que sei, não é bom, mas mesmo assim ninguém vai me negar o direito de me ofender, me magoar ou me deprimir com algo que me aconteça, mesmo que pareça pequeno aos olhos dos outros. 
Bom, não vou me prolongar mais porque essa semana não tenho muito o que dizer. Provavelmente nos próximos dias terei menos ainda, pois minhas férias e meu tormento começam no próximo dia 19 de julho. Vou poder acordar mais tarde, mas em contrapartida vou me sentir ainda mais solitário e largado do que agora. Espero que pelo menos a chuva dê uma boa trégua para que eu possa ao menos caminhar todos os dias



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6 Divagações

  1. Eu acho que cada um sabe da sua dor, se sofre é porque precisa passar por tal provação. É certo que o mundo tem exemplos que nos deixar sentirmos ridiculos, mas ninguem vive nossa vida por nós. Então só tenha o cuidado para não reclamar demais, realmente, quem está por perto nunca entende, acha "um saco" mesmo. Bjs

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  2. Edurdo ,
    eu entendo perfeitamente o que vc quiz dizer .
    Isso se chama compaixão , entender o sentimento do outro e se compadecer .
    Mas agora vamos falar de felicidade , é muito melhor . E nesse caso , quando se deseja ser feliz , aí sim não há problema que nos leve ao sofrimento . Porque escolhemos ser feliz .

    abs
    Francisco

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  3. Pode parecer clichê, mas cada um sabe a dor e a dureza de ser o que é. Enfim, cada sentimento uma sentença, então só basta analizar sem questionar.

    Abraços!

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  4. ey pebso exatamente assim, tem cosias ai que sou eu dizendo...rs

    adorei!!!

    ps: sobre amor existir ou não, claro que existe, mas tem algumas formas de amor que eu duvido muito...

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  5. Eduardo querido! Deixei um comentário lá no Satélite para ti! Te adoro mesmo sem te conhecer pessoalmente. De férias também! Me escreve depois das 5 da tarde rsrss e se chover ou não chover, vá ao cinema, ao teatro, faça aquela oficina de literatura, ou de música, ou de dança. Aproveita.
    Adorei o teu post. Tivestes o discernimento de entender que cada um de nós guarda modos e jeitos de enxergar a vida ou sentir a dor, tristeza... Ninguém pode julgar a dor de alguém. O 'templo' é nosso. Nossa alma tem religião e somos nós que a regemos a 'casa'. Falar dos outros é bom, né? Ninguém sabe a importância dos fatos da vida que cada um exerce ou passou. Compaixão foi a palavra ideal mesmo para este post. Só aproveita aí, amigo, tuas férias.
    te adoro,
    Fabi
    Bjo
    Aproveitaaa!

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  6. Medir sofrimento alheio é um dos maus dos seres humanos.Eu fico muito revoltada com isso também,hoje em dia vc não pode sofrer por mais nada,pois sempre tem alguém pra dizer que tem gente pior que vc.

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