Sobre fezes moles de mendigo, tatuagens e um 2019 vacilão.
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
Passei 2019 trabalhando praticamente sem ajuda, pois minha chefe saiu de licença maternidade no começo do ano e pouco tempo depois, minha colega se desligou da empresa me deixando com uma carga grande de trabalho. Não a culpo, claro, ela precisou se desligar por problemas familiares, mas foi tudo muito repentino e todos ficamos meio sem chão, principalmente eu, que tive de dar conta das minhas demandas e das que ela deixou. Algumas delas eu não fazia ideia de como eram feitas. Tive de aprender na marra e num curto período de tempo, o que me deixou com vontade de me jogar do viaduto. Além do mais, meu computador era uma carroça e dava pau de 30 em 30 minutos. Quando não travava, ficava lento ao extremo. Não desenvolvi uma úlcera nervosa só por Deus mesmo.
Tenho pra mim que tudo tem o seu lado bom e ruim. Há alguns anos eu vivia no constante pessimismo, vendo somente o lado ruim de tudo, mas a gente cresce, amadurece, percebe que não consegue mais se dobrar pra frente e encostar os dedos das mãos nos pés e chega a conclusão de que se você não tentar tirar coisas boas das ruins que te acontecem vai acabar louco de pedra, então, percebo que apesar de 2019 estar minando minha saúde física e mental com requintes de crueldade, também me mostrou que eu, que me julgo tão fraco e incapaz para tantas coisas, ainda estou vivo apesar dos pesares e de certo modo, até me tornando mais forte ao perceber que apesar de estar querendo me jogar da ponte, não o fiz até o presente momento, caso contrário não estaria aqui escrevendo isso e que, fazendo um retrospecto, venho dando conta das tribulações que esse ano cuzudo vem jogando em cima de mim, feito um balde cheio de água gelada com fezes moles de mendigo.
Talvez seja pelo estresse, talvez seja vontade de ser notado, talvez seja uma raiva reprimida de muitas coisas, mas tenho estado nos últimos tempos querendo muito fazer uma tatuagem. Nada grande, chamativo e nem ousado. Tatuagens assim são pra pessoas bonitas, com um corpo bonito que tem o que mostrar. Elas podem tatuar a bunda, os peitinhos, a virilha, já eu, se de fato tomar coragem pra fazer uma, quero algo pequeno e discreto no braço. Não sei porque estou com essa obsessão recente, nunca tive isso, já estou até conversando com alguns tatuadores, planejando marcar um horário, contudo o medo é grande. Sou absurdamente cagão pra dor e fico morrendo de medo do processo ser extremamente torturante, sanguinolento e que eu morra na cadeira.
Sinceramente achei que minha tia e principalmente minha mãe iriam ser contra essa ideia e fazer de tudo pra tirá-la do meu crânio, mas não, nada disseram, se são contra, acho que preferem não se manifestar. Acho que apesar de ambas algumas vezes ainda tentarem controlar um pouco minhas decisões, elas percebem que, bem, eu tenho 43 anos, alguns cabelos brancos e que não cabe a elas decidir o que gosto ou não gosto, o que faço ou deixo de fazer.
Ainda sem planos para as férias, embora minha prioridade seja descansar de uma forma ou de outra, esfriar a cabeça. Talvez vá para a praia novamente em Peruíbe, na casa das minhas primas, mas isso vai depender muito de como estiver a rotina delas por lá. Quero conhecer mais a região e se elas não tiverem tempo de passear comigo vai ser meio chato. Se eu tivesse condições financeiras iria visitar um casal de amigos em Minas Gerais, mas por enquanto não tenho condições de gastar tanto em um passeio, além do que, eles também não estão bem financeiramente e seria ruim me receber. Mas enquanto há vida há esperança e tanto eu quanto eles tem a intenção de um encontro algum dia.
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