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Sobre escaladas, cantadas não correspondidas, Pós-Graduação e cuecas chinesas transparentes apertadas.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021


Finalmente estou melhorando aos poucos depois de passar alguns dias bastante abatido psicologicamente. Já estou acostumado, acontece sempre e eu meio que fui aprendendo a lidar com isso ao meu modo. Como é o caso de muitas pessoas, sou obrigado a administrar os meus problemas emocionais, sozinho na maior parte do tempo, pois apesar de ter alguns amigos, conversar com eles detalhadamente sobre tudo o que me aflige é complicado. Alguns problemas e neuroses são mais simples de externar do que outros. Alguns dos meus beiram a estranheza e eu busco compreensão, não o contrário. 

Escalar o poço sozinho quando você cai no fundo dele é complicado, cansativo e demorado, tudo é mais fácil com ajuda, mas por outro lado, ser obrigado a fazê-lo possibilita que você pense muito enquanto vai galgando seu caminho devagar, reflita sobre os motivos pelos quais você caiu e por que precisa subir de volta. Algumas vezes durante a subida você dá uma escorregada, pisa em falso em alguma pedra lodosa e cai novamente, tipo aquela cena final do filme “O Chamado 2”, não sei se vocês já assistiram, mas como dizem, por mais clichê que seja, quando você tá no fundo as duas únicas opções que você tem é ficar lá ou tentar subir de volta. E todo mundo que curte um bom filme de terror sabe que lá no fundo mora a Samara, então não recomendo.
 
Um dos “sintomas” que me faz perceber que estou conseguindo sair das minhas “crises”, se é que posso chamar assim, pois acho um termo meio forte, é a volta da libido. Não sou nenhum garanhão do pântano, faço sexo a cada 1356561546 anos e mesmo assim é algo bem meia-boca. Além de ser tímido e inseguro, sempre fui mais sentimental do que físico, então “ter pegada”, vamos dizer assim, não é nem de longe um dos meus atributos, mas sou humano até onde eu sei, então sim, tenho meus desejos. Percebo que fico mais ousado, provocador, consigo me expressar melhor, puxar mais assunto e até arriscar uma cantada ou outra em alguém de quem esteja afim. Não que a pessoa corresponda claro, mas vale a tentativa.
 
Como é de costume, geralmente o que me faz cair não são as coisas de momento, do dia-a-dia, mas as coisas do passado, amizades desfeitas, assuntos inacabados, traumas antigos da infância ou da adolescência. Tenho plena consciência de que uma terapia cairia bem. Já fiz por muitos anos e recomendo, sou da opinião de que todos deveriam fazer. Da mesma forma que uma pessoa se torna vegana ou para de fumar e beber pela opção de preservar a saúde, faz exercícios físicos e o caralho a quatro, vejo a terapia não apenas como uma forma de tratamento dos problemas emocionais que todos já temos, mas como prevenção também. E não, não sou vegano, bebo minha cervejinha vez ou outra, não faço exercícios físicos e não vou à terapia. Bom, pelo menos não fumo. Já o fiz por um curto período, pois era apaixonado por um amigo hétero que fumava e queria ser parecido com ele para fazer com que o cara gostasse mais de mim. Ainda bem que não levei isso adiante.
 
Ao que parece vou começar um curso de Pós-Graduação ainda em 2021. Fiz a matrícula no ano passado, mas com a pandemia da mortal doença COVID-19 foi tudo por água abaixo. Há alguns dias, meus colegas de trabalho que também se matricularam, verificaram no sistema da universidade que tudo já está engatilhado para março próximo. Agora, se estou empolgado com a notícia? Nem um pouco! Deveria estar? Deveria, mas não consigo. Durante toda a minha vida a maioria das minhas escolhas foi baseada nas outras pessoas e essa não foi diferente. Sei que possuir uma Pós-Graduação pode melhorar minha vida, me dar a oportunidade de conseguir um emprego melhor, ganhar mais, mas a verdade é que decidi “querer fazer”, para tentar me igualar às outras pessoas às quais me sinto inferior

Às vezes me pego pensando sobre esses encontros de turma que acontecem depois de muitos anos do colégio ou faculdade. Todo mundo bem mais velho, diferente, casado, com filhos, várias experiências de vida, uma boa bagagem acumulada ao longo dos anos. Eu, desde os tempos do colégio continuo morando na mesma casa caindo aos pedaços, lutando pra pagar minhas contas e ajudar com as despesas todo o mês, dormindo no chão da sala há mais de 30 anos. O que eu iria fazer num encontro desses se rolasse de verdade? Com que cara iria encarar meus amigos bem-sucedidos, cheios de diplomas, casados, com filhos, com seus carros e casas-próprias? Se quero me casar e ter filhos? Não, apenas me sinto inferior a todos de qualquer forma. 

Gostaria muito que, até o curso ter início as aulas pudessem voltar presencialmente. Só de pensar em passar o dia todo de sábado trancado numa sala de aula tenho vontade de cortar os pulsos, mas ainda prefiro isso a estudar em casa. Detesto minha casa, detesto minha vida e passar o final de semana numa sala quente, tentando estudar online enquanto minha tia quer ver TV ou fazer faxina é complicado. Não espero que nenhum de vocês entenda. Sendo o curso presencial acho que teria um pouco mais de ânimo para fazê-lo, pelo simples fato de sair de casa e interagir com outras pessoas. Não que eu seja fã do ser humano, mas minha carência me obriga a interagir, mesmo com alguns idiotas. 

De mais a mais é isso. Minha cueca de telinha finalmente chegou da China e eu me pergunto o que há de errado com os chineses: ou eles são gnomos minúsculos, ou eu estou realmente obeso e não quero admitir ou eu realmente sou pintudo, pois comprei tamanho G e minhas bolas estão sendo espremidas como laranjas. O tamanho P deles deve ser da medida de uma meia. 

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