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Sobre o fim de tudo, uma percepção diferente do mundo e o valor de pequenas coisas.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O ano de 2013 está chegando ao final e como é de meu costume, já estou começando a refletir sobre ele, sobre tudo pelo que passei, as coisas que conquistei... e as que perdi também. Muitos de nós tem a mania idiota de mais lamentar as coisas que deixamos para trás do que comemorar nossas conquistas, nem todos são assim, mas eu sou um dos que se encaixa nesse quadro. Em uma dessas segundas-feiras passadas, meu professor, ao elogiar um trabalho meu, um desenho, me disse que percebeu ao longo do ano que eu sou uma pessoa com uma sensibilidade diferente, que eu percebo as coisas de modo distinto e que isso se reflete nos meus trabalhos artísticos. De minha parte, nunca realmente parei o suficiente para conseguir perceber essa característica em mim ou refletir se isso é verdade ou não. Bom, acredito que seja, pois dizem que as pessoas enxergam em nós, coisas que não conseguimos. O que me faz acreditar que isso seja verdade também, é o fato de que, como eu disse de inicio, valorizo mais umas coisas do que outras, as vezes deixo de dar valor à uma conquista e me foco em uma perda. Dizem que fazer isso é errado, mas aí eu pergunto: Quem é que pode julgar esse tipo de coisa? Por que sempre nossas conquistas tem que obrigatoriamente ser mais importantes do que nossas perdas? 

É fato que as coisas vem e vão embora, tudo tem um inicio e um final, independente de nossos desejos ou das coisas que façamos, Não se deve chorar pelo leite derramado, dizem, lamentar um amor perdido, o que passou, passou e você não pode mudar o passado por mais que queira, só pode viver seu presente e de certa forma planejar o futuro, e ressalto o “de certa forma”, porque uma coisa que aprendi com tudo o que venho passando nos últimos 37 anos é que o futuro é incerto, por mais que você o planeje ele nunca será exatamente da forma que você mentalizou, imprevistos acontecem e sempre acontecerão, alguns alterando leves nuances de seus planos, outros os mudando por completo. Não é que eu não esteja feliz por ter entrado numa universidade, estar cursando design, que é algo que adoro, estar trabalhando numa coisa a qual gosto, o caso é que para mim, sucesso profissional, pessoal, um curso superior, até mesmo conseguir um emprego melhor são coisas secundarias, não que eu não lhes dê a mínima importância, caso contrario estaria em casa, deitado no meu sofá assistindo vídeos pornográficos e me masturbando, e não trabalhando nove horas por dia e estudando das sete às onze da noite. O lance é que embora eu não sinta que estou perdendo meu tempo, mas sim ganhando, a sensação de que nada é como eu gostaria que fosse é muito intensa em mim. 


Se eu não estou enganado, pois estou agora tentando puxar da memória, existe numa musica do Legião urbana, acho que Via Láctea é o nome, um trecho onde o falecido Renato Russo, vocalista da banda diz: “Queria ser como os outros e rir das desgraças da vida ou fingir estar sempre bem, ver a leveza das coisas com humor”. Minha cara. Acho que talvez se eu fizesse como muitos e fingisse não ver as coisas que vejo, não sentir o que sinto, a vida seria bem mais fácil de levar, terminar um relacionamento e começar outro, como se o anterior nunca tivesse existido, como muitas pessoas fazem, deixar algo no passado e seguir em frente, mas não, não consigo ser assim e sinceramente hoje, já com meus 37 anos, alguns fios de cabelos brancos, um rosto que a cada dia reconheço menos no espelho quando acordo de manhã, não sei se quero, não sei se conseguiria mesmo que tentasse (e na verdade tento), porque isso faz parte do que eu sou. Não considero que me prenda ao passado, que não consigo perdoar ou esquecer, o que eu acho de mim mesmo é que simplesmente valorizo coisas pequenas mas importantes que a maioria das outras pessoas simplesmente não conseguem enxergar ou simplesmente não querem, porque sabem que se pararem e fizerem um balanço de seus verdadeiros sentimentos vão perder boas noites de sono.


Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Nascido e ainda morando na cidade de Bauru, interior do Estado de São Paulo, sou estudante de Design e trabalho como designer e web designer, áreas pelas quais tenho muito interesse. Amo cinema, quadrinhos e boa música.



1 Divagações

  1. Caro Amigo,

    Não existe problema nenhum em olhar para as perdas, se for com objectivo de melhoria contínua. Assim como não há mal nenhum olhar para os ganhos para nos sentirmos felizes. É de facto percepção. Típicamente os artistas como você são possuidores de uma sensibilidade diferentes das restantes pessoas, porque vivem muito mais com base no seu interior. As pessoas em geral vivem com base na reactividade do que é o mundo exterior. Daí, o facto de vivermos um estilo de vida que nos destroi.

    O problema de olhar constantemente para as perdas está no aprendizado. Normalmente quem olha muito para que perdeu, tende a ser uma pessoa negativa. E isso não lhe fará nunca ver o que já aprendeu, o que já cresceu na vida. Se você olha sempre para o passado se verá sempre criança, sempre com as mesmas mágoas, e não será capaz de perceber que no presente tem alguém ao seu lado que o ama.

    Isso acontece muito com as pessoas que por algum motivo se sentem pouco amadas ou falta de afecto, principalmente materno e paterno. A falta de sentir amor de alguém faz com que essa pessoa viva a sua vida a tentar conquistar este amor, ao contrário de aprender simplesmente a amar a si próprio.

    Se fizer uma observação a sua vida, verá que todos anos em meses específicos o seu estado emocional muda. Isso também tem a ver com questões astrais.

    A arte em si é manifestação de emoção, daí o artista normalmente ser muito outside relativamente a pessoas "comuns". É desta sensibilidade que se exprime em quadros, músicas, escultura etc.

    De facto muita gente não quer ver, porque se verem darão conta que somos todos escravos de um sistema chantagista, que não nos deixa ser quem queremos ser. Aí entra a sua questão da faculdade. É que embora goste você está nela para aprender e desenvolver mais a sua arte, mas também porque se sente chantageado em ter que ter um curso para garantir o emprego num modelo de vida que não o satisfaz.

    O bom disso tudo é, VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO!!! EHEHEHE

    Abraço

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