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Sobre adaptação, o medo de novas experiências e sem planos para um bom gozo.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Faltando pouco mais de um mês para minhas férias ainda não tenho planos traçados para seu gozo. No final de janeiro passado viajei para a pitoresca cidade litorânea de Peruíbe, na casa de minhas primas, onde tive a memorável oportunidade de vislumbrar o mar pela primeira vez depois de 42 anos de vida. Foi algo muito mágico e extremamente salgado, mas confesso que, decidido de última hora. Sou dessas pessoas covardes que pensam cinco vezes antes de tomar uma decisão e muitas vezes, ainda assim, acabo desistindo. Por sorte dessa vez não foi isso que aconteceu. Entretanto minha prima teve de vir aqui em Bauru pra voltar comigo, pois como nunca tinha ido pra aqueles lados, estava apavorado com a ideia de viajar sozinho.
Sinto bastante vergonha em admitir o quanto ainda sou covarde para certas coisas. Já fui bem mais, mas ainda fico bastante tenso quando sou obrigado a ter alguma experiência inédita, seja ela qual for. Queria ser mais como meu amigo Danilo, que se enfiou sozinho em dois aviões (um de cada vez) e foi embora pra outro Estado viver com o namorado. São pessoas como ele que conquistam o que querem da vida muito mais facilmente. Admiro e invejo pessoas com atitude, mas sei que a força que busco já está comigo, é só uma questão de conseguir externá-la.
Tenho pensado bastante ultimamente em encarar uma balada sozinho, coisa que justifico não fazer por uma série de motivos: “não tenho carro nem moto, odeio sair sozinho pra determinados lugares, tenho medo de conhecer gente nova, etc”. Todavia agora, com a invenção do Uber, ao menos uma dessas minhas muitas desculpas ficou sem fundamento, pois se o que alego é medo de sair de casa a noite, sozinho, agora posso ir em segurança e ser deixado de volta no portão da minha casa, na hora que eu quiser. Então sobraram os outros pontos: odeio sair sozinho, tenho medo de conhecer pessoas novas.
Não é que eu tenha um ataque de pânico toda vez que alguém chega perto de mim, mas é fato que fico bastante desconfortável. Me considero uma pessoa quase sem nenhum atrativo e sempre tenho a sensação de que estou incomodando de alguma forma, seja com a minha conversa, seja simplesmente com minha presença. Resultado de anos e anos de baixa autoestima mal resolvida e muito bullying. Além do mais eu tenho uma dificuldade muito grande em interpretar a real intenção das pessoas para comigo, nunca sei se de fato me acharam bacana, se estão apenas sendo educadas, se estão com segundas intenções ou se simplesmente tem pena de mim. E seja qual for o caso, nunca sei como reagir a nenhuma das alternativas.
Os únicos lugares nos quais me sinto a vontade quando sou obrigado a ir sozinho são no cinema e numa lanchonete a cinco quadras de casa. No cinema porque amo filmes, amo de paixão, é um dos meus poucos prazeres, já que também, praticamente, não tenho vida sexual há uns bons anos. Já houveram casos nos quais eu estava tão deprimido que nem consegui prestar atenção no filme, mas geralmente é algo que gosto muito de fazer, independente de companhia. Já a lanchonete, além de ser perto de casa, tem muitas famílias, televisão, wi-fi e ótimos pastéis que caem muito bem com uma cerveja gelada nesse calorão, então fico tranquilo sentado em alguma mesa mais afastada, comendo meu lanche sem o medo de ser incomodado ou obrigado a interagir com mais ninguém além do garçom.
Não tem como eu deixar de admitir que talvez seja uma desculpa, um mecanismo de autodefesa do meu cerebelo, mas o fato é que não consigo deixar de sentir que, as pessoas estão cada vez mais vazias. As pessoas de mais idade parecem cansadas e sérias demais, abatidas pelas cobranças do mundo e sem tempo. Quanto aos mais jovens, não sei, não posso generalizar, mas parecem em sua maioria tão fúteis e com aspirações tão pífias. E muitas vezes, na ânsia de mostrar que são capazes, maduros, descolados e defensores de algo, acabam soando cansativos. Entretanto vemos o mundo e as pessoas da forma que melhor nos convém, não é mesmo? Talvez eu esteja apenas esperando, como muitos, que o mundo e as pessoas se adaptem ao meu jeito de ser e não o contrário.




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