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Sobre onanismo, férias frustradas de natal, culpa corrosiva e uma quarentena sem fim.

sábado, 25 de abril de 2020

Recentemente recebi a notícia de que a partir do dia 27 de abril estarei entrando de férias da empresa, Já tenho feito Home Office desde que a pandemia se agravou, o que não tem me agradado muito, uma vez que minha casa é bastante humilde e têm condições um pouco insalubres. No escritório tenho cadeira ergonômica regulada corretamente, um computador super potente de última geração e ar condicionado, o que torna muito mais leve e agradável cumprir a rotina de trabalho de design.
Normalmente saio de férias no mês de dezembro, já venho seguindo essa rotina há vários anos, mas agora, por conta da pandemia a empresa decidiu adiantar as férias de 2020 para que, no final do ano todos trabalhemos arduamente. Trabalho numa instituição de ensino e por conta da quarentena as coisas se complicaram bastante, tanto para os alunos, que foram obrigados a ter aulas online quanto para os funcionários. Por sorte não houve demissões ou cortes de salário, quem tem condições de trabalhar em casa o está fazendo, mas muitos funcionários que não trabalham com computadores, estão sendo obrigados a esperar tudo isso passar. Como disse, por sorte ninguém foi demitido, mas essa alteração gigantesca na rotina afetou a todos, com certeza.
Sinceramente não estava nem um pouco a fim de tirar férias tão cedo. Além de preferir o final de ano, com essa mortal pandemia se espalhando pelo planeta fica impossível gozar como se deve. No caso, digo gozar as férias, porque no auge do tédio e da mais pura solidão, o que mais tenho feito sempre que tenho chance é praticar o ato do onanismo. Sem o calçadão do centro da cidade para “bater perna” ou os shoppings para olhar coisas que jamais poderei comprar, sem minha principal diversão na maioria das vezes solitária, o cinema, o que me resta é fazer alguns trabalhos que a empresa tem me enviado, assistir TV, dormir, comer, dar voltas pelos quarteirões do bairro, comer e só. Da última vez que me pesei, isso foi no ano passado, estava com 80 kg, sinto que devo estar chegando aos 110 agora. Bom, eu não canso de parafrasear o Chaves, né: “Se a gente não come a gente morre. E se a gente morre, quando é que a gente come”?
Meus planos para 2020, além da minha Pós-Graduação que foi adiada por tempo indeterminado, incluíam também juntar uma boa grana pra, no final do ano, nas férias que não mais terei nessa data, ir viajar novamente pra Juiz de Fora, em Minas Gerais. Depois de ter ido pela primeira vez, no final do ano passado eu fiquei bastante empolgado em voltar, contudo descobri que meus dois anfitriões me consideram uma das piores pessoas já nascidas no planeta, uma espécie de macumbeiro homicida, então, planos descartados. Talvez quando tudo isso passar, o que eu duvido que vá acontecer tão cedo, eu vá conhecer Florianópolis. Tenho um casal de primos que mora lá e ambos vivem me convidando.
Todo esse lance de Coronavírus e a possibilidade de morrer sufocando, entubado num leito hospitalar tem me assustado bastante, uma vez que faço parte do grupo de risco. Pelo menos isso tem me feito refletir bastante sobre muitas coisas e dentre elas, todo o mal que já fiz para tantas pessoas sem que elas merecessem. Herdei de minha mãe o lado belicoso e rancoroso e eles só serviram para me prejudicar, machucar as pessoas que me tinham apreço e afastá-las de mim. Hoje, depois de tantos anos e refletindo sobre meus erros, sinto muita culpa, arrependimento, além de falta dessas pessoas que se foram, por opção delas e culpa exclusiva minha. Creio piamente na lei da vida que diz que nós colhemos o que semeamos, e embora a culpa me aperte o peito hoje, a vontade de pedir perdão a essas pessoas seja imensa, não posso culpá-las por terem ido embora e nem por não acreditarem ou se interessarem no meu arrependimento. Cada um de nós tem o castigo que merece pelos nossos erros e temos que aprender com isso.
Dizer que tenho planos pra essas férias frustradas e forçadas seria mentira. Se eu fosse como a maioria do povão, que se contenta com lives sertanejas nas redes sociais ou reality shows estaria bem servido, se gostasse de estudar também, mas odeio e não me sinto culpado por isso. O mundo me cansa, as pessoas também, a rotina de vida idem então foda-se. Pra não dizer que não farei nada de útil, tenho estudado alguns tutoriais de design e pretendo, se a preguiça deixar, ler ao menos um, dos muitos livros que comprei e ainda não li. Gostaria bastante também de conseguir assistir mais pornografia, mas não moro sozinho e essa quarentena não abre espaço pra privacidade, então, paciência.


2 Divagações

  1. aqui o tédio também arrombou a porta e deitou largamente no meu sofá, pra ser sincera analisando a minha vida resolvi desistir de algumas coisas que desde sempre me forçava a fazer mas não via um futuro feliz se realmente chega-se a alçançar - leia-se concursos - e estou me dedicando a um hobby que por falta de tempo nunca pude me dedicar, confesso que ler seu blog é um dos poucos prazeres que tenho, e achei legal vc querer ir pra floripa, um sonho que tenho vontade de correr atrás é de estudar na ufsc de lá, tem um ótimo curso, mas infelizmente nem sempre querer é poder

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  2. Eu não estou sofrendo muito nessa quarentena, mas eu entendo quem esteja. Ainda mais aquelas pessoas que perderam seus empregos e não guardaram dinheiro para emergências como essas. Mesmo com toda a solidariedade que eu tenho visto, realmente é uma situação muito complicada.
    Sou o tipo de pessoa que faz listas pra tudo, então eu te recomendo fazer uma lista de possíveis coisas pra fazer durante essa quarentena. Ler é ótimo.
    Eu também não sou muito fã de estudar, mas tenho muita vontade de aprender e só se aprende estudando, hahahaha. Tenho procrastinado muito essa área de estudos, mas tenho feito aos poucos.
    Um abraço!

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