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Análise: Samurai X - Rurouni Kenshin - A Trilogia

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Já faz um tempo que eu não me divertia tanto com um filme como aconteceu recentemente com Samurai X. No original, Rurouni Kenshin - Meiji Kenkaku Romantan - (Kenshin, o Andarilho - Crônicas de um Espadachim da Era Meiji) é uma série de mangá (nome dado às histórias em quadrinhos japonesas) criado pelo artista Nobuhiro Watsuki e posteriormente adaptado em anime. A série, ambientada nos primeiros anos da Era Meiji no Japão, conta a história de Kenshin Himura um pacifico espadachim que prometeu nunca mais matar, arrependido por seus assassinatos cometidos no passado, à mando do governo.
O mangá foi publicado originalmente na revista japonesa Weekly Shōnen Jump. O trabalho completo rendeu 28 volumes encadernados. No Brasil, começou a ser publicado em maio de 2001 pela Editora JBC em 56 volumes (cada um sendo metade do original tankōbon), mantendo o formato de leitura japonesa. De início mensal, a partir da edição 5 o mangá passou a ser quinzenal até sua conclusão em novembro de 2003. O capítulo especial A Sakabatou de Yahiko foi lançado pela mesma editora em 10 de julho de 2004, durante um evento Anime Friends. A editora também lançou em novembro de 2004, o Kenshin Kaden, uma enciclopédia da série. Em novembro de 2012, a Editora JBC após diversos pedidos de fãs, voltou a publicar o mangá, agora intitulado Rurouni Kenshin - Crônicas da Era Meiji. No ano de 2012 o mangá foi adaptado para um filme em live-action (feito com atores reais), produzido pela Warnes Bros do Japão. 
O filme é uma trilogia e aqui no Brasil não chegou a ser exibido nos cinemas, saindo diretamente em Digital Vídeo Disc e Blu Ray, mas foi apenas recentemente, na Netflix, onde os três longas já estão disponíveis, que pude assistir. Sou suspeito pra falar sobre as coisas das quais sou fã, pois acabo vendo pouco ou nenhum defeito nelas. Sou um dos assíduos leitores que, na época da publicação dos 56 volumes pela Editora JBC, acompanhei a série toda e amei toda a história, não apenas por ser ambientada no Japão antigo, época que me encanta, como também pelas referências históricas e lições de moral e vida, sempre tão presentes nas obras orientais. 
Embora, das três partes somente a terceira seja uma continuação direta da segunda, eu particularmente prefiro ver os três filmes como uma coisa só. O primeiro, chamado apenas de Samurai X, aqui no Brasil, adaptou os dois primeiros arcos do mangá e serviu para nos apresentar os principais personagens, os quais os leitores conhecem tão bem. E embora eu tenha lido em muitas críticas sobre a péssima atuação dos atores e que eles deixaram os personagens caricatos e exagerados demais, não vi nada disso. Acredito que quem não leu o mangá e não conhece a história, realmente pode achar tanto a trama quanto os personagens bem ridículos, mas de minha parte, achei o filme muito nostálgico e divertido, pois há anos não releio a obra e foi bacana assistir a algumas cenas que me fizeram lembrar de como me sentia quando li pela primeira vez.


Samurai X - O Filme, o primeiro dos três, adaptou o arco inicial do mangá e mais a história de Jin-e Udou, o assassino conhecido como Chapéu Negro, antigo conhecido de Kenshin, que, se fazendo passar por ele e usando a alcunha de Battousai, o retalhador, chegou à cidade promovendo um banho de sangue com a intenção de incriminar seu antigo rival. O segundo e terceiro filmes (O inferno de Kyoto e O fim de uma lenda) englobam o arco de Kyoto e o vilão Makoto Shishio, que após ser traído pelo governo que serviu, foi mortalmente ferido por seus antigos aliados, que tentaram queimá-lo vivo. Ele jurou vingança contra o governo e com o passar dos anos, arquitetou seu plano, reunindo aliados para incendiar a cidade de Kyoto e destruir o Japão.


Sinceramente, apesar de bem resumido, por motivos óbvios, achei os filmes bem fiéis ao material original e ver os personagens que tanto gosto, ganhando vida na pele de atores reais foi muito divertido. Comecei a viajar no tempo e a me lembrar de vários trechos legais do mangá, pontos da história os quais eu já tinha me esquecido. A história de cada personagem, sinceramente foi mal desenvolvida e caso você não tenha lido os quadrinhos antes, não vai se identificar com suas personalidades e motivações pessoais, achando-os bem vazios e até bobos. Deduzi que essa trilogia de filmes é melhor aproveitada se você conhecer previamente a trama do mangá, mas não é nada que te impeça de fazer uma boa sessão pipoca sozinho ou com alguém que curta filmes de samurai bem ao estilo dos antigos filmes de Jet Li ou O Tigre e o Dragão, cheios de acrobacias e golpes impossíveis de serem desferidos por humanos normais. Suspensão de descrença é importante para você curtir tudo como se deve. E embora eu saiba que nos filmes tudo é possível, confesso que fiquei bastante espantado com as coreografias das lutas e as acrobacias realizadas pelos atores, principalmente do protagonista, o ator Sato Takeru



Não senti falta dos heróis ou vilões gritando os nomes de seus super golpes o tempo todo, como geralmente acontece nos desenhos japoneses. Isso ajudou o filme a ficar um pouquinho menos "forçado", se é que isso é possível, já que, como já disse, as coreografias das lutas são pra lá de mirabolantes, mas pelo menos aproximou o filme um pouco mais da realidade, onde ninguém fica falando um dicionário enquanto dá uma cambalhota tripla. Os filmes são longos e em alguns momentos tem diálogos um pouco enfadonhos. tanto o segundo quanto o terceiro passam de duas horas de duração e você, caso não conheça o mangá, precisa estar preparado e ter um pouco de paciência, além de esperar algumas situações típicas do cinema oriental, que carrega nas emoções. Rurouni Kenshin em minha opinião foi bem equilibrado, alternando entre momentos mais parados, de muito diálogo e reflexões existenciais e outros ágeis, velozes, no momento das lutas, que são o carro chefe dessa trilogia. Mesmo que você não tenha lido o mangá ou assistido a animação, recomendo a trilogia, que curiosamente conseguiu me cativar bem mais do que eu esperava.


EDUARDO MONTANARI
Virginiano, bauruense, estudante de Design, ilustrador e web designer. Amante de cinema, quadrinhos, boa música e outras nerdices. Sonhando com o namorado ideal.



3 Divagações

  1. Muito bom. Quando a nova coleção estiver concluída me avise para irmos no sebo.

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    1. Pelo que pude constatar, na minha última ida ao centro, a republicação já está na saga do Enishi Yukishiro. Quase no final.

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