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Sobre compreensão por osmose, visitas inconvenientes e a incerteza ansiosa de um futuro não muito planejado.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Nos últimos anos tenho sido bastante criticado, mas também bastante elogiado por alguns, pela minha franqueza, por expor os meus sentimentos de forma escancarada, muitos me elogiam, dizendo que eu tenho a coragem que poucos tem, que é de demonstrar claramente o que estou sentindo no momento. Eu particularmente acho fácil fazer isso, não entendo realmente qual a grande dificuldade que alguém possa ter em dizer de forma clara e verdadeira o que sente. Em verdade, anos atrás eu não agia dessa forma, era fechado em relação ao que verdadeiramente sinto, como a maioria de vocês, humanos comuns, comecei então a ouvir um conselho aqui, outro ali, de pessoas que me diziam que, para ser compreendido você precisa se fazer compreender. Às vezes esperamos que as pessoas compreendam nossas dores, nossos dilemas e problemas, meio que por osmose, queremos ser entendidos mas não nos fazemos entender, por isso então, nos últimos anos decidi começar a ser mais sincero em relação ao que sinto, tanto para eu mesmo quanto para as pessoas ao meu redor. Consigo enxergar hoje que na vida, não apenas aprendemos lições que levamos conosco sempre, mas também fazemos algumas experimentações por um período de tempo, nos testamos para verificar se algo no que acreditamos vai dar certo ou não.
Fiz durante anos e principalmente nos últimos meses a experiência de baixar por completo meu escudo, me abrir, expor ao máximo o que sinto, com o intuito de fazer com que as pessoas, principalmente uma pessoa em especial gostasse mais de mim, visse em mim alguém que pudesse confiar plenamente, já que eu, sem reservas, quando me exponho é um sinal de que confio totalmente na outra pessoa. Acreditem, por mais que eu me exponha aqui no blog e no Facebook, uma famosa rede social mundialmente conhecida, não é nem a metade do que os meus pouquíssimos, mas verdadeiros amigos sabem de mim. Contudo, devido a acontecimentos recentes, e quando eu digo recentes, quero dizer, dos últimos meses, percebi que você ser franco, sincero é uma coisa, mas você expor demais suas tristezas e angustias é outra. De minha parte, sou uma pessoa que gosta muito de reciprocidade, sempre digo isso aqui, me é muito gostosa a sensação de troca, de compartilhamento, talvez porque eu seja filho único, talvez porque sinta uma solidão avassaladora desde que me entendo por gente, mas uma das coisas que mais dou valor é na confiança mútua. Pra mim, é uma sensação que me preenche de forma indescritível.
Entretanto por mais que eu tenha insistido em ser assim, a vida tem feito de um tudo para me mostrar que as coisas não funcionam bem assim como eu imagino. As pessoas em verdade raramente confiam umas nas outras a ponto de se entregarem dessa forma. Tenho bancado o bobo durante anos, esperando que as pessoas gostem de mim tanto quanto eu gosto delas, que confiem e se abram comigo tanto quanto eu aja dessa forma com elas. Decidi então seguir o passo dos mais espertos e guardar para mim alguns dos meus sentimentos mais profundos. Não tem compensado falar, não tem adiantado desabafar se não sinto nisso, reciprocidade.



Família é mesmo um troço complicado. Uma das coisas que me causa mais revolta hoje em dia é ver a mídia e a publicidade fazerem aquela propaganda ridícula e clichê da família perfeita, a família feliz, papai, mamãe, filhos e cachorro, família reunida em torno da mesa no almoço de domingo, sem brigas, discussões, palavrões, chega a ser uma coisa tão caricata que me dá nojo. Por um tempo, cheguei até a pesar que fosse ciúme de minha parte, por nunca ter conhecido o meu pai, por minha família ser um bando de gente sem noção e neurótica, cheia de transtornos mentais e coisas do tipo. Mas não, hoje percebo o quanto esse conceito da família perfeita é arcaico e forçado. Vejo pelos meus amigos, pelos meus próprios familiares, que o conceito verdadeiro do que é uma família hoje, se aplica a poucos. No domingo passado recebi a visita inesperada e desagradável, diga-se de passagem, de um primo muito, muito mala sem alça. Passei o domingo sozinho em casa e, no final do dia, depois de passar a tarde toda vendo pornografia, cochilado, assistido um pouco de TV, ter visto mais pornografia e cochilado again, fui tomar um bom banho gelado, devido ao calor excessivo que se fez no dia. Eu já estava quase terminando, já higienizando a glande, quando ouço alguém entrando na casa e andando por ela. Terminei meu banho, me enrolei na toalha e quando sai, lá estava ele no puxadinho, me esperando com a maior cara de imbecil da paróquia. Como ele sempre costuma fazer, apareceu sem nenhum motivo especial, apenas porque estava vindo de um lugar qualquer e infelizmente minha casa fica no caminho. Cumprimentei-o com toda a falsidade que pude e fui indo até o quarto para me trocar, lógico que o infeliz me seguiu, tagarelando algo sobre a nova tatuagem que havia passado o domingo fazendo, para agradar a namorada suburbana, que por um acaso do destino mora lá no Mato Grosso, acho eu, já tem um filho e apanhava do ex-marido. Coisa linda de Deus, acho que já até falei desse meu primo aqui em outra postagem e do quanto ele é dessas pessoas de cabeça pequena, com objetivos de vida pequenos e idéias cretinas. Não bastasse o chato me seguir até o quarto, comigo envolto na toalha, ainda entrou nele, se sentou na cama e continuou falando sem parar, sobre o quanto a tatuagem recém feita estava dolorida e também sobre a “namorada”, a qual ele jura um dia vir até Bauru pra morar com ele: "_É só ela resolver os problemas dela por lá”. Sei bem. E vou lhes dizer uma coisa, por mais que eu prefira rapazes à moças (surpresa essa para alguns, pra outros já nem tanto), eu preferia dançar “cara caramba cara caraô” fazendo pintocóptero em cima do trio elétrico do que deixar ele me ver nu em pelo, que foi o que ele fez. Embora eu esteja longe da minha forma física desejada, o que eu tenho é pra quem merece, não pra quem quer. Não consegui me concentrar em mais nada com ele lá, tagarelando seus dramas banais como se fossem a coisa mais importante do mundo. Ele queria minha opinião sobre como deveria proceder com um dilema que está enfrentando. Ao que parece, uma enfermeira “gostosa” está “louca pra dar” pra ele, já passou o telefone dela e tudo e quer “dar uma metida gostosa”  (diz ele, serem as palavras exatas dela) com o rapaz. O dilema dele é decidir se ele cede de uma vez, já que está no maior atraso ou se é fiel à namorada, que breve vai vir lá do cu do mundo pra morar com ele. Coisa mais fofa. Por conta disso perdi metade do filme que eu estava assistindo e quase deixei o strogonoff de soja queimar na panela. Pro meu desespero o infeliz diz que pretende voltar no domingo que vem. 

Ansioso e ao mesmo tempo amedrontado com o que o futuro me reserva. Dezembro finalmente chegou e com ele o final de mais um ano, isso se o mundo não acabar mesmo no próximo dia 21, o que eu espero que, se acontecer, seja em grande estilo, com céus em chamas, oceanos de sangue, funk tocando ao fundo e coisa e tal, tudo bem "Hollywoodiano". Contudo, caso nada aconteça e a vida continue na sua rotina normal, o ano que vem me reserva muitas surpresas inesperadas e interessantes, algumas dependendo das minhas decisões pessoais, outras não. Fiz o vestibular, passei em Design, já fiz minha matrícula, requisição de bolsa de estudos e está tudo aparentemente certo, restando apenas esperar as aulas começarem. Agora é esquecer parte do passado e me concentrar no que está por vir. Ao mesmo tempo em que espero que nada mude radicalmente em minha vida e rotina, sei que muitas coisas não serão mais as mesmas de fevereiro em diante. Muita correria, provas, trabalhos, compromissos, se hoje já me sinto cansado, com preguiça de fazer muitas coisas, imaginem no ano que vem, quando vou voltar pra casa onde resido, apenas com o intuito de me banhar, comer alguma coisa e dormir por apenas poucas horas.
Falando em faculdade, quero aproveitar e mais uma vez dar os parabéns ao amigo blogueiro, que aliás anda bastante sumido da blogsfera, Levi Ventura, dono do blog Só Pedaços, pois ele também começa na faculdade no ano que vem, fazendo um curso que diz gostar bastante. Fico muito feliz por ele. Assim é a vida, apesar de todas as nossas tribulações, ela nos obriga a tomar decisões e andar pra frente.
De mais a mais, acho que é isso pessoas. Pelo menos por enquanto a minha vida anda bem parada, estou superando aos poucos a perda do meu primeiro "grande amor" (tá, parece bobo mas é assim que eu senti, tá legal?). Ainda vou atualizar mais vezes antes do final de 2012, pois natal e ano novo, festas em geral, sempre me inspiram para o bem ou para o mal, mas sei que ando bastante repetitivo em minhas divagações. Novidades interessantes mesmo, acredito que só no ano que vem. Até lá, o tempo não para não. Coisas fantásticas ainda estão por vir, pra mim, pra você, pra todos nós, nem que seja um meteoro gigantesco e apocaliptico.



Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática, trabalha como designer e diagramador. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.



1 Divagações

  1. Cara, sinceramente, eu acredito que é em vão o esforço de tentar fazer alguém te entender se esse alguém não for seu igual, pois só os iguais se entendem. A verdade é, que, as pessoas em geral estão pouco se lichando para problemas e dilemas alheios, e criticar e apontar o dedo é mas pratico que tentar entender ou ser solidário a dor do próximo. E é por isso que me reservo ao máximo e me exponho só pra queles que realmente se importam com o que eu penso e sinto. E quanto a expor sua vida e sentimentos na blogosfera, acho positivo pelo lado do beneficio próprio, de querer aliviar a carga, por pra fora tudo que te sufoca, te deprime, pq esperar que as pessoas sejam reciprocas a isso, acho que é em vão.

    Eu lembro do post em que vc falo sobre esse seu primo, mais vc não tinha dito o quanto ele era mala nossa, cheguei a rir em alguns trechos.

    É Edu, então que venha 2013, sucesso pra vc

    Abraços

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