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Sobre canções de apartamento, grandes dores de cabeça vindouras e opiniões anônimas.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Recebi dia desses, dois comentários curiosos, de um leitor anônimo, aqui no blog, foi em uma de minhas antigas postagens, já nem me lembro qual, também porque não aceitei publica-los, não por tê-los considerado ofensivos ou algo do tipo, mas porque, certa vez, já escrevi aqui que evito publicar comentários anônimos. Concordando ou não, com as coisas que escrevo aqui, identifique-se devidamente, por favor, não seja covarde, se escondendo atrás do anonimato. No primeiro comentário ele escreveu mais ou menos assim: “–Você é um cara muito estranho. Lógico que fucei o seu perfil do Facebook”. Já no segundo comentário, ele soltou um: “–Eu acho que você deveria sair do armário e ser feliz”.
Você percebe que se tornou uma pessoa 0,0000000001% melhor, quando se dá conta de que nenhum desses dois comentários te abalou, mesmo porque não vi nada de mais em nenhum dos dois, sinceramente até achei-os bem engraçados, primeiro pelo fato da pessoa, seja ela quem for, não conhecer 0,0000000001% da minha vida e das coisas pelas quais já passei e tenho passado, e acreditem, o que eu exponho aqui no blog, não é nem a metade. Segundo, porque de certa forma, considero o primeiro comentário como uma espécie de elogio, acho que ficaria de fato chateado se soubesse que sou igual a maioria. Quanto a “sair do armário e ser feliz”, quando li eu não pude evitar o riso e a frase que se formou em minha cabeça foi: “–Meu bem, oi, esse trem já partiu faz um tempinho”. Quanto a “ser feliz”, isso é relativo, estando você trancado dentro de um armário ou não, seja ele de mogno ou cerejeira.



Tenho sentido às vezes, como se meu corpo fosse se partir ao meio. Com o reinicio das aulas na universidade e o advento do 4º semestre, como eu previa, não tenho tido tempo para descansar como se deve. Minha mãe e eu continuamos sem nos falar e minha tia continua dormindo fora de casa, cuidando da vizinha que se acidentou. Pelo que fiquei sabendo, ela já está bem melhor, mas como já é idosa, a queda a deixou com medo de dormir sozinha. Minha tia, que quando morrer, pelo visto vai subir aos céus de roupa e tudo, devido ao fato de ser a pessoa bondosa que é, aceitou então passar as noites com ela por um período de tempo indefinido, mediante, logicamente, uma remuneração financeira mensal, pois ela é bondosa, não idiota. O ruim disso é que só temos nos visto e nos falado nos finais de semana, mesmo assim, bem pouco, pois como sempre escrevo aqui, odeio ficar parado em casa sem ter nada pra fazer, adoraria ter uma companhia pra sair, mas na falta de uma, saio sozinho mesmo, nem que seja para caminhar a esmo pela cidade. Mas comecei falando sobre meu extremo cansaço, não? Ah, sim, então, sem minha tia em casa para deixar a comida me esperando quentinha quando chego a noite, da universidade ou minha mãe acordando cedo para passar o café, tenho feito tudo sozinho, o que, para mim, não tem sido sacrifício nenhum, já que, embora preguiçoso, não sou nenhum inútil. Só que, em decorrência disso, tenho acordado mais cedo e ido deitar mais tarde, pois chego da aula, tomo um banho fervente de uns 50 minutos, me masturbo, mal e porcamente requento a janta, já que estou tão cansado que não tenho paciência de perder muito tempo no fogão. Minha sorte é que, chegando tarde como chego, prefiro não comer muito mesmo, evita pesadelos. Todavia, o mal estar noturno que busco evitar, tenho durante o dia. Meus pesadelos diurnos não tem a ver com monstros ou privadas entupidas, tema com o qual sonhei recentemente, mas com o fato de eu estar passando por um período pelo qual tenho certeza, muitos passam, que é o de ter a constante sensação de que você não vai dar conta de todas as suas responsabilidades da vida adulta e vai acabar cedendo, partindo ao meio, no caso.

Descobri, para a minha infelicidade, que a disciplina eletiva pela qual optei antes do início do semestre, Laboratório de Jornalismo Televisado, é uma droga. Basicamente serei obrigado a passar seis meses brincando de fazer telejornalismo, ser hora um repórter, hora um entrevistado, escrever pautas de notícias, ou seja, tudo a ver com o curso que estou fazendo, que é o Design. Soube que o propósito de uma disciplina eletiva é esse mesmo, te jogar em um ambiente nada a ver com o seu curso, para promover a interação entre alunos de cursos distintos. Grande bosta! A disciplina é ministrada todas as quartas-feiras e desde que começou, já faltei em seis aulas (são quatro por quarta), pois realmente não me imagino e nem quero me imaginar, apresentando um telejornal. Bem, de fato eu não me imaginava fazendo ou enfrentando muitas coisas as quais hoje enfrento, mas jornalismo é algo que realmente não tem nada a ver.
Outro problema que, no momento não está me incomodando tanto, mas que, caso eu não resolva logo pode vir a se tornar uma grande dor de cabeça, é que, nesse semestre, uma das disciplinas que serei obrigado a concluir é o famoso estágio obrigatório não remunerado, com ênfase nas palavras obrigatório e não remunerado. Quando cursei o Colégio Técnico em Informática, enfrentei o mesmo problema e só pude pegar o meu diploma verdadeiro e me considerar oficialmente formado, quase três anos depois de terminar o curso, agora a novela se repete, só que, dessa vez, de uma forma bem mais intensa, pois trabalho na Acessoria de Comunicação da universidade, das 8h45 até as 18h45 e depois disso, tenho aulas das 19h as 22h15, então, tempo livre é um privilégio do qual quase não gozo mais.


É, tempo livre, irresponsabilidade ou não, pretendo fazer o meu e arcar com as consequências depois, eu já percebi que dou conta, de uma forma ou outra. No próximo dia 03 de setembro, no SESC aqui de Bauru, vai ter um show do Cícero, cantor que conheci há poucos meses, devido a uma de suas músicas fazer parte da trilha sonora do filme Hoje eu quero voltar sozinho. Uma dos nomes mais interessantes da chamada Retomada da MPB dessa década, Cícero lançou em 2011 seu primeiro cd, Canções de Apartamento, gravando e tocando todos os instrumentos em seu apartamento e o disponibilizando para download gratuito em seu site e em sua página no Facebook. Me apaixonei de imediato pela música que usaram para o filme, intitulada Vagalumes Cegos e corri baixar o CD completo. E é justamente esse CD que ele vem apresentar aqui na cidade.
Sou uma pessoa bem pacata, aprecio boa música, seja internacional ou MPB, não sou baladeiro, odeio agito, barulho e sinto falta de programas culturais de qualidade na cidade. Quando soube da vinda de Cícero para Bauru, não pensei duas vezes, independente de ter aula no dia, vou faltar e vou ao show, preciso disso, estou com um nível de estresse muito alto, o que vem afetando minha saúde. Correria no trabalho, nos estudos, desavenças em família e muita, muita solidão, embora essa já faça parte de minha rotina há um bom tempo, de forma quase constante. As músicas de Cícero me tocaram fundo, num momento de fragilidade muito grande, com suas letras bacanas, melodias agradáveis e muito sentimento. Me identifiquei demais. Geralmente não gosto de sair sem companhia, principalmente em shows, não que eu vá em muitos, claro, mas esse, não perderei por nada, ou pelo menos, espero não perder. É um daqueles eventos de oportunidade única.



 



EDUARDO MONTANARI
Virginiano, bauruense, estudante de Design, ilustrador e web designer. Amante de cinema, quadrinhos, boa música e outras nerdices. Sonhando com o namorado ideal.



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