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Sobre gozar somente por quinze dias, conversas despudoradas, governantes psicopatas, mães imunizadas e períodos de aprendizado

terça-feira, 11 de maio de 2021


Cada dia mais concordo com quem diz que a vida é, em verdade, um período de aprendizado. Independente de crermos ou não que exista algo depois disso aqui, um plano espiritual, um além vida, chame como quiser, se você não é uma pessoa de mente pequena consegue perceber que as coisas pelas quais passamos enquanto estamos vivos, boas ou ruins, nos ensinam lições. E embora eu tenha optado por não criar expectativas ou ficar fazendo deduções sobre a vida após a morte, acho que seria um grande desperdício de tempo passarmos por tantas coisas, aprendermos tanto pra depois jogar tudo isso fora. O que escolho é crer que todas as coisas pelas quais passamos precisam ser de alguma utilidade vindoura. Se não, qual o sentido disso tudo? Se a vida for só isso, nascer, passar por um monte de coisas, aprender lições, só pra depois simplesmente deixarmos de existir, Deus, caso realmente exista, é um grandessíssimo filho da mãe, pra não usar um termo mais ofensivo.

As minhas aulas de Pós-Graduação têm prosseguido aos sábados e não vou mentir, estou fazendo o curso pela mera obrigação de ter um diploma e ver se consigo um emprego melhor no futuro. Se dependesse de mim, se soubesse como sobreviver, arrumaria minhas malas e sumiria no mundo, viraria um eremita, um andarilho. As pessoas, a sociedade e as obrigações que ambas nos impõem me cansam demais. Passamos a vida tentando ser alguém, acreditando que fazemos isso por nós mesmos, quando na verdade só queremos cumprir as demandas que acreditamos esperarem de nós. “O mundo precisa de bons médicos, precisa de bons cientistas, bons construtores, bons samaritanos”. Não há nada de errado em almejar essas coisas, mas a verdade é que mesmo quando acreditamos estar fazendo algo por nós mesmos, estamos fazendo algo pelo coletivo. Não que isso seja ruim, mas cansa pra caralho. Já nem me lembro mais quando foi a última vez que fiz algo pensando só em mim mesmo (o que é um direito nosso). Todas as decisões que tomei ou ainda tomo são pensando em como elas refletirão no geral, na sociedade em que vivo. E gosto sempre de lembrar aos poucos que ainda leem e vem alguma relevância no que escrevo aqui, que essas são apenas minhas opiniões pessoais, a forma como vejo as coisas de modo particular.

Finalmente minha mãe e minha tia foram completamente imunizadas e estou com uma preocupação a menos. Como já era de se esperar minha mãe deu um pouco mais de trabalho, pois como sofre de transtorno bipolar, de tempos em tempo fica de péssimo humor desejando a morte de tudo e todos, inclusive a própria. Ela já é naturalmente difícil de lidar por ser ariana e pobre metida a rica, tipo a dona Florinda do Chaves, mas quando está no meio de uma crise se torna quase insuportável. Por sorte, depois de muito insistir ela topou se vacinar e agora ela pode continuar sendo indigesta, só que sem pegar COVID de forma grave. Espero que ela não invente de querer parar de se proteger, só porque se vacinou.

Quanto mais essa pandemia perdura mais aumenta o meu misto de angústia e ódio. Angústia pelas pessoas que estão morrendo, caindo como moscas uma atrás da outra. Agora com a morte do ator Paulo Gustavo, isso me afetou mais do que eu achei que afetaria. Não sou o tipo de pessoa que fica emocionalmente abalado quando coisas ruins acontecem com pessoas que não são íntimas minhas. Gosto de alguns atores e atrizes, cantores, mas nunca fiquei de fato abalado com a morte de nenhum deles quando aconteceu, nem mesmo do Renato Russo, meu ídolo, mas eu estava realmente torcendo pela recuperação do Paulo Gustavo, um excelente humorista, pai de dois lindos filhos e alguém de bom coração. Ódio porque, se não fôssemos governados por um psicopata, que até mesmo os especialistas e psicólogos já estão chamando de louco, as coisas com certeza estariam melhores e muitas mortes poderiam ter sido evitadas.

Depois de vários meses finalmente minha prima conseguiu uma folga pra vir à Bauru no dia das mães visitar a família e aproveitou para me convidar pra dar uma volta e tomar umas cervejas na praça principal da cidade (a qual por sinal está um lixão). Raramente nos encontramos porque ela se estabeleceu na cidade de Campinas há vários anos e trabalha muito na área da saúde, quase sem folgas, então, quando ela vem visitar os pais e a irmã, acaba aproveitando pra marcar algo comigo também. Amo essas oportunidades, pois ela é uma das raras pessoas com as quais posso conversar de fato sobre quaisquer assuntos sem pudor nenhum, desde filmes clássicos do cinema até qual a melhor posição pra um bom sexo anal. Passamos a tarde toda sentados na praça, conversando e sorvendo álcool e pra mim foi como um remédio em meio à essa pandemia de merda. Já nem me lembrava mais o que é sair e conversar com alguém por mais de cinco minutos. Estava tão desacostumado disso que, depois, em casa, ainda eram 21h e eu já estava morrendo de sono e cansaço. Bom, talvez eu só esteja envelhecendo mesmo.

Estava na esperança de, nesse ano de 2021 conseguir tirar trinta dias de férias no mês de dezembro. Na empresa preferem que a gente goze (as férias) quinze dias de cada vez, mas acho pouco tempo para um verdadeiro repouso. Sou do tipo que, quando estou de férias gosto de me desligar totalmente do trabalho e quinze dias não são o suficiente pra isso. Perguntei pra minha chefe sobre a possibilidade de gozar em dezembro (as férias) e ela disse que vai analisar meu caso, mas provavelmente terei de parar junto com o resto da equipe, por somente quinze dias. Bom, tem gente que não tem nem emprego, quanto mais férias remuneradas pra gozar, então é bom parar de reclamar tanto. Seja como for, enquanto essa pandemia não abrandar não se tem muito o que fazer mesmo.

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  1. Cheguei aqui pela carta da Valérie em V de Vingança, e por curiosidade cliquei pra ver se haviam novas postagens. Sei bem como é desejar mais que 5 minutos ao lado de alguém ingerindo álcool e podendo falar de tudo sem pudor.

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